Subsídio ao transporte público nos EUA é maior do que em São Paulo, diz BBC

Do Jornal GGN Nos Estados Unidos, país com um dos maiores índices de uso de transporte privado, os usuários de transporte público pagam menor proporção de tarifa do que os usuários de São Paulo, informa a BBC Brasil. Isso acontece poque o subsídio oferecido pelo governo norte-americano é bem maior, em proporção aos custos: enquanto, na média, o usuário norte-americano desembolsa cerca de 33% dos custos do sistema, em São Paulo ele arca com 70%. A comparação é um dado importante para responder à questão levantada pelos protestos recentes: se o transporte público no Brasil é tão caro para o usuário e de qualidade tão ruim,, isso não se deveria a uma decisão política que privilegia o carro particular e os interesses dos empresários do setor, e não o direito dos cidadãos a um sistema confortável e eficiente?  Leia a seguir a matéria:   

‘Meca’ do carro, EUA subsidiam mais o transporte público que SP

Pablo Uchoa
Da BBC Brasil em Washington

 

Em entrevista coletiva, o prefeito da cidade, Fernando Haddad, disse que os usuários paulistanos arcam com o equivalente a 70% dos custos do sistema, sendo o restante dividido entre poder público (20%) e empresários (10%).

Segundo a Associação de Transporte Público dos EUA (APTA, na sigla em inglês), no país que é a “Meca” do transporte privado os usuários desembolsaram em média pouco menos de 33% dos custos operacionais em 2011. O restante do dinheiro veio principalmente dos cofres públicos.

Os dados alimentam o debate sobre as formas de diminuir o valor das tarifas pago pelos usuários na maior metrópole brasileira, uma reivindicação do chamado Movimento Passe Livre que deu início às manifestações.

Subsidiar ou não subsidiar

Depois dos protestos de segunda-feira, o prefeito de São Paulo admitiu pela primeira vez rever o valor da tarifa para tentar reverter o reajuste de R$ 3 para R$ 3,20.

Isso poderia ser feito, indicou o chefe do executivo paulistano, optando-se por elevar o percentual do subsídio governamental ou reduzir o lucro das empresas que operam o sistema.

O prefeito indicou que a escolha poderia resultar em menos investimentos públicos em outras áreas que também necessitam de dinheiro.

“Se as pessoas me ajudarem a tomar uma decisão nessa direção [redução da tarifa], eu vou me subordinar à vontade das pessoas porque eu sou prefeito da cidade, para fazer o que a cidade quer que eu faça”, afirmou.

Além disso, as propostas podem soar impopulares para quem não usa a rede pública de transporte e não pretende elevar os subsídios para este setor.

“Mas não podemos esquecer que os cidadãos também estão subsidiando cada carro que usa a via pública”, disse à BBC Brasil uma porta-voz da APTA, Virginia Miller.

Carro x transporte público

Os automóveis privados consomem recursos públicos destinados, por exemplo, à construção e reparo de vias públicas, ao manejo do tráfego e à contenção dos níveis de poluição urbana.

Nos EUA, são gastos cerca de US$ 90 bilhões por ano na construção de estradas, pontes, rodovias rurais e transporte de superfície, disse à BBC Brasil a associação dos departamentos de transporte das unidades federativas americanas, AASHTO.

Grande parte desse valor é bancado por impostos sobre a gasolina, pneus, a venda de caminhões e outras fontes. Entretanto, o sistema não é autossustentado, admite a associação, porque o crescimento das receitas não acompanha o ritmo dos gastos.

Desde 2008 os contribuintes americanos viram US$ 35 bilhões que poderiam ser destinados para outras finalidades serem transferidos para as rodovias.

No debate de quais devem ser as prioridades do gasto público, existem propostas como um imposto sobre veículos proporcional à quilometragem dos carros, o aumento no número de pedágios e mais parcerias público-privadas.

 

Redação

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