A estratégia gaúcha de atração de indústrias do setor naval

Empresas do Rio Grande do Sul tem R$ 9,7 bilhões em encomendas da Petrobras, nas áreas de sonda e perfuração

Por Lilian Milena, Do Brasilianas.org

A indústria naval no estado do Rio Grande do Sul renasceu com o aumento de encomendas da Petrobras para atender as demandas de exploração de gás e petróleo nos campos do pré-sal. Em 2005, as atividades recomeçaram do zero na região que já chegou a liderar esse setor industrial no país, durante os anos 1970.

O renascimento se deu por conta das encomendas das novas demandas na área de gás e petróleo, decorrentes da descoberta do pré-sal. Segundo Marco Aurélio Franceschi, Diretor de Infraestrutura e Energia da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDPI), as empresas do Rio Grande do Sul tem hoje um total de encomendas que somam R$ 9,7 bilhões, ou 35,8% dos pedidos da Petrobras no Brasil, nas áreas de sondas e perfuração. O setor emprega atualmente no estado cerca de 18.500 pessoas, destacou Franceschi, que participou da abertura do 40º Fórum de Debates Brasilianas.org, realizado em Porto Alegre.

Para que o estado retomasse as atividades da indústria naval e offshore o governo do RS criou o Programa de Estruturação, Investimento e Pesquisa em Gás Natural, Petróleo e Indústria Naval do Rio Grande do Sul, coordenado pela Secretaria do Desenvolvimento e Promoção de Investimentos (SDPI).

Franceschi explicou que dentro do projeto foi criada a Sala do Investidor. “A empresa preenche um questionário dizendo tudo de que precisa para se instalar no Rio Grande [do Sul], seja área, subsídios, empréstimos, licenciamento ambiental. Enfim, expondo todas as necessidades. Em seguida fazemos uma reunião com todos os atores envolvidos nesse processo, empresa, secretarias, órgãos estaduais e municipais e, após esse encontro, elegemos um agente do governo que acompanhará a empresa em todo o seu processo de instalação no estado, do início ao fim”, completou.

Dessa forma é criada uma porta única de comunicação entre o empresário, governo e prefeitura, reduzindo os trâmites burocráticos da instalação da empresa, já que ela passa a não ter mais a necessidade de bater de porta em porta para regularizar escritura, recorrer a financiamentos, e assim por diante.

A indústria naval no RS está se concentrando em três polos: Rio Grande, Charqueadas e Porto Alegre. O estado tem incentivado a ocupação de áreas próximas à malha hidroviária das bacias Litorânea e do Guaíba, “facilitando assim a logística”, pontuou Franceschi.

O governo local também tem incentivado mudanças de paradigmas entre as empresas já instaladas no estado. Um dos exemplos citados pelo porta-voz do AGDPI é da empresa Koch Metalúrgica, que fechou um consórcio com a Palfinger Dreggen para entregar 28 guindastes à Semcorp, subsidiária Brasileira da Jurong Offshore Pte Ltd. Franceschi contou que é a primeira vez que a Koch se aventura na construção de guindastes.

Outro exemplo dado foi da fabricante de móveis SCA que entrou na indústria offshore para construção de módulos para acomodação em plataformas, em parceria com a sul-coreana STACO.

Franceschi admitiu que muitos materiais que são utilizados no RS para atender a indústria naval e offshore são importados pelo estado e que, portanto, existe um longo caminho até trazer para dentro do território mais empresas que completem a cadeia do setor.

Recentemente o governo da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento fechou parceria com a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fergs) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) para criar um mapa de competências na cadeia de suprimentos de óleo e gás do estado. O objetivo é entregar o estudo pronto até dezembro deste ano.


Marco Aurélio Franceschi

Estratégia comercial

O governo federal e do Rio Grade do Sul estão nos últimos estágios de um acordo que prevê investimentos de R$ 400 milhões nas hidrovias do estado.

Segundo o porta-voz da Secretaria dos Portos do RS, Pedro Obelar, o estado ocupa uma posição estratégica no sistema hidroviário nacional, com uma rede de extensão de cerca de 300 quilômetros de rios, ligada ao Oceano Atlântico.

Os recursos responsáveis pela revitalização da indústria naval no Rio Grande do Sul também estão sendo alocada em áreas próximas as redes hidroviárias. Ele pontuou, ainda, que o atual desafio do governo local é trazer todos os componentes da produção naval para dentro do estado.

“Esperamos com isso, com a revitalização do transporte marítimo, induzir outras atividades comerciais importantes para a economia do estado, criando rotas alternativas de deslocamento”, concluiu.


Pedro Obelar

Para acessar a apresentação de Marco Aurélio Franceschi, clique aqui.

Luis Nassif

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