A fábrica de multas de Kassab

Por Ricardo M

Nassif, o prefeito quer reduzir a velocidade máxima nas ruas com o objetivo de diminuir o número de mortos no trânsito. Trata-se de mal disfarçada forma de aumento de arrecadação com multas, que terá o agravante de aumentar o congestionamento em São Paulo. Kassab, que tal tapar buracos, melhorar a sinalização, fazer com que semáforos funcionem sob garoa ou chuva, pintar faixas nas vias, e parar de desviar para obras viárias a grana que seria destinada ao combate de enchentes?

Segue artigo do jornalista automobilístico Bob Sharp: 

AMPLIAÇÃO DA FÁBRICA 

Postado por Bob Sharp

A notícia ontem explodiu feito bomba. A Secretaria Municipal de Transportes da Prefeitura do Município de São Paulo anunciou plano de reduzir a velocidade máxima de avenidas importantes. Segundo o divulgado nos principais jornais, a Prefeitura quer padronização para reduzir acidentes. Mas sabemos que o objetivo é bem outro, é ampliar a fábrica…de multas.

OsecO secretário de Transportes proferiu o besteirol “O foco principal é que as pessoas saibam de forma mais intuitiva quais são as velocidades permitidas na cidade. E, portanto, respeitem os limites de forma mais intuitiva e não apenas dependendo da sinalização do local”. A “intuição” vai fazer um grande bem para o caixa da Prefeitura, já que é justamente a intuição que norteia os motoristas dos países ditos avançados a adotarem determinada velocidade. O incompetente secretário parece desconhecer que toda via tem sua velocidade natural.

Se até agora era um horror ter de ficar atento ao velocímetro para não ser “tungado” pela Prefeitura, imagine-se agora.

O secretário deve achar também o trânsito da capital paulista é maravilhoso, não há engarrafamentos diuturnos e reduzir a vazão de tráfego não vai mudar nada nesse aspecto. Tudo continuará às mil maravilhas…

Os paulistanos e quem é de fora perceberam como o trânsito de 2/3 do eixo norte-sul – avenidas 23 de Maio e Rubem Berta – piorou e muito com a redução de 80 para 70 km/h.

O besteirol oficial prossegue: “Além de padronizar e melhorar o posicionamento dos motoristas em cada via, a secretaria afirma que a redução no limite de velocidade diminui o risco de acidentes e a gravidade quando eles acontecem”. Posicionamento?? O que será que velocidade tem a ver com posicionamento? E pela “brilhante” ótica de que baixar velocidade reduz o risco de acidentes, baixemos o limite nas rodovias do país para 80 km/h  — e baixe-se lei proibindo brasileiros de dirigir nas Autobahnen. Afinal, o negócio deles é ferrar o cidadão, não é?

Na nota oficial, a secretaria diz que os especialistas de tráfego elogiam a medida e não acreditam que os congestionamentos possam aumentar com os veículos trafegando a uma velocidade menor e citam a opinião de um “especialista”, engenheiro de tráfego e mestre em transportes  pela Universidade de São Paulo: “Os maiores fluxos de veículo são justamente quando os carros estão mais devagar e mais perto um do outro”…É a própria versão hodierna da velha piada do professor que provou que a aranha ouvia pelas patas, pois ao cortá-las todas o aracnídeo não atendia mais ao chamado do mestre…

Será que este e outros especialistas nunca viram que em trecho subida o tráfego congestiona justamente por ter motorista (vários motoristas) que esquecem de abrir mais o acelerador para obter mais potência e  assim manter velocidade? Que depois do topo o tráfego passa a fluir normalmente?

O raciocínio do tal “especialista” é que – pasmem – os veículos precisam reservar um espaço maior quando estão em alta velocidade (meu grifo) e que um ritmo mais lento permite maior proximidade. E acrescenta que “Além disso, não há razão para que se trafegue a uma velocidade maior que 60 km/h em uma via arterial, com semáforo”.

Mas essa o leitor vai espumar que nem cão com hidrofobia. Diz a nota que “as velocidades praticadas pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) não seguiam as indicadas no Código de Trânsito Brasileiro. Esta legislação prevê 80 km/h nas vias de trânsito rápido (com as Marginais do Tietê e do Pinheiros), 60 km/h nas vias arteriais (como a av Paulista), 40 km/h nas vias coletoras (Alameda Santos) e 30 km/h (ruas de bairro sem farol).

Pensando a conhecida exclamação chula que não devo dizer aqui, mas dá vontade: as tais velocidades indicadas no Código de Trânsito Brasileiro referem-se ao § 1° do Art. 61: “Onde não existir sinalização regulamentadora, a velocidade máxima será de….” e aí são as citadas logo acima. Mas o § 2° do mesmo Art.  61 diz:: “O órgão ou entidade de trânsito ou rodoviário com cirscunscrição sobre a via poderá regulamentar, por meio de sinalização, velocidades superiores ou inferiores àquelas estabelecidas no parágrafo anterior”.

Ou seja, a Secretaria Municipal de Transportes de São Paulo ou desconhece o Código que rege o trânsito no Brasil, o que é inconcebível, ou, pior, mentiu.

Como se vê, estamos na mão de gente incompetente para exercer uma função de máxima importância nos grandes centros urbanos chamada trânsito.

Agora, falam em “padronização, não falam? E como ficará ela com as lombadas físicas e eletrônicas? Cadê? Como o leitor vê, é expressão máxima da palhaçada misturada com incompetência e irresponsabilidade.

Esssas figuras que tomam conta do trânsito da capital paulista deviam ir à cidade do Rio de Jameiro e anotar os limites de velocidade de lá, estabelecidos por pessoas que usam a cabeça além de enfeite para o pescoço. Num túnel estreito como o Zuzu Angel, na Gávea, duas faixas sem acostamento, o limite é 90 km/h. Precisa dizer mais alguma coisa?

Ou dar um pulo à Buenos Aires e observer o limite das estradas à volta da cidade: 130 km/h

Só gostaria de saber qual é a previsão orçamentária da Prefeitura de São Paulo para 2011 com a arrecadação de multas de trânsito! Sim, caro leitor, não estou imaginando coisas, tal previsão orçamentária existe!

Essa novidade de baixar os limites de velocidade é dar nojo.

Luis Nassif

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