Superlotação expulsa idosos do Metrô

Por MiriamL


Folha

Passageiros idosos fogem de metrô superlotado

Em 2010, foram 3,2 milhões menos usuários com mais de 65 anos do que em 2005

Queda no período foi de 11%, mas número de passageiros subiu 47%; superlotação hoje dura mais, dizem técnicos

Juca Varella/Folhapress
  

Maria Alves, 69, que já desistiu do metrô devido à lotação

ALENCAR IZIDORO
DE SÃO PAULO

Ao esperar mais de 40 minutos na estação Sé para conseguir entrar em um vagão, a aposentada Maria do Socorro Alves, 69, lembra como já chegou até mesmo a desistir de compromissos no Conselho Municipal do Idoso devido à superlotação do metrô.
“Dizem que tenho a preferencial. Mas, se não me cuidar, me derrubam no chão.” Também não é à toa que Jaciro Marçaioli, 66, há três anos “opta” pelo táxi para suas consultas médicas de rotina em horários de pico. 
“Antes das 9h e depois das 17h é impossível”, afirma. 
Os relatos podem ser pistas para explicar a queda, nos últimos cinco anos, da participação de idosos no total de passageiros do metrô -e nos ônibus municipais. 
No metrô, os idosos registrados oficialmente no ano passado foram 3,2 milhões menos do que em 2005 -28,6 milhões contra 25,4 milhões. 
Trata-se de uma redução de 11% -num período em que a quantidade total de passageiros subiu 47%. 
Os dados são baseados no bilhete que permite ao idoso passar pela catraca sem pagar -modo predominante para ter a isenção da tarifa. 
O governo relativiza os números, pois quem tem 65 anos ou mais pode entrar de graça no metrô apresentando o RG, assim como policiais e oficiais de Justiça. 
Embora esses registros tenham subido acima da média, não se sabe quantos deles são idosos. O Metrô também não tem ideia do que poderia levar mais gente a migrar do bilhete para a inspeção trabalhosa na catraca. 
Mesmo se essa hipótese estiver correta e for levada ao extremo, significaria que perto de 7% das entradas no metrô eram de idosos em 2005, contra menos de 5% em 2010. Ou seja, eles estão mais presentes na cidade, mas não aderem ao transporte coletivo como os demais.

PICOS
Nos ônibus municipais, a demanda de passageiros saltou 10%, já a de idosos baixou 1% -1,2 milhão a menos em 2010 em relação a 2005. 
Dentre as possibilidades para a redução, está a superlotação, que no metrô passa de 8 por m2 no rush. E também a migração para os carros -como cogita o engenheiro Jaime Waisman, 66. 
Por terem horários flexíveis, os idosos sempre evitaram os picos. O problema, diz Horácio Augusto Figueira, 59, mestre em engenharia pela USP, é que a superlotação hoje dura mais. “A frota, reduzida fora do pico, precisaria ser total ao longo do dia.”

Colaborou JUCA VARELLA

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2606201101.htm

Luis Nassif

1 Comentário

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  1. Vagões do Metrô, Trens suburbanos e Monotrilho têm cada vez meno

    Vagões do Metrô, Trens suburbanos e Monotrilho têm cada vez menos assentos.

    Está cada vez mais difícil viajar sentado nos trens no Rio e em São Paulo. E isso não é só por causa da crescente superlotação do sistema. Dados obtidos por meio da Lei de Acesso a Informação, mostram que os veículos das frotas modernizadas e as composições novas têm sido entregues com cerca de 100 assentos a menos do que os equipamentos antigos.

     Esta foi á solução encontrada pelos dirigentes para se aumentar a capacidade do sistema. Nos anos 1980 – segunda década de funcionamento das linhas da companhia, as composições da frota “C” da Linha 3-Vermelha possuíam 368 bancos. Algumas destas ainda rodam naquele ramal. No fim do decênio seguinte, os trens recém-adquiridos para a Linha 2-Verde passaram a apresentar 274 assentos, em um lote que recebeu o batismo de frota ”E”.

    Atualmente, a quantidade de vagas para os passageiros se acomodarem caiu ainda mais. Por exemplo, quem andar em um veículo da frota “K”, modernizada nos últimos três anos, terá de disputar um dos 264 lugares disponíveis. Chama a atenção o fato de que esses trens, antes de serem reformados e rebatizados, pertenciam à antiga frota “C” com 368. Ou seja, possuíam 104 assentos a mais, com os mesmos comprimentos e larguras dos vagões redefinidos, sendo que as vagas do Monotrilho Linha 15-Prata em testes, não passam de 120, a menor de todos.

    Embora o Metrô, não admita oficialmente, a redução dos bancos em seus trens tem o objetivo de permitir a acomodação de um número maior de pessoas em pé, desafogando mais rápido as plataformas superlotadas das estações durante os horários de pico.

    A superlotação também é uma consequência de sucessivas obras atrasadas, projetos equivocados e prioridades invertidas, e os novos trens são produto de compra, e não de demonstração de capacidade gerencial da empresa que não seja a de comprar. Estações são reformadas, e mesmo refeitas, mas nelas nada se vê de inovador – nem na arquitetura (que já foi melhor), e nem na funcionalidade.

     CONCLUSÃO;

    “PARA O METRÔ E CPTM, MODERNIZAR E AMPLIAR CAPACIDADE SÃO SINÔNIMOS DE SUBTRAIR ASSENTOS”.

    É o que se pode deduzir pelas atitudes.

    Assim como já acontece aqui e no mundo com os ônibus e aviões, o Brasil precisa conhecer e implantar o sistema “double decker” dois andares para  trens.

     ANÁLISE TÉCNICA;

     As prioridades nunca têm levado em consideração o conforto dos usuários. “Como tudo é dimensionado só para atender à demanda no horário de pico, ninguém depois muda o arranjo e acrescenta mais assentos nos trens”.

     Proponho um sistema de Trens de dois andares com altíssima capacidade de demanda 60% maior que os atuais em apoio à Linha 11-Coral da CPTM, para aliviá-la nos horários de ponta. “Esses trens “double decker” utilizariam a mesma  linha  e na mesma frequência, maioria dos passageiros viajariam sentados.”

     É prioritário e fundamental para implantação das composições de dois andares até a Barra Funda, reformar e ampliar as Estações da Mooca e Água Branca, readequar a Júlio Prestes e construir a do Bom Retiro (que englobariam as seis linhas existentes além dos futuros trens regionais). Tal atitude beneficiaria “todas” as linhas metrô- ferroviárias, e descentralizaria e descongestionaria a Luz.

     Seria uma decisão sensata, racional, e correta porque falar em conforto para uns e outros irem esmagados não tem o menor sentido. Além de se evitar um risco maior, seria uma forma de aliviar este “processo crônico de sardinha em lata”.

    IDOSOS

     A Linha 5-Lilás, na zona sul, foi inaugurada em 2002 com trens de 272 lugares. A futura frota que será comprada para circular no ramal, que está sendo expandido para receber mais passageiros, registrará, em cada composição, 236 bancos, a menor quantidade entre todos os veículos do Metrô, com exceção do Monotrilho que tem 120.

    Além do natural envelhecimento da população – segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pessoas com mais de 65 anos de idade no país saltarão de 14,9 milhões em 2013 para 58,4 milhões em 2060 -, o governo Alckmin (PSDB) aprovou uma lei, no fim de 2013, que diminui de 65 para 60 anos a idade mínima para homens andarem de graça no metrô e na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), o que deve atrair ainda mais passageiros desse perfil.

     Sem fornecer números, a assessoria de imprensa do Metrô informou que a quantidade de assentos preferenciais nos trens novos e modernizados “É superior ao mínimo estabelecido pela lei”. Os dados oficiais indicam que os trens do Metrô carregam, no máximo, até 2 mil passageiros.

    No caso dos  trens da Linha 5, na lotação de 6 pessoas por m² (Limite máximo mundialmente recomendado), a capacidade será de 1,5 mil usuários. Já na superlotação de 8 pessoas por m², são 1,9 mil.

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