As emendas da assessora de Serys Slhessarenko

As explicações da assessora – de que não é filiada ao PT, já trabalhou com senadores de outros partidos e recebeu emendas de parlamentares do PSDB também (no pé da matéria) – só aparecem na edição fechada do jornal. No portal, não há como acessar.

Assessora de petista leva R$ 4,7 milhões – brasil – Estadao.com.br

Assessora de petista leva R$ 4,7 milhões

Presidente do Ipam, Liane Muhlenberg trabalha com a senadora Serys Slhessarenko; em declaração, ela nega o vínculo com o Senado

13 de dezembro de 2010 | 0h 00
  • Leandro Colon e Fábio Graner – O Estado de S.Paulo

Uma entidade em nome de uma assessora da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), que assumiu semana passada a relatoria do Orçamento de 2011, conseguiu R$ 4,7 milhões em convênios com o governo sem precisar de licitação. No processo para aprovar a liberação do dinheiro, a assessora assinou uma declaração falsa de que não trabalha no Senado.

O dinheiro, oriundo de emendas de parlamentares do PT, é destinado a shows e eventos culturais. A entidade é o Instituto de Pesquisa e Ação Modular (Ipam), presidido por Liane Maria Muhlenberg, que trabalha no Senado desde 2007. No dia 9 de agosto deste ano ela foi transferida do gabinete de Serys para a segunda-vice presidência do Senado, dirigida pela petista.

O Estado analisou nove convênios da entidade com o governo. Liane entregou aos Ministérios do Turismo e da Cultura uma declaração, com data de 2 de março de 2010, em que afirma que os dirigentes do Ipam, incluindo ela, “não são membros dos Poderes Executivo, Legislativo”. Em entrevista concedida ontem ao Estado, Liane admitiu que assinou o documento com a falsa informação. “Foi uma irresponsabilidade minha. Uma desatenção, um equívoco”, disse.

Ela afirmou ainda que ontem enviou, por e-mail, um pedido de demissão do cargo à senadora Serys. Embora seja lotada na segunda vice-presidência do Senado, Liane disse que cumpre expediente no gabinete pessoal da senadora petista.

A senadora Serys assumiu na semana passada a relatoria do projeto de lei do Orçamento de 2011. Foi escolhida em razão da renúncia do ex-relator Gim Argello (PTB-DF), que entregou a função depois de uma série de reportagens do Estado mostrando ligações de emendas orçamentárias dele com institutos fantasmas e empresas em nome de laranjas.

Antes de Serys, o governo havia indicado Ideli Salvatti (PT-SC), que abriu mão do cargo depois de ser escolhida ministra da Pesca pela presidente eleita Dilma Rousseff.

Agora, o governo vai precisar administrar o desgaste de ter o segundo relator seguido do Orçamento envolvido com o mesmo tipo de problema.

A entidade da assessora de Serys recebeu no ano passado R$ 900 mil dos cofres públicos. Para 2010, já foi liberado R$ 1,5 milhão. Outros R$ 2,3 milhões estão empenhados, ou seja, garantidos pelo governo ao Ipam para exercício de 2010. Esses convênios são fechados para a realização de eventos culturais e turísticos, sem necessidade de concorrência pública.

Vantagens. Como assessora de uma senadora do PT, a presidente do Ipam beneficiou-se de emendas de integrantes do partido, entre eles os deputados Jilmar Tatto (SP), Geraldo Magela (DF) e Paulo Rocha (PA). A senadora Fátima Cleide (RO), o ex-senador João Pedro (AM) e o deputado Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), recém-eleito senador, também destinaram recursos do Orçamento para o Ipam.

A entidade recebeu dinheiro do governo para realizar eventos sobre os 50 anos de Brasília e feiras de paisagismo em vários Estados, entre outros projetos beneficiados. Pelo menos R$ 1,5 milhão, empenhado na última sexta-feira, será destinado à entidade para repasse ao projeto Ilha de Marajó: A Revolta da Ave Caruana, dirigido por Tizuka Yamasaki.

O envolvimento da assessora da senadora Serys com entidade e emendas parlamentares é mais um capítulo na farra no esquema montado por institutos com o dinheiro público. Na sexta-feira, a reportagem mostrou que uma entidade fantasma, o Inbrasil, usou uma carta com a assinatura do ministro das Relações Institucionais Alexandre Padilha para conseguir a liberação de dois convênios no valor de R$ 3,1 milhões.

O ministro nega a autoria da assinatura e pediu uma investigação da Polícia Federal. Uma ex-assessora de Padilha, Crisley Lins, contou ao Estado que recebeu o documento do gabinete do ministro e que pediu ao próprio Padilha um favor ao instituto. O Ministério do Turismo decidiu suspender os convênios.                 

‘Eu trabalho com verba pública e faço prestação de tudo”, diz Liane – brasil – Estadao.com.br

 

”Eu trabalho com verba pública e faço prestação de tudo”, diz Liane

Segundo assessora de Serys, parecer do Senado permite que servidor da Casa possa trabalhar também em alguma ONG

13 de dezembro de 2010 | 0h 00

Leandro Colon e Fábio Graner – O Estado de S.Paulo

A presidente do Instituto de Pesquisa Ação e Mobilização (Ipam), Liane Muhlenberg, afirmou que um parecer da procuradoria do Senado deixa claro que não existe empecilho legal para que um servidor da Casa também trabalhe em organização não governamental. Foi taxativa ao dizer que os contratos do Ipam são feitos e executados com correção. O Estado procurou ontem a senadora, mas não houve retorno até o fechamento desta edição.

“Garanto a lisura de todos os contratos. Trabalho com verbas públicas. E faço prestação de contas de tudo”, disse Muhlenberg ao Estado, destacando que coloca os contratos de convênios no blog do Ipam (http://ipam-df.blogspot.com).

Ela negou ter qualquer vinculação, formal ou informal, com o PT, disse que já trabalhou com parlamentar do PSDB – segundo ela, o senador Siqueira Campos (TO) -, e lembrou que o Ipam já executou projetos que foram objeto de emendas do deputado Rodrigo Rollemberg (PSB-DF). “Sou altamente especializada na área de comunicação, por isso consigo trabalho”, disse, informando ser graduada em jornalismo e especialista em “mobilização social”.

A presidente do Ipam disse que não foi indicada por petistas para trabalhar com a senadora Serys Slhesarenko e que foi procurar por conta própria este emprego, no qual trabalhava cerca de seis horas por dia. Disse que escolheu Serys pelo seu perfil..

Liane também atribui à afinidade de perfil a escolha dos deputados que o Ipam procurou para oferecer seus serviços na implementação dos projetos. “Faço o contato com o parlamentar pelo perfil de atuação dele”, disse. Segundo ela, o fato de os trabalhos do Ipam se concentrarem em dois parlamentares é porque o serviço tem sido bem feito. “Eu executo bem, sou uma organização correta, porque não vão fazer comigo?”, ponderou.

Ela disse que não repassa recursos para parlamentares cujas emendas geraram contratos com o Instituto.

“Não topo nada disso. Gosto de andar de cabeça erguida”, disse Liane. Como presidente do Ipam, ela afirmou que não recebe salário do instituto e que sua renda vem do emprego no Senado, do qual pediu demissão, e de consultorias prestadas.                 

 


Luis Nassif

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