Dilma fala de medidas impopulares, longe da Lava Jato

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Com o objetivo de apaziguar as insatisfações com os ajustes econômicos, a redação do discurso da presidente entrou em contradições
 
 
Jornal GGN – O discurso da presidente Dilma Rousseff, neste domingo de Dia Internacional da Mulher (08), tinha o objetivo de apaziguar as insatisfações com os ajustes econômicos, defendendo e explicando a necessidade de tais medidas para a economia brasileira. Entretanto, o efeito não foi o esperado. Em 15 minutos, a presidente precisou abordar as iniciativas impopulares e aproveitou para anunciar outras que serão tomadas em favor dos direitos sociais. Entrou em contradições.
 
No início do discurso transmitido pelo rádio e televisão, Dilma esclareceu: “o Brasil passa por um momento diferente do que vivemos nos últimos anos. Mas nem de longe está vivendo uma crise nas dimensões que dizem alguns”, e lembrou que as informações divulgadas pela imprensa e que são disseminadas pelo país “precisam ser completadas por dados que nem sempre estão ao alcance de todas e de todos”.
 
Sabendo da impopularidade dos ajustes fiscais, Dilma foi objetiva: “estamos na segunda etapa do combate à mais grave crise internacional desde a grande depressão de 1929. E, nesta segunda etapa, estamos tendo que usar armas diferentes e mais duras daquelas que usamos no primeiro momento”.
 
Entretanto, escorregou ao insistir que os direitos trabalhistas serão mantidos, tendo em vista a insatisfação dos principais movimentos sociais e sindicatos com a Medida Provisória publicada no final do ano passado, que torna mais rigorosos  acesso a benefícios como seguro-desemprego, abono salarial, pensão por morte e auxílio-doença. 
 
Ao explicar de que forma os ajustes na economia estão sendo feitos, a presidente afirmou: “queremos e sabemos como fazer isso, distribuindo os esforços de maneira justa e suportável para todos. Como sempre, protegendo de forma especial as classes trabalhadoras, as classes médias e os setores mais vulneráveis”.
 
Ao resumir os principais pontos da fala, Dilma destacou que “o esforço fiscal não é um fim em si mesmo. É apenas a travessia para um tempo melhor, que vai chegar rápido e de forma ainda mais duradoura”, que as medidas visam o crescimento econômico do país e que “durante o tempo que elas durarem, o país não vai parar. Ao contrário, vamos continuar trabalhando, produzindo, investindo e melhorando”.
 
Mais uma vez, frisou que o governo não vai “trair” seus “compromissos com os trabalhadores e com a classe média, nem deixar que desapareçam suas conquistas e seus direitos”. O tema soou destoante dos ajustes citados segundos antes.
 
Ao final do discurso, Dilma Roussef falou em “medidas concretas e corajosas” e pediu ajuda da sociedade para “juntos, melhorar o Brasil”. Após citar os ajustes que afetarão a economia, a presidente anunciou que sancionará a Lei do Feminicídio, que transforma em crime hediondo o assassinato de mulheres decorrente de violência doméstica ou de discriminação de gênero. 
 
Sem citar as investigações que tiveram início no Supremo Tribunal Federal, sobre o envolvimento de políticos no esquema de corrupção da Petrobras – e que colocaram sob a mira o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) -, ao contrário de utilizar o momento para dar o tom no comando e compromisso do governo com essas investigações, a presidente ressaltou a importância do papel do Congresso.
 
“Tenho certeza que [a tarefa de adotar as medidas] contará com a participação decisiva do Congresso Nacional, que sempre cumpriu com seu papel histórico nos momentos em que o Brasil precisou”, disse Dilma.
 
Assista à integra do discurso, enviado pelo colaborador Galvão, abaixo:
 
https://www.youtube.com/watch?v=5kxxxoVeOwg&feature=youtu.be width:700 height:394
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

29 Comentários

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  1. Façam as contas

    Se foi contraditório com o próprio pronunciamento, façam as contas das contradições com o discurso de campanha, onde não havia crise, não havia necessidade de ajuste fiscal e viviamos em um país quase perfeito (que só precisa continuar mudando mais para chegar a perfeição).

  2. Panelaço via internet

    Uai, aqui na minha cidade em MG, que não é BH,  nem parecia que se estava ouvindo um pronunciamento da Presidenta…

    Precisei receber um telefonema de SP, com uma amiga que se desesperava com o acender e apagar de luzes no Morumbi, e o bater de panelas.

    Acalmei-a porque aqui no interior não houve a menor demonstração de resposta a Face e twitter.

  3. Uma coisa por vez…..

    Para quê existe o porta-voz?

    O Governo não se faz comunicar e quer abordar todos os assuntos em um único pronunciamento?

    Só bastava parabenizar e mostrar as iniciativas relativas ao dia comemorativo.

    Outros assuntos, precisam ser tratados no dia-a-dia, na medida dos acontecimentos e antecipando-se à deturpação da mídia golpista.

    Convoca o Berzoini para repercutir…….

    Força, Dilma!

  4. CartaCapital dá sinal de que está parando de apoiar o governo

    Maringoni na CartaCapital:

    […] A inutilidade porque Dilma Rousseff e seu partido aparentam ter perdido o comando da administração em quase todas as suas esferas importantes.

    Frise-se: não sofreram golpe algum. Entregaram o poder por livre e espontânea vontade.

    inferno econômico que o País enfrenta é opção feita pela mandatária já em seu primeiro mandato.

  5. Paulista não é fácil, só

    Paulista não é fácil, só pensa em revolução. Não basta a que perderam em 32? Agora estão se achando  e se isso acontecer de novo vai ser uma vergonha. Ainda bem que eu sou carioca. Adorei o discurso da Dilma.

  6. Como a turminha não quer

    Como a turminha não quer consentir com a crítica do texto que é até leve, comenta sobre a reação de muitos ao discurso, o que apenas e tão somente comprova a queda de popularidade.

    o outro cita o morumbi. No ideário esquerdista, o bairro é dos ricos, mas ignora a enorme favela ali exisente. Uma amiga se desesperava e ligou para alguém do interior de Minas. ..tá certo.

    Um passeio na internet demonstra que  a coisa não foi de meia dúzia Nem de Paulistas ricos.

    Quanto ao pronunciamento,  salvo engano o estado tem direito a cadeia de televisão sempre que achar necessário e não só nesses dias comemorativos. 

    O problema do governo é o tempo de resposta. Ele é ótimo para fazer propaganda e péssimo para explicar. Como ela pode dizer que não toca nos direitos sagrados e o sindicalismo está nas ruas contra as medidas provisórias? Porque não explicar que a medida visa dar uma folga ao fat que está com deficit bilionário coberto pelo tesouro? 

    O aumento na fatura não eh só por causa da seca que levou ao uso das termoeletricas, até porque as bandeiras tarifárias em vigor já prevêm  isso, mas para cobrir os empréstimos bilionários que foram feitos e continuam sendo feitos para socorrer as geradoras e distribuidoras por conta dos efeitos da diminuição de tarifas a canetada.

    A considerar que o discurso começou criticando a imprensa que confunde, o discurso pecou pela falta de explicações.

     

  7. Ganhar no Tapetão, Virada de

    Ganhar no Tapetão, Virada de Mesa, ganhar no Grito!

    NEM PENSAR!

    Para colocar quem?

    Um quase indiciado do Janot?

    Que não o fêz por pura comiseração em desrespeito a SOCIEDADE LÚCIDA!

    Sou esquerda, por acreditar na HUMANIDADE!

    E só haverá HUNAMIDADE se todos forem EDUCADOS, TIVEREM CHANCES E VALORES PELOS QUAIS POSSAMOS ACREDITAR NESTA HUMANIDADE!

    Qualquer um de nós quando adoece busca um remédio!

    O remédio é fruto do conhecimento e conhecimento é DIFERENCIAÇÃO, é ESFORÇO!

    Pode berrar e bater na panela à vontade!

    Quanto mais gritar, MENOS VALOR!

    TAPETÃO NEM PENSAR!

  8. Decepcionante

    O discurso foi decepcionante, ainda mais num momento de desconfiança no gov. e, em especial, na própria presidenta. Nem uma frasezinha para tentar levantar o moral do povo, apontar para medidas concretas, palpáveis. Uma lástima de cabo a rabo. Particularmente patético este ponto da fala: as informações divulgadas pela imprensa “precisam ser completadas por dados que nem sempre estão ao alcance de todas e de todos”. Quem vai fazer isso? O papa Francisco? Cadê o esquema de comunicação pública do governo?

    Os blogs sujos, claro, para ela não existem, só lembra deles na hora de pedir votos (até hoje não deu uma coletiva para eles, mas arranjou tempo para concedê-la à midia oligopolista), porque quem os segue tem não só os dados completados, mas as mentiras da imprensa desmanteladas.

  9. Avaliaçao decepcionate

    O ggn não fez nenhuma consideração que estamos vivendo tempo de uma direita radical e carbonária, inflamada pela campanha de ódio desde os primeiros dias do governo de Lula e que limita ações da Dilma. O combate a corrupção em curso pelo PiG se assemelha a campanha contra o imaginário “mar de lama” dos tempos de Getúlio. A direita nunca desistiu de destruir a Petrobras que combate desde a edição da lei 2004, fragikizada no período de FHC, mais ainda pelo MPF na vaza jato. Que ainda pretende destruir o INSS abrindo espaço para a lucrativa previdencia privada. Que a esdruxula composição da coalizão de apoio do governo é o maior limitantede nosso progresso social.

  10. paneleiros

      Agora a economia vai bomba, a classe comédia vai encher as lojas pra comprar panelas, as antigas tão todas furadas, hehehehehehe. 

  11.  
    Por falar em penicaço,

     

    Por falar em penicaço, digo, panelaço. Esse negócio de panelaço, não é coisa de dandoca argentina? Esses merdas da burguesia local, que adoram fazer compras em Miami, estão é retados com a valorização do dolar. Deveriam, além de tomar vergonha na cara, arrumar um nome menos ordinário para seu choromingar golpista.

    Em 64, as genitoras das atuais dandocas, ao menos, cavalgaram com seus terços, na marcha da família com deus pela democracia. Alienadas e desinformadas como suas descendentes, no fundo, elas almejam é jogar o Brasil novamente numa ditadura visando restabelecer a segurança para seus descabidos privilegios. Suspeito que não vai dá certo.

    Vosmecês, desta feita, estão correndo o real risco  de quebrarem a fuça. Quando os pobres se derem conta de vossas tramoias golpista, vai dar em merda. Toda essa aleivosia de penicaço e marchas com o diabo pelo impeachment da Dilma, pode redundar num tremendo tiro no pé.

    Orlando

  12. O post

    Patricia Faermann.

    A sua opinião é pseudo independente, senão vejamos:

    Qual o esperado para o Discurso, a elite de São Paulo não bater panelas?

    Queria que ela não abordasse  iniciativas antipopulares?, ela estava justificando.

    Quais direitos sociais não foram preservados? as medidas de ajustes são necessárias, mesmo em outras

    circunstâncias, quem de bom senso não sabe dos abusos do seguro desemprego?

    Mas vamos enfrente, apesar da aposição dos sindicatos ou movimentos sociais ao  ajuste, não me constam

    que estejam fazendo oposição ao governo ou batendo panelas.

    Ela insistentemente fala da lava jato,”doa a quem doer”etc, tinha que fazer política: não dando ênfase a

    condenação dos lideres das casa legislativas e ressaltar o papel do congresso, ela depende dele, ou não?

    Existem sim, críticas ao discurso, mas não essas, pobres na concepção.

  13. O post

    Patricia Faermann.

    A sua opinião é pseudo independente, senão vejamos:

    Qual o esperado para o Discurso, a elite de São Paulo não bater panelas?

    Queria que ela não abordasse  iniciativas antipopulares?, ela estava justificando.

    Quais direitos sociais não foram preservados? as medidas de ajustes são necessárias, mesmo em outras

    circunstâncias, quem de bom senso não sabe dos abusos do seguro desemprego?

    Mas vamos enfrente, apesar da aposição dos sindicatos ou movimentos sociais ao  ajuste, não me constam

    que estejam fazendo oposição ao governo ou batendo panelas.

    Ela insistentemente fala da lava jato,”doa a quem doer”etc, tinha que fazer política: não dando ênfase a

    condenação dos lideres das casa legislativas e ressaltar o papel do congresso, ela depende dele, ou não?

    Existem sim, críticas ao discurso, mas não essas, pobres na concepção.

  14. Compramos e vendemos pá-nela

    Caros debatedores,

    a presidenta se pronunciou.

    O video esta aí, com todas as palavras citadas por sua excelência.

    Todavia, as interpretações do que foi dito e não dito continuam.

    No presente texto , a autora aponta contradições.

    Já vi alguns falando em traição.

    Outros , que ela não assumiu TODOS os problemas que ela mesma criou.

    E por ai vai…

    Cabe a pergunta:

    O que mais ela, a presidenta,  disse que ainda requer uma análise “criteriosa” e  interpretativa por parte dos  heremenêutas – conhecedores da verdade – para que possamos entender o que está ai no video?

    Será que se eu pegar, por exemplo, a interpretação dos  “doutos hermenêutas” de   revista importante brasileira eu vou compreender o que ela disse? Eu sairia  da caverna assim?

    Ou será que se eu ligar a “telinha” eu vou ficar sabendo de tudo – que foi dito e não dito  – mas que eu não consegui perceber?”

    “O que será que será”?

    Alguém ai sugere alguma “metáfora” para compreender “melhor” o que foi dito pela presidenta?

    Por exemplo, quando ela se refere ao Congresso, na verdade, ela não quis se referir ao Congresso, para não entrar em contradição? hã há!  Foi uma “pegadinha”!, certo!?

    Mas o Congresso, com regresso ou progresso, quando existente no Brasil do “poder moderador executivo” deve ou não deve fazer alguma coisa ? Ou nunca fez e nunca fará? Ou…_____________( complete a lacuna)

    Afinal, o que é e pra que serve o Congresso? Já sei!? o velho truque de falar do congresso hummmm! Captei a mensagem dos “hermenêutas”!

    As fraudes na petrobrás, na verdade, não são fraudes. São “sonhos” interpretados pelos interpretadores das diversas interpretações alheias?

    Bom, está quase na hora do almoço. Pergunto: devo retirar a comida da panela ou a panela agora só fica na varanda?

    Tem panela no mercado?

    Enfim, estou pensando em abrir um estabelecimento comercial – com aquele pig spitituals animals , para vender panelas e “interpretações” de textos.

    Já até vislumbro minha campanha de marketing: Aqui se vende pá-nela, que nem um carro atropelando a mulher, no dia das mulheres.

    Alguém se interessa em abrir tal “sociedade” com carros e pá- nelas?

    Saudações

    obs: cara presidenta, votei na senhora e continua votando.

  15. As medidas administrativas do
    As medidas administrativas do Governo estão andando, O problema mesmo é a comunicação e a gestão política com o congresso. Da maneira que está, periga o Governo ir capengando até o fim.

  16. Há 5 meses atrás o Brasil

    Há 5 meses atrás o Brasil estava bem, forte e só não crescia por causa da crise internacional.

    Aébrio dizia que o arrocho era inevitável, que o PT tinha colocado o Brasil em uma crise que iria demandar sacrificio dos mais pobre.

    Bom, ao menos alguém falou a verdade

    1. Ele só esqueceu de dizer

      Ele só esqueceu de dizer quando pregava aquele discurso hipócrita anti corrupção, que ele próprio estaria na delação do Yossef.

  17. Loja de cristais

     Ficasse quieta e o assunto da semana seria a lista do Janot…. mas a elefanta não aguenta ficar sem derrubar a louça,e preferiu se incluir na pauta negativa com o panelaço para dividir as atenções…..

  18. como o pt, consequentemente a
    como o pt, consequentemente a presidente, consegue errar tanto. Demorou pra falar e qdo falou foi no momento errado. A bola da vez estava nao senado e camara, mas Dilma e seus conselheiros conseguiram reverter e deixar o planalto em foco, em pressão novamente. .

    1. Perfeito!

      Estava pensando exatamente isso!

      A bola da vez estava no legislativo federal e os genios que assessoram trouxeram o problema pra dentro do planalto! Se é que a ideia não foi da propria assessorada!

      A paspalhice e incompetência é incrivel!

      Nem os Deuses aguentam mais. A urucubaca é tanta que hoje a guarda presidencial teve 31 militares atingidos por um raio em um treinamentio militar!

      É preciso urgente alguém que trate estes ‘espiritos’ negativos que estão vagando pelos palacios presidenciais!

      Lembro de uma previsão antes da eleições…

      Dilma será reeleita, mas não terminará seu mandato!

      E continuam brincando com fogo…

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