“Estou tranquilo em relação ao legado que vou deixar”, diz Haddad

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Em bate-papo com jornalistas, gestores públicos, estudantes universitários e internautas, o prefeito Fernando Haddad (PT) disse, nesta segunda-feira (15), que está “tranquilo” em relação ao legado que vai deixar para a cidade de São Paulo. Participando do programa São Paulo Aberta – que coloca administradores do Paço em contato com a população -, Haddad fez (ainda que indiretamente) uma prestação de contas de seu mandato e falou sobre as dificuldade de administrar uma cidade do tamanho e da complexidade que tem a capital paulista.

O papel da grande mídia como “mediadora” entre os feitos do governo municipal e a sociedade também foi comentado por Haddad. Ele avaliou que esta relação sempre foi um desafio para o prefeito em exercício – de Erundina a Marta Suplicy -, mas indicou que não sairá do Paço, um dia, depositando nos problemas de comunicação um possível fracasso de seu governo. “Isso é desculpa esfarrapada”, pontuou. 

Haddad disse que o perfil de São Paulo sempre deixou claro para ele que administrar a cidade não seria uma tarefa fácil. “Eu tinha duas convicções [na época da eleição, em 2012]: uma, que não seria diferente comigo – do que foi com Marta ou Erundina [em relação às dificuldades]. Segunda, que eu sabia que ia ganhar a eleição, mas que seria muito difícil governar. Mas por que entrei nessa? Entrei porque sei que minha gestão será importante para o futuro da cidade. Vão lembrar disso no futuro. Não é que só isso me basta, mas é o que me dá perseverança para seguir”, disse o prefeito, lembrando que em dois anos de gestão, conseguiu emplacar projetos de grande relevância do ponto de vista estrutural. Ele citou o Plano Diretor, as ciclovias e a renegociação da dívida com a União. “Tudo isso não tem volta.”

“Eu estou tranquilo em relação ao legado que vou deixar. Não tive dúvidas em relação ao meu trabalho no Ministério [da Educação, durante o governo Lula]. Em São Paulo, eu tinha dúvidas. O ano de 2013 [marcado por manifestações populares] me deixou com dúvidas sobre isso. Mas 2014 me deixou mais seguro de que um dia ele [o legado] vai ser reconhecido. Se vai ser já em 2016, eu não sei.”

O ex-ministro ainda avaliou que “reconhecimento na política, sobretudo em São Paulo, é complicado”. “Marta perdeu a reeleição e dez anos depois foi considerada a melhor prefeita de São Paulo”, disse, arrancando risos da plateia. “A política em São Paulo é mais complicada do que parece, e é única. Falo isso como cientista político. Não tem outro lugar assim no Brasil. Talvez no Rio Grande do Sul.”

Reconhecimento

O prefeito lembrou de uma pesquisa recente sobre o governo de Buenos Aires, na Argentina, na qual o mandatário local é bem avaliado pela população que reconhece como grande marco a implantação de ciclofaixas. Haddad lembrou que, no caso paulistano, parcela da sociedade prefere impor resistências aos avanços por pura vontade fazer oposição. “Quem fez importa, muitas vezes. Tem resistência. Nós passamos meses discutindo a cor da ciclovia [vermelho], se era ou não a cor do PT. Em muitos lugares do mundo, essa é a cor padrão.”

Outra dificuldade em ser prefeito destacada por Haddad foi o desconhecimento da sociedade em geral – da mídia e de munícipes – em relação aos bastidores da gestão pública. Ele evidenciou que as políticas e projetos passam por inúmeras fases de elaboração antes de efetivamente serem executados, mas que nada disso é processado pelo cidadão comum.

É o caso do Hospital de Parelheiros, ou de outras obras de grande porte. Haddad lembrou que nem toda a morosidade nos processos depende ou é culpa da Prefeitura. Pode haver intervenção de terceiros – o Tribunal de Contas barrar uma licitação, por exemplo, ou mesmo as empresas que disputam o certame recorrerem à Justiça -, e nada disso é exposto na mídia ou explicado à população por outros canais de comunicação.

Hadad falou do projeto de lei que encaminhou à Câmara para criar cargos de gestor público e reformular o quadro administrativo da Prefeitura. “[O projeto] É a garantia de que não haverá descontinuidade nas políticas públicas.” Mas a imprensa irradiou o discurso da oposição ao governo, que cravou que Haddad está querendo criar cargos desnecessários e, consequentemente, aumentar a folha de pagamento do Paço. “Esse é outro problema de comunicação. Se eu sou o leitor médio e leio isso, daria crédito para a oposição.”

 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

6 Comentários

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  1. É uma luta desigual. Haddad é

    É uma luta desigual. Haddad é um quadro de grande valor da gestão pública. Mas a política  é quem dita a avaliação do gestor nesse Brasil.

    ACM Neto consta em qualquer avaliação de prefeito como top. Por que? Faz política o tempo. Ah, detalhe, tem um rede de comunicação familiar formada por jornais, emissoras de TV, emissoras de rádio. Aqui em Salvador só dá ele. Wagner ( do PT ) investe na cidade e ACM é um gestor campeão!

    Fernando Haddad é muito mais gestor do que alguns ACM juntos do Brasil inteiro. 

     

     

  2. Essa fala de Haddad deixa bem

    Essa fala de Haddad deixa bem claro o quanto é importante um canal de comunicação entre os governos e a sociedade. Não se pode ficar na dependência da mídia, cuja atuação todos sabemos como funciona.

    Será que é tão difícil assim criar um site exclusivo para mostrar o andamento de projetos, seu cronograma de implantação, realizações e informações gerais sobre a gestão da Prefeitura ?!  Penso que poucas pessoas seriam necessárias para a manutenção do site. Depois seria só divulgá-lo. Pelo menos assim uma grande parte da população poderia acompanhar a gestão, suas realizações e fazer sua avaliação.

     

  3. Tomara que não se reeleja e suma da política

    Não passa de um despreparado que se acha um gestor de primeira. A cidade de são paulo parece estar em silêncio, aguardando a sua saída. Muito discurso e muita arrogância, diria até teimosia. Coloca as pessoas umas contra as outras, gosta de “quebrar a ordem estabelecida”  trocando-a por caos bem gerido e mantido. Deu dinheiro a jovens para fimar policiais em favelas, ciclovias vazias, apoia invasões, aumento de IPTU, não ajudou o Padilha, não queria abaixar a tarifa (foi o governador de SP que aceitou primeiro e ficaria feio pro Haddad não segui-lo), no MEC aprovou cartilhas que ensinavam a língua portuguesa de forma errada, a Cracolândia dizem que piorou, e por aí vai. Mas o cara tem sorte, pois não foi uma costura política dele que renegociou a dívida, mas porque Renan Calheiros quis ajudar o filho recém eleito governador de AL, estado também endividado. Admito que seja duro para parte da esquerda admitir que Haddad é péssimo, mas ele é. Tomara mesmo que não se reeleja e suma da política. (E ainda vai dar aulas, parece que quinzenalmente, na USP. Completamente sem noção política!!!).

  4. VOX POPULI, 14/12/14: Haddad é o pior prefeito do Brasil

    VOX POPULI do Marcos Coimbra, colunista de Carta Capital (dá pra confiar, OK?):

    14/12/14

    Pesquisa Vox Populi realizada nas oito maiores capitais do país apontou o prefeito paulistano Fernando Haddad como o pior do país.

    Dos 5.200 eleitores entrevistados, apenas 16% qualificaram positivamente o trabalho do petista.

    CONCORDO!!!

     

    1. VOX POPULI é um instituto

      VOX POPULI é um instituto nacionalmente conhecido como não senao anti-PT. A pesquisa aponta a realidade, não adianta teorizar, a avaliação é essa mesma, o cartão de vistas são as ciclovias onde não passa um ciclista o dia inteiro mas tira uma faixa de carros e prejudicou o comercio nessas vias e mais ciclovias continuam sendo construidas.

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