A modernização das empresas públicas

Do Valor

Empresa pública investe em modernização

Por Rafael Sigollo, de São Paulo
12/07/2010 

Os modelos de gestão do setor público evoluem ano a ano no Brasil. O crescimento da adoção de práticas meritocráticas, a melhora dos mecanismos de reconhecimento e valorização, além de um maior investimento na formação dos colaboradores são reflexos disso. Mas ainda há muito espaço e oportunidades para avanços.

Esta é uma das principais conclusões do 3º Estudo Nacional de Gestão de Pessoas no Setor Público, realizado com cerca de 20 organizações brasileiras do setor. “A modernização da administração pública depende de como é feita a gestão de pessoas”, afirma João Lins, sócio da pelaPricewaterhouseCoopers (PwC), que realizou o levantamento.

Os responsáveis pela área de recursos humanos das empresas pesquisadas afirmaram que suas prioridades para os próximos três anos são desenvolver as lideranças, implementar ou melhorar as avaliações por competência e usar a tecnologia da informação como uma ferramenta de gestão. “Isso demonstra uma clara tentativa de modernização por parte do setor público, que já identificou o que é mais importante e está cada vez mais alinhado com o privado”, diz Lins. Para ele, na retomada da crise, o papel do governo está se transformando globalmente. “É preciso atuar de maneira mais forte e inovadora.”

DesDessa maneira, o investimento anual dessas companhias subiu de R$ 675 em 2008 para cerca de R$ 1 mil no ano passado por funcionário. “Como existe uma escassez de talentos no mercado, torna-se essencial incentivar o desenvolvimento e a promoção interna dos profissionais”, ressalta.

Em 65% das empresas pesquisadas existe um modelo de gestão de pessoas por competências e e outras 25% estão estudando uma forma de adotar algum programa do tipo. “O colaborador valorizado é o que consegue entregar resultados atuando dentro da estratégia e dos valores da companhia”, afirma Lins. No entanto, como a principal fonte de informações para essa avaliação ainda é o chefe, falta maturidade e qualificação no processo. “É necessário ter subsídios para tomar decisões em relação às carreiras. Valorizar menos ideias como tempo de casa e mais a performance individual.”

A sucessão é um dos pontos mais críticos na gestão nas empresas públicas. Apenas 10% delas têm um programa formal com foco na identificação e no desenvolvimento de potenciais candidatos para posições-chave. “Muitos executivos estão se aposentando e não há gente preparada para substituí-los”, afirma Lins. De acordo com ele, na iniciativa privada esta questão está mais avançada, pois os investidores cobram soluções dos conselhos de administração.

Outra política defasada da gestão pública é a de remuneração, muito tradicional e atrelada a interesses corporativistas. “Em mais de 80% das organizações o salário da maioria é baseado apenas no cargo do funcionário. Embora a remuneração variável tenha ganhado força, ela é baseada no resultado da corporação como um todo.”

Mesmo assim, Lins vê uma evolução. “Em 2008, por exemplo, a situação era bem pior. As organizações do setor público já acordaram e estão no caminho certo. A velocidade das mudanças, porém, ainda é bem mais baixa do que a ideal”, afirma. 

Luis Nassif

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