Os investimentos em saneamento

Do Valor

Investimentos aumentam 33% em 2008

Samantha Maia, de São Paulo
29/04/2010

Com R$ 5, 6 bilhões executados em 2008, os investimentos no setor de saneamento tiveram um crescimento representativo em relação a 2007 depois de anos com uma evolução tímida. Segundo levantamento realizado pelo Ministério das Cidades, por meio do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snis), houve um aumento de 32,7% nos recursos efetivamente investidos pelas empresas de água e esgoto em 2008, um possível reflexo das políticas incentivadas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

“Faz tempo que não se via um crescimento acentuado dessa forma, e daqui para frente é esperado um investimento ainda maior”, diz Ernani Miranda, coordenador do Snis. No entanto, matéria publicada no Valor de ontem mostra que o setor está enfrentando dificuldade para acessar novos recursos por conta principalmente da incapacidade de endividamento das companhias. Houve, inclusive, queda do valor contratado pela Caixa Econômica Federal (CEF) em 2009, com R$ 1,6 bilhão em contratos, frente R$ 3,7 bilhões em 2008.

A distribuição dos investimentos não foi equilibrada no país. A maior parte dos recursos ficou concentrada na Região Sudeste, que representou 58,1% do total aplicado, seguida do Nordeste, com 14,3% do montante. O Sul investiu 12,5%, o Centro-Oeste, 10,7%, e o Norte, 3,6%.

Apesar do crescimento, o volume de investimento executado em 2008 ainda está longe dos R$ 13,5 bilhões estimados como necessários por ano para a universalização dos serviços ao longo de 20 anos, de acordo com estimativas do setor privado. O desempenho, porém, já impacta os índices de atendimento.

O destaque de expansão do serviço fica para o percentual de efluentes tratados, que passou de 32,5% do total produzido para 34,6%. Considerando o tratamento de esgoto em relação ao que é coletado, o índice está em 66%. “A alta dos investimentos refletiu-se mais na melhoria do serviço de esgoto”, constata Miranda. De acordo com o Snis, a coleta de efluentes cresceu de 42% dos domicílios para 43,2%.

O abastecimento de água, por sua vez, teve uma evolução mais tímida, passando de 80,9% das casas para 81,2%. Segundo Mirando, isso ocorre porque o atendimento está mais próximo da universalização e depende da expansão em regiões mais difíceis, como as áreas rurais e de maior pobreza nas cidades. “São locais de mais difícil acesso e que dependem de maior esforço”, diz o coordenador do Snis.

Um dado interessante da pesquisa é de que houve crescimento do consumo de água, de 2,7%, sem ter crescido a produção. A situação poderia ser de alerta, pois mostra que as empresas não estão investindo em expansão da captação de água, mas segundo Miranda, a demanda pelo recurso pode estar sendo sustentada pela redução da perda na distribuição. “Os investimentos são perceptíveis não só na expansão, mas também na melhoria da qualidade do sistema” diz ele.

O índice de perdas de água chegou em 2008 ao menor percentual da série história de 14 anos do Snis, de 37,4% de água em relação ao total produzido. Em 2007, as perdas registradas por conta de vazamentos e falta de medição do consumo foram de 39,1%. Na Região Norte, porém, as perdas ficaram em 53,4%. Não por acaso, foi a região onde os investimentos foram menores em 2008, com apenas R$ 219 milhões. Os dois Estados onde a situação é mais problemática são o Acre e o Amapá, onde as perdas de água estão acima dos 70%.

Os investimentos em 2008 foram sustentados pelo crescimento das receitas das empresas de saneamento. Segundo o levantamento do Snis, com um total de R$ 27 bilhões, as receitas operacionais das companhias cresceram 8,8% em relação ao ano anterior. As despesas, porém, evoluíram mais, com alta de 11,3%, chegando a R$ 25,6 bilhões.

Na média, os consumidores brasileiros contaram com um reajuste das tarifas de água e esgoto menor que a inflação em 2008. A tarifa média foi de R$ 1,95 o metro cúbico, um aumento de 4,3% sobre 2007.

Luis Nassif

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