Mercadante se afasta da articulação política

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – O Ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que é tido como o responsável pela estratégia de confronto com o PMDB, vai deixar de participar da articulação política, mesmo mantido no cargo. Os ministros da Fazenda e da Justiça ganham mais espaço e mais voz para assumirem o papel. A notícia é do Estadão, em matéria de Erich Decat.

Segundo o jornal, a presidente Dilma Rousseff afastou o ministro da Casa Civil da articulação política do governo atendendo a um conselho de Lula. O ex-presidente entrou em cena no começo de fevereiro, logo depois de o Planalto ter sofrido derrotas no Congresso, que foram atribuídas por petistas e alidados à atuação de Aloizio.

As principais críticas feitas ao ministro referem-se às suas decisões que acabam em confronto com o PMDB, como o estímulo à candidatura de Arlindo Chinaglia, do PT-SP, contra Eduardo Cunha, PMDB-RJ, que acabou sendo eleito presidente da Câmara.

Outro ponto colocado na lista de Aloizio foi a ideia de criação de um novo núcleo governista, com a participação de Gilberto Kassab, do PSD, ministro das Cidades, e de Cid Gomes, agora ex-ministro da Educação, do PROS. O que irritou peemedebistas foi a ideia de criação de um novo partido, por Kassab, que foi entendido como tentativa de reduzir poder do principal aliado do governo.

Antes de Lular pedir seu afastamento das funções de coordenador político, Aloizio estava bem ativo e chegou a se reunir com bancadas do PMDB e do PSD para conseguir apoio ao pacote fiscal formulado pela equipe econômica. A função passou, então, para o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, especialmente depois que Renan Calheiros, do PMDB-AL, devolveu ao Executivo uma das medidas provisórias do ajuste fiscal.

Levy já se reuniu com Renan Calheiros e Eduardo Cunha para discutir as medidas do pacote, e esteve também com a bancada do PT na Câmara. A ausência de Aloizio Mercadante não passou despercebida à bancada.

Após as manifestações do dia 15 de março, o ministro da Justiça Eduardo Cardozo e o Miguel Rossetto, da Secretaria-Geral da Presidência, ganharam mais voz. Os dois vieram a público responder pelo Palácio do Planalto. O resultado da entrevista foi considerado um ‘desastre’ por petistas e aliados, pelo tom de confronto adotado por Rossetto.

No dia seguinte, Rossetto foi trocado por Eduardo Braga, do PMDB, ministro de Minas e Energia. E fez dobradinha com Cardozo em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto em nova tentativa de o governo dar respostas às manifestações. De novo sem a presença de Mercadante.

No lançamento do pacote anticorrupção, na quarta-feira passada, Aloizio Mercadante participou, mas foi o ministro da Justiça que foi o protagonista na apresentação feita aos líderes do Congresso. Cardozo também comentou a queda na aprovação de Dilma apurada pelo Datafolha.

Mesmo já sentido o afastamento de Mercadante da coordenação política, integrantes da cúpula do PT e de partidos aliados acreditam que Dilma dificilmente o tirará da Casa Civil, por se tratar de cargo de confiança. Jaques Wagner, ministro da Defesa, mais próximo de Lula, é lembrado para assumir a função, por ser considerado mais habilidoso na condução política.

Dilma foi por outro lado, por enquanto, ampliando o núcleo da articulação política, com a inclusão dos ministros da Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo (PCdoB), da Aviação Civil, Eliseu Padilha (PMDB), e de Gilberto Kassab.

Na semana passada, a presidente afirmou que faria mudanças ‘pontuais’ na equpe, o que foi interpretado pelos aliados como um sinal da indisposição da presidente em tirar Mercadante do Planalto. Há, inclusive, sondagens de que ele poderá ser um bom nome para o Ministério da Educação, substituindo Cid Gomes. 

A matéria publicada no Estadão pode ser lida clicando aqui.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

5 Comentários

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  1. Bases

    Se a Presidenta estivesse mesmo disposta a ouvir as bases, aquelas que lhe deram vitória apertada, com o indispensavel e decisivo apoio de Lua, não teria no ministério nem Mercadante, nem Cardozo, nem Levy,  três principais responsáveis pela sua baixíssima aprovação.

  2. Coitada da Educaçao. Mais uma vez tratada como prêmio d consolaç

    Céus, este país nao tem educadores nao? Professores, pedagogos, gente que ENTENDA DE EDUCAÇAO. 

  3. Há mais de um ano, fazendo a DESarticulação política

    Com uma casa civil  com um jogo de cintura de barril de carvalho, uma comunicação de surdo-mudo, um min.justiça de “defunto cuidadoso” este é o resultado político atual.

    Pelo menos está-se mudando para reverter o quadro … espero!

  4. Mercadante, cuja arrogância o

    Mercadante, cuja arrogância o precede, deixará um vazio que preencherá uma gigantesca lacuna.

    Talvez a oposição agora tenha que passar a fazer oposição, será mais um pouco mais difícil manter a função na mão do governo.

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