O atraso das obras contra enchentes em SP

Da Folha

Obras de Alckmin contra cheias estão paradas ou atrasadas

Do pacote anunciado em março de 2011, três piscinões e quatro diques não ficarão prontos antes das chuvas

Governo cita problemas com licença ambiental, fragilidade de terrenos e necessidade de fazer alterações em projetos

CAROLINA LEAL E EDUARDO GERAQUE

Obras de contenção de enchentes na Grande São Paulo anunciadas pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) em março do ano passado estão paradas ou atrasadas, a pouco mais de três meses do início da temporada de chuvas.

Há problemas com a construção de três piscinões, quatro diques perto de pontes do Tietê e o desassoreamento do rio e de córregos afluentes.

Parte das obras está com problemas porque o dinheiro previsto no Orçamento acabou -caso da limpeza do Tietê- e outra parte por causa de dificuldades na execução.

No caso dos diques, a previsão era que ficassem prontos até dezembro de 2011, mas só um está sendo feito, segundo o Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica).

Mesmo que todos os diques começassem a ser construídos hoje, a operação deles só seria possível em, no mínimo, um ano.

Outro conjunto de obras tido como fundamental por especialistas -de dentro e de fora do governo- é a construção de piscinões, que também sofre atrasos.

O piscinão Olaria, em Campo Limpo (zona sul de São Paulo), deveria ter sido entregue em novembro de 2011, mas a fragilidade do solo na área atrasou a execução.

Outros reservatórios anunciados, o Guamiranga e o Jaboticabal, que represariam as águas vindas do ABC, nem começaram a sair do papel.

O primeiro, em área contaminada, não tem as licenças necessárias e passa por recuperação ambiental; o segundo teve a licitação suspensa e terá o projeto revisado.

LIMPEZA

Folha apurou que o trabalho de desassoreamento do rio Tietê vem acontecendo em ritmo lento há algumas semanas, chegando a parar ontem.

Por falta de pagamento, a limpeza de córregos que deságuam no rio também não está sendo realizada no ritmo adequado. Para especialistas, é preciso que o trabalho seja feito de maneira contínua.

A questão não é, segundo fontes ouvidas pela Folha, a falta de dinheiro, mas o esgotamento da verba que havia sido colocada pelo Estado no Orçamento -para especialistas, ela foi subdimensionada.

Para moradores de áreas tradicionalmente alagadas à margem do Tietê, o atraso preocupa. “Todo fim de ano o bairro alaga, não tem como escapar. É uma vergonha passar por essa humilhação”, diz Mario Gomes de Sousa, 24, do Jardim Helena, na zona leste.

Luis Nassif

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