Professores do Maranhão conquistam maior salário

Docentes da rede estadual de ensino do estado nordestino passam a receber piso de R$ 5.750, após dois meses de negociação com o governo 
 
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(Foto Cristiane Sampaio)
 
Brasil de Fato
 
Maranhão: professores da rede estadual de ensino conquistam maior salário do país 
 
Estado tem acúmulo histórico de problemas na educação, com terceiro maior número de analfabetos do país
 
Por Cristiane Sampaio
 
Professores da rede estadual de ensino do Maranhão terão, a partir de março, o maior salário-base da categoria em todo o país. Depois de dois meses de negociação com o governo do estado, os educadores obtiveram reajuste de 6,81%, o que faz com que o piso passe a ser de R$ 5.750. O anúncio foi feito na última quarta-feira (27) pelo governador do Estado, Flávio Dino (PCdoB).
 
A dirigente Janice Nery, do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Maranhão (Sinproesemma), destaca que o aumento resulta da luta coletiva por direitos e pela qualificação da área educacional.
 
“Nós consideramos que foi um avanço significativo. Posso até destacar que foi uma vitória, considerando este cenário que assistimos nacionalmente”, afirma.
 
O valor leva em conta os profissionais que têm jornada de 40 horas semanais. Para os que têm contrato de 20 horas, haverá aumento proporcional. Com isso, o piso do grupo ficará em R$ 2.875, 41, o segundo maior do país, que fica atrás apenas do Distrito Federal (DF).
 
A medida atinge diretamente 31.500 professores ativos e outros 15 mil já aposentados. A professora Vera Lúcia do Nascimento Alencar, que ensina na rede estadual há 24 anos, considera que o aumento ajuda a recompensar, ainda que parcialmente, o esforço investido no magistério.
 
“É muito bom porque a gente sabe que professor não é muito valorizado, então, eu acho muito justo com a classe. Já estava mais do que na hora de isso acontecer. É um reconhecimento”, complementa.
 
O secretário de Educação do estado, Felipe Camarão, ressalta que a medida nasce de uma decisão política voltada também para o aumento dos índices educacionais. Com um acúmulo histórico de problemas de gestão, o Maranhão ainda responde por algumas das piores estatísticas do país.
 
Entre outras coisas, o estado é o terceiro em número de analfabetos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São ao todo 840 mil pessoas que não sabem ler e escrever. Além disso, amarga um dos mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil. A classificação utilizada os indicadores educacionais como um dos principais eixos de referência.
 
“Valorizar o educador é um caminho pra gente fazer uma educação digna aqui no Maranhão”, afirmou Camarão, em entrevista ao Brasil de Fato.
 
Desde 2015, os professores tiveram aumento total de 30,35%, acima da inflação do período, calculada em 21,46%. Diante da demanda histórica por melhorias na educação, o estado tem sido palco, nos últimos anos, de diferentes ações. Entre elas, destacam-se a substituição de escolas de taipa por escolas de alvenaria e o projeto de alfabetização “Sim, eu posso”, executado em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST).
 
Segundo o Sindicato, o próximo ponto da agenda de luta a ser priorizado pela categoria será o cumprimento do Plano de Cargos e Carreiras no que se refere à progressão salarial dos professores.
 
Edição: Mauro Ramos
Redação

4 Comentários

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  1. É uma boa notícia, sem

    É uma boa notícia, sem dúvida.

    Porém, ainda é muito alta a carga de trabalho dos docentes. No país todo. No máximo, um docente de Ensino Básico deveria trabalhar 30h com este piso de salário. 

    Se considerar a quantidade de alunos por sala de aula, o tempo para preparação de aulas e correção de atividades e avaliações 

    A dscussão parece girar em torno disso, salário e carga horária; o que é uma pena.

    Sem esquecer a falta que o Fundo Soberano fará para a área da educação…

  2. O Rui Costa, governador da

    O Rui Costa, governador da Bahia, deverá a exemplo do governo Flávio Dino do Maranhão, propiciar aos professores do Estado um reajuste dígno. Não apenas aos professores, mas, a todos profissionais envolvidos com o setor educacional. Aqui, tratamos da categoria de servidores públicos, indispensáveis ao Brasil. Não tratamos de marajás e de seus penduricalhos de mutretas.

    Orlando

    .

  3. professores….

    Chegou o salário? Quando chegará a Democracia? Quando a Sociedade terá livre e pleno controle sobre suas Escolas? O maior Orçamento Público, senão me engano é Educação (ou o 2.o). Desde o golpe ditatorial do getulismo, os Sindicatos começaram a controlar conjuntamente este poder e este orçamento. O resultado após quase 1 século é esta Escola e esta Educação quintomundista que temos. Muita ideologia, donsebastianismo e fatalismo nas Escolas. E pouca participação Popular. Sindicatos nunca quiseram a População fiscalizando a Educação. É uma das faces da nossa farsante Democracia. O Maranhão tem 217 municipios. Apenas 2 tem mais de 200 mil habitantes. Apenas 7 tem mais de 100 mil habitantes. O Estado inteiro não tem 7 milhões de habitantes. Os problemas são muito simples de solução. Todo estado não é uma região da grande São Paulo. Cidades de 5 / 10 / 20 mil habitantes. As pessoas se conhecem pelo nome. Por que não se dá um orçamento fixo às escolas e o controle eleito diretamente entre a População com o controle de professores fixos. E a fiscalização do Poder Público? Criar dificuldades para vender facilidades. Farsa do poder instituído desde o Estado Novo. Democracia? Constituição Cidadã? O Brasil é de muito fácil explicação. 

  4. Depois do Rio de Janeiro,

    Depois do Rio de Janeiro, nenhum estado estará a salvo, principalmente se fizer politicas em oposição as regras do golpismo do governo federal!

    No Rio, a violência pode ser usada até para desvalorizar ativos…

    Violência controlada, será que existe isso?

    Então se segura Maranhão…

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