Temer diz que volta da CPMF “é burburinho”

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Por Luana Lourenço

Da Agência Brasil

O vice-presidente Michel Temer disse hoje (27) que a discussão sobre a possível volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) é “um burburinho” e que o governo não está avaliando a recriação do tributo, extinto em 2007.

“Por enquanto é burburinho, vamos esperar o que vai acontecer nos próximos dias”, disse Temer a jornalistas em entrevista após encontro com o ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy, em São Paulo.

Perguntado se o PMDB apoiaria a recriação da CPMF, o vice disse que o assunto ainda não foi examinado pelo partido.

“Evidentemente que a primeira ideia é sempre esta: não se deve aumentar tributos. Mas há muitas vezes a necessidade – não estou dizendo que vamos fazer isso – de apoiar medidas de contenção, e talvez a CPMF seja uma dessas medidas, mas não está sendo examinada pelo governo”, acrescentou.

Conhecida como “imposto do cheque”, a CPMF foi criada em sustituição ao Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira, em 1996, com uma alíquota de 0,20% sobre todas as operações bancárias em lançamentos a débito. Em 2000, a taxa foi elevada para 0,38%. Os recursos arrecadados eram divididos entre saúde, previdência e o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza. Em 2007, a proposta de prorrogação do tributo foi derrubada pelo Congresso.

Congresso

Perguntado sobre uma possível elevação da carga tributária e a recriação da CPMF, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que seria um “tiro no pé”. Antes de almoço com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o peemedebista afirmou que o aumento da carga tributária no atual cenário da economia do país poderia agravar a retração e provocar mais desemprego.

“Tenho muita preocupação com aumento de imposto. O Brasil não está preparado para voltar a viver com isso. Estamos em uma crise econômica profunda e qualquer movimento nessa direção pode agravar a crise, aumentar o desemprego e a retração econômica. Acho que devemos ter muita prudência com relação a isso”.

Para o presidente do Senado, antes de debater elevação da carga tributária, o país precisa superar as atuais dificuldades. “Precisamos criar condições para que a economia volte a crescer e aí, com a economia crescendo, você pode pensar sim em elevar novamente a carga tributária. Mas com a economia em retração não, é um tiro no pé, não é recomendável”.

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que uma proposta para recriar o imposto teria pouco apoio no Congresso, mesmo com aval dos governadores, devido ao cenário econômico. Para Cunha, não se resolve o problema de caixa do governo cobrando “mais da sociedade em impostos”. “A solução é a retomada da confiança para a retomada da economia; não aumentar a carga tributária do contribuinte. Eu, pessoalmente, sou contrário à recriação da CPMF neste momento e acho pouco provável que tenha apoio da Casa”, afirmou.

No início da semana, durante viagem aos Estados Unidos, o ministro Joaquim Levy disse, após ser perguntado sobre a possibilidade de haver aumento de impostos, que o governo vai tomar todas as medidas necessárias e que estão sendo avaliadas todas as alternativas. De acordo com o ministro, o país precisa ter disciplina com as despesas para minimizar os impostos necessários.

CNI

Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) disse que uma elevação de impostos é uma medida que irá prejudicar a competitividade da economia, pois irá aumentar custos e desemprego. Para a confederação, as contas públicas devem ser equilibradas com corte de gastos.

“Somos completamente contra a reedição da CPMF e qualquer tipo de elevação da carga tributária. Vamos lutar contra porque pesa no bolso de toda a sociedade. Precisamos de corte de gastos públicos para retomar o equilíbrio das contas públicas e não de aumento de impostos”, afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, na nota.

*Colaborou Luciano Nascimento // Matéria alterada às 16h32 para acréscimo da posição do presidente da Câmara

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

11 Comentários

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  1. “Perguntado se o PMDB

    “Perguntado se o PMDB apoiaria a recriação da CPMF, o vice disse que o assunto ainda não foi examinado pelo partido”:

    Nem vai ser:  a direita mundial simplesmente NAO APOIA IMPOSTOS ANTI SONEGACAO.  E note se que esse foi o ULTIMO IMPOSTO ANTI SONEGACAO DO PLANETA e A DIREITA BRASILEIRA o derrubou.

    1. Governo gasta mais do que arrecada…..

      O IPMF foi criado em 1993 no Governo Itamar Franco com FHC no Ministerio da Fazenda. Foi suspenso e depois reinstituido no Governo FHC (como CPMF) após esforços do Ministro da Saude Adib Jatene.

      É bom lembrar que o PT combateu a ideia só porque era iniciativa do partido adversário. Incoerência. Depois o proprio PSDB ajudou na extinção dessa mesma contribuuição. Retaliação e incoerência tambem.

      De qualquer forma há dois motivos para ser contra a CPMF:

      1) é um imposto ruim, porque incide em cascata com o mesmo valor é permanentemente taxado a cada movimentação bancaria.

      2) premia uma governante incompetente que cometeu imposturas econômicas/eleitoreiras e agora precisa fazer caixa.

      Ora, o governo que venda ativos, participações, privatize (isso tbem elimina corrupção), acabe com os milhares de cargos comissionados, reduza sua máquina, diminua gastos com o legislativo e judiciário, etc.

    2. Iivan, sua memória é curta

      Você tem memória muito curta ou seletiva. Foi FHC como Minustro da Fazenda de Itanar Franco que criou o IPMF. Depois como Presidente da República e COM O VOTO CONTRÁRIO DO PT introduziu a CPMF. Em 2007 a oposição votou pela extinção do impisto.

  2. Por muitos anos,só se falou

    Por muitos anos,só se falou em impostômetro.

    Foi só criar e falar do sonegômetro,e pronto,morreu o assunto.

    Não é preciso aumentar impostos,basta cobrar o que já é devido pelos sonegadores.

    Cada um que faça a sua parte.

     

  3. Criar ou aumentar impostos ?

    Criar ou aumentar impostos ? Solução mágica! Cortar gastos, jamais. Apertar o cinto? Somente o da população. Aumentar os próprios salários? Claro…Mordomias? Claro…São todos iguais, a história se repete, desde o descobrimento.

  4. (Obrigado, eu nao sabia de

    (Obrigado, eu nao sabia de nada disso!  Eu “apoio” (coff coff) esse imposto simplesmente porque esta comprovado que eh uma medida anti sonegatoria.)

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