No RJ, cortiços do Porto Maravilha sofrem pressão da especulação imobiliária

 
Da Agência Pública
 
 
por Caterina Clerici, Diane Jeantet
 
A população de baixa renda da região portuária do Rio vive às voltas com a cobiça dos investidores e incorporadores imobiliários
 
Quando Eduardo Paes, ex-prefeito do Rio de Janeiro, lançou a Operação Urbana – Porto Maravilha, em 2009, ele prometeu trazer de volta à vida a histórica zona portuária, uma região que estava há décadas abandonada pelo poder público. A revitalização de US$ 2 bilhões foi programada em parceria com o setor privado e inclui arranha-céus, um sistema de bondes e uma nova orla projetada por arquitetos renomados.

Foi o caso de Paulo Cezar da Paula, e também de seu filho, esposa e outras 120 pessoas que habitavam a ocupação Quilombo das Guerreiras, na Gamboa. Todos foram despejados para abrir espaço para a Trump Tower Rio, uma franquia da marca imobiliária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A família agora vive em um armazém abandonado, que eles esperam ser convertido em um dos poucos projetos de habitação social incluídos no projeto de revitalização do Porto Maravilha.

Como há grande procura para morar na região central carioca, aqueles que não são despejados muitas vezes se vêem obrigados a pagar preços excessivos para viver em condições precárias. Silvimar Soares vive com seus dois irmãos em um minúsculo quarto aos pés do Morro da Providência, dividindo com eles uma cama de casal. Cortiços sempre fizeram parte da história do Rio de Janeiro, atraindo, no início, escravos libertos e trabalhadores, que precisavam de uma moradia próxima ao seu local de trabalho.

Funcionários da prefeitura entrevistados pela Pública não reconhecem os cortiços como moradias, deixando os inquilinos vulneráveis em caso de despejos forçados. Ainda assim, existem soluções alternativas, como o caso de Isabela Moreira. Há mais de uma década, Moreira mudou-se para um dos cortiços da região portuária graças a um programa financiado pela prefeitura e pela Caixa Econômica.

O projeto Novas Alternativas – Morando no Centro visava à restauração de antigas habitações do centro da cidade para garantir a manutenção de moradia a preços acessíveis na região. Hoje, os moradores estão sentindo ainda mais a pressão de grandes incorporadoras e, sem o apoio da administração municipal, a elitização tem avançado na região.

 

Redação

3 Comentários

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  1. Legal isso, né?

    Nunca se importaram nem deram bola. Aposto que fugiam de ter que passar por perto. Agora que valorizou…

    E garanto que estavam entre os que bateram panelas. Os mersmos que se apossaram do Maracanã, da Cidade Olimpica, do Museu do Amanhã, etc.. E gostam de mamar nas tetas do Estado. Mas só eles, mesmo que outros não se les pareçam.

    E que ganharam rios de dinheiro na Copa e na Olimpiada, nas obras estaduais, e hoje, abandonam um patrimonio publico que custou muito dinheiro, gerou briga, discussão. Dilapidam o patrimônio da Petrobras. Mas o Lula e a Dilma é que são corruptos, segundo esses cínicos hipócritas.

    Ser humano é uma bosta.

  2. Esquerda gosta mesmo de

    Esquerda gosta mesmo de miséria… Cortiço? Estão de sacanagem… os bairros do porto são geograficamente muito bem localizados e completamente abandonados há décadas. Agora que aparece uma chance deles voltarem a ter empreendimentos e melhorarem, vcs vem reclamar que estão querendo despejar cortiços.

    Sugiro pesquisar o efeito que teve para a região da Lapa a entrada em funcionamento da torre da Petrobras e do edifício Ventura. Esquerdistas reclamariam do fechamento de oficinas e inferninhos e da abertura de restaurantes para “coxinhas”… 

  3. Direita gosta de sofismar

    Depois que valoriza, ai até eu que sou otário quero…

    Porque a Direita somente gosta de investir (privatizar) depois que a área se valoriza,  e nunca antes? Principalmente quuando estas valorizações resultam de politicas de inclusão de governos progressistas que sim investem em areas carentes, favelas, espaços públicos abandonados (a área em questão) e que a Direita finge cinicamente não existir.

    No Governo Kassab em São Paulo era uma favela incendida por semana em áreas valorizadas. Mercado imobiliário foi seu prinipal financiador de campanha.

    Fomentam a miséria e depois se assustam quando começam a ver cabeças decapitadas…

     

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