Ocupação São Luiz tem reintegração de posse marcada para hoje

Jornal GGN – Ontem (segunda-feira, 25), moradores da Ocupação São Luiz, que existe há quatro anos na zona norte de Porto Alegre, protestaram em frente ao palácio do governo contra a ordem de reintegração de posse marcada para hoje (26).

O proprietário já havia tentado tirar os moradores da área em julho do ano passado. Na ocasião, os moradores conseguiram barrar a ordem de reintegração ao demonstrar que a região tem viabilidade de Área Especial de Interesse Social.

Agora, dois advogados trabalham para recorrer da nova decisão de despejo.

A ocupação é composta por famílias com crianças e idosos. Os moradores esperam sensibilizar o Judiciário. “Quase ninguém tem para onde ir. A gente não tem dinheiro para aluguel, e minha família é de Florianópolis, não temos com quem ficar”, disse Maria da Graça, uma das moradoras da Ocupação.

Do Sul 21

Moradores da Ocupação São Luiz se mobilizam para tentar evitar despejo

Por Débora Fogliatto

Maria da Graça está há três dias sem conseguir comer e dormir. Desempregada, ela vive com o marido, a filha e a neta em uma casa na qual a família investiu todo o dinheiro que tinha. Agora, o nervosismo deles é o mesmo de outras 340 famílias: o local onde vivem está com reintegração de posse marcada para esta terça-feira (26). A Ocupação São Luiz, que existe há quatro anos na zona Norte de Porto Alegre, está ameaçada de despejo a partir de pedido feito pelo proprietário, o qual já havia tentado tirar os moradores da área em julho do ano passado.

A comunidade protestou nesta segunda-feira (25) em frente ao Palácio Piratini para pedir que o governo estadual interfira na situação. Eles foram recebidos pelo secretário-adjunto da Casa Civil, José Guilherme Kliemann, que se comprometeu a tentar dialogar para interromper o despejo. “Nós levamos toda a documentação que identifica que tem viabilidade de ser área especial de interesse social (AEIS), e temos dois advogados trabalhando para recorrer da decisão”, relatou Juliano Fripp, coordenador do Conselho Regional por Moradia Popular.

Em julho, os moradores conseguiram barrar a reintegração a partir de um agravo de instrumento utilizando o argumento da AEIS, determinada por uma lei aprovada na Câmara de Vereadores em 2014, mas que não foi regulamentada por ter sido barrada na Justiça pela Prefeitura.

Os moradores esperam que seja possível sensibilizar novamente o Judiciário, levando em conta também que a ocupação é composta por famílias, em sua maioria com crianças e algumas com idosos. “Quase ninguém tem para onde ir. A gente não tem dinheiro para aluguel, e minha família é de Florianópolis, não temos com quem ficar”, relata Maria da Graça.

A situação de Fernanda Lopes dos Santos é similar, pois a mãe de dois filhos também não sabe o que fará caso precise sair da sua casa. Ela, que trabalha na cantina de uma faculdade de Direito, é casada e está grávida, e relata que, para sua família, a São Luiz é o melhor lugar para se morar. “Das vilas que tem na zona Norte, acho que é a melhor. Porque é bem tranquilo, não tem problemas de tráfico, violência, roubo. Um dia meu marido deixou a moto na frente de casa e esqueceu o capacete e a chave junto, passou a noite toda e ninguém pegou”, conta. Antes de ir para lá, ela vivia com a mãe no Beco das Moças, na vila Santa Rosa, onde conta que a situação é bastante diferente, por ser dominada pelo tráfico de drogas.

Sobre a possibilidade de a reintegração ser suspensa caso chova na cidade devido a uma regra da Brigada Militar, as moradoras se mostraram descrentes. “Acho que isso não vai impedir eles”, disse uma delas. “Eles não tão nem aí”, lamentou outra. “Disseram que o proprietário tem que fornecer caminhões pra levar nossos pertences. Esse caminhão vai chegar lá e botar minhas coisas e vai carregar pra onde?”, questionou Maria da Graça. “Estamos rezando pra Deus e pra todas as santas”, completou.

Redação

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