Plano Diretor de São Paulo prevê prédios multiusos

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – O Plano Diretor da cidade de São Paulo foi aprovado pela Câmara Municipal no início deste mês, depois de grande pressão política e de movimentos sociais, e uma espera de nove meses na Casa Legislativa. Para orientar o crescimento de São Paulo nos próximos 16 anos, o projeto incrementou demandas que vão além da reorganização municipal. Uma das propostas, por exemplo, é a criação de prédios multiuso, com lojas, estacionamentos e moradias em uma mesma torre.

Seguindo a lógica de concentrar residências ao longo dos eixos de transporte, aproximando casas de locais de trabalho, o conceito 3 em 1 também buscará essa aproximação. E a ideia é que tais prédios localizem-se ao redor de estações de metrô e corredores de ônibus. Assim, o adensamento populacional ocorrerá em paralelo à proximidade do emprego e serviços.

Para intensificar esse tipo de infraestrutura, a prefeitura oferecerá incentivos financeiros aos empreendimentos que apresentarem projetos com as três funções. Em uma planta de prédio como este, o térreo será dedicado ao comércio; as opções de lazer, como playgrounds e salões de festas, serão distribuídos em outros pavimentos, e as coberturas, destinadas a academias e piscinas, como já ocorre em alguns hoteis. Como não existe mais a obrigatoriedade de uma garagem por imóvel, as vagas no subsolo poderão ser utilizadas de forma independente.

Entretanto, alguns ajustes ainda precisarão ser regulamentados para inferir, por exemplo, quem terá prioridade no acesso a vagas de garagem (moradores ou clientes dos serviços) e como isso se dará.

A lei ainda não foi sancionada pelo prefeito Fernando Haddad – o que deve ocorrer nos próximos dias, uma vez que o projeto inicial partiu da prefeitura, sofrendo modificações ao longo de audiências na Câmara.

Além da reorganização de plantas de edifícios, estão nas diretrizes do Plano Diretor a ampliação das áreas para moradias populares com a duplicação das Zonas de Interesse Social (ZEIS), a criação de polos de desenvolvimento econômico nas periferias, instrumentos de combate à especulação imobiliária, a criação de territórios culturais, entre outras medidas.

Com informações de O Estado de S.Paulo.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

4 Comentários

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  1. Antes tarde do que nunca…

    … descobriram em Sampa o segredo dos velhos bairros cariocas: Tijuca, Catete, Copa, Ipanema, Leblon, Méier, Madureira… Esperam que não esqueçam de obrigar fazer calçadas planas e horizontais. Os novos prédios do meu bairro paulistano, para economizar em escavações e movimentações de terra na construção, elevam os prédios acima do nível da rua, transformando as calçadas para os pedestres em rampas para automóveis. Por causa disso, já tive de operar o menisco 2 vezes… E olhem que sou “atlético”.

  2. iSTO JÁ ACONTECE EM OUTROS PAÍSES

    É uma boa notícia. Isto já vem acontecendo em muitos países europeus, que buscam sanar os problemas de mobilização urbana e dar maior conforto aos cidadãos, máxime aos trabalhadores e empresários.

    Uma das coisas que gostaria e muito de acontecer era materializar-se a preocupação pelo espaço verde, que permitiria a percolação de água, mesmo dentro de nossa capital, ajudando a evitar enchentes e legando-nos fontes renováveis de água.

    Hoje a ausência de percolação nas regiões metropolitanos e, ainda, máxime na agricultura mais técnica e empresarial, está evitando que a água da chuva faça a sua percolação e alimente os lençóis d´água, o pote d´água indispensável às nascentes e a melhoria dos níveis de rios e represas.

    E é um dos problemas que começamos agora a sentir. O desapego dos governos, máxime aqui do Estado de São Paulo, pela manutenção de áreas verdes, inclusive de áreas de preservação ambiental, leva-nos a cada vez mais a problemas graves de falta de água que alimente, devagar e sempre, as nascentes, aquelas que cumpre o papel de tornar perene nossos rios e córregos.

    Há um belo exemplo do que exponho, na cidade de Piracicaba, onde edifícios só podem ser construídos com base em área quadrada equivalente ao número de moradias, de forma que sobre bastante espaço no seu entorno, devidamente obrigatório para a manutenção de áreas  verdes, com árvores e muito terra coberta de grama. Assim, a água da chuva, em boa parte, infiltra-se no solo, pela percolação e vai até o subsolo, onde habitam os lençõis freáticos, onde a água subterrânea preenche os espaços porosos e permeáveis do solo, restando como verdadeiros reservatórios que se conduzem às nascentes que alimentam, reitero, os nossos córregos.

    Ainda, que os prédios devam ter sempre que possivel reservatórios de água de chuva, para serem utilizados em limpezas e até, se possível, em urgências. Nem se fale ainda em calçadas de gramas, com placas de cimento, que permite a infiltração de água. Há milhares de sugestões que devem ser compreeendidas, estas que inclusive podem diminuir, em caso de grandes precipitações, que os perigos das enchentes. Temos que buscar estas soluções, talvez até verdadeiros paliativos, mas caminhar nesta direção é necessário.

    As águas não percoladas, seja nas regiões urbanas, seja na zona rural com a agricultura predatória, acabam invadindo os rios, causando estragos e os assoreando, um caminho muito perigoso para a continuidade da vida nos moldes que estávamos acostumados. Digo estávamos porque a realidade da falta de água é uma realidade que começará, cada vez mais, a trazer transfornos e sofrimentos para o povo paulista, máxime de zonas metropolitanas.

     

     

     

  3. Engraçado,

    … tooooooooooooooda vez que se mexe num código de edificações, em qualquer cidade do Brasil, o legislador acaba parindo um aumento de área construída!
     

    E isso só para poder contar com novo financiamento de campanha para a próxima eleição ? 

    Um dia vai chegar em que, ao se construir cada vez mais esses pombais, o sol só chegará nas ruas dos centros da cidade entre 11:58 e 12:02 horas. 

    E povo que se acomode nesses canions de concreto. (Com já acontece em Hong-Kong). 

    Um outro detalhe que eu nunca consegui entender e nem classificar, a não ser por problemas de vaidade de arquiteto é: porque se tem que construir cada vez mais alto? Aqueles predaços nos emirados são um caso típico de falta de sentido – uma cidade com amplos espaços para construir e colocam aqueles monstrengos de mais de 500 metros de altura. 

  4. O conceito MULTIUSO é muito

    O conceito MULTIUSO é muito antigo, o Conjunto Nacional em São Paulo é completamente multiuso, tem lojas, inclusive a maior livraria do Pais, a Cultura, escritorios, academias, cinemas, teatro (o  Eva Herz), restaurantes, farmacias (2), apartamentos classe méde e de alto luxo (em um deles morava o mecenas Ciccilo Matarazzo), até hoje é um edificio charmoso e super movimentado, tem 60 anos e muita vida.

    Em Miami o top hotel FOUR SEASONS está em no meio de um edifico multiuso, embaixo tem uma academia Reebok, acima do hotel escritorios classe A, em Nova York há muitos multiusos.

    Quanto a predios onde há terra de sobra, o fenomeno existe em todo o Brasil, cidade pacatas com muito terreno disponivel tem predios de apartamentos. Porque? porque é CHIRQUE para a caipirada breguissima, um horror de mau gosto, aquele mesmo que abunda no Brasil ignorante.

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