A história pouco conhecida do Hino Nacional do Brasil

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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A história do Hino Nacional do Brasil é pouco divulgada e geralmente se restringe a breves comentários sobre os autores da letra, Joaquim Osório Duque Estrada, e da música, Francisco Manuel da Silva

Enviado por Adir Tavares

Do Brasil Escola

A História do Hino Nacional do Brasil é recheada de fatos interessantes, mas infelizmente pouco divulgados. Tradicionalmente, o que sabemos sobre o Hino é referente aos autores da letra e da música.

A letra foi escrita por Joaquim Osório Duque Estrada e a música, elaborada por Francisco Manuel da Silva. O Hino Nacional Brasileiro foi criado em 1831 e teve diversas denominações antes do título, hoje, oficial. Ele foi chamado de Hino 7 de abril (em razão da abdicação de D. Pedro I), Marcha Triunfal e, por fim, Hino Nacional.

Com o advento da Proclamação da República e por decisão de Deodoro da Fonseca, que governava de forma provisória o Brasil, foi promovido um Grande Concurso para a composição de outra versão do Hino. Participaram do concurso, 36 candidatos; entre eles Leopoldo Miguez, Alberto Nepomuceno e Francisco Braga.

O vencedor foi Leopoldo Miguez, mas o povo não aceitou o novo hino, já que o de Joaquim Osório e Francisco Manuel da Silva havia se tornado extremamente popular desde 1831. Através da comoção popular, Deodoro da Fonseca disse: “Prefiro o hino já existente!”. Deodoro, muito estrategista e para não contrariar o vencedor do concurso, Leopoldo Miguez, considerou a nova composição e a denominou como Hino da Proclamação da República. 

Decreto 171, de 20/01/1890:

“Conserva o Hino Nacional e adota o da Proclamação da República.”

O Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil constituído pelo Exército e Armada, em nome da Nação, decreta:

Art. 1º – É conservada como Hino Nacional a composição musical do maestro Francisco Manuel da Silva.

Art. 2º – É adotada sob o título de Hino da Proclamação da República a composição do maestro Leopoldo Miguez, baseada na poesia do cidadão José Joaquim de Campos da Costa de Medeiros Albuquerque.

É importante ressaltar que a canção que representa uma nação, como o Hino Nacional do Brasil, exalta fatos acontecidos, simboliza todas as lutas por ela passadas, carrega a identidade de um povo e a grande responsabilidade de ser o porta-voz da Nação brasileira para o restante do mundo.

Hino Nacional do Brasil

Letra de Joaquim Osório Duque Estrada
Música de Francisco Manuel da Silva

             Parte I

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante,
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da pátria nesse instante.
Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte!
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
A imagem do Cruzeiro resplandece.
Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!

            Parte II

Deitado eternamente em berço esplêndido,
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do Novo Mundo!
Do que a terra, mais garrida,
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;
“Nossos bosques têm mais vida”,
“Nossa vida” no teu seio “mais amores.”
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!
Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
– “Paz no futuro e glória no passado.”
Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

31 Comentários

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  1. A introdução que não vingou

    Como é bem conhecido, a atual letra data de 1909 e foi adotada oficialmente treze anos mais tarde, no centenário da Independência.

    Antes disso, ainda em fins do século XIX, a introdução do Hino, que é uma parte instrumental, chegou a receber uma letra; contudo, não foi oficializada, talvez por ser difícil de cantar:

    Espera o Brasil que todos cumprais com o vosso dever.
    Eia avante, brasileiros, sempre avante!
    Gravai com buril nos pátrios anais do vosso poder.
    Eia avante, brasileiros, sempre avante!
    Servi o Brasil sem esmorecer,
    Com ânimo audaz cumpri o dever,
    Na guerra e na paz, à sombra da lei,
    À brisa gentil o lábaro erguei do belo Brasil.
    Eia sus, oh sus!

    (http://www.recantodasletras.com.br/artigos/1826076)

    1. Mas a versao dos colégios era diferente…

      Laranja da China, laranja da China, laranja da China,

      abacate, limao-doce e tangerina,

      Laranja da China, laranja da China, laranja da China,

      abacate, limao-doce e tangerina,

      Laranja da China, laranja da China, laranja da China,

      Laranja da China, laranja da China,

      Laranja da China, laranja da China,

      Laranja da China, laranja da China,

      Abacate

      limao doce

      tangerina

  2. Desfiles

    Gosto da música mas a letra é claramente militarista e elitista.

    Hoje ate dediquei alguns minutos para ver alguns desfiles e participar do momento.

    Acho que alguns desfiles mais atrapalham do que agregam algo de bom.

    Ficou claro no meu estado que a tv  dava preferência para  armas.

    Vários pelotões da policia militar marchando tortos e boa parte estão

    muito acima do peso. Outros marchando de óculos escuros o que dá uma péssima aparência.

    O desfile, que poderia ser positivo, é relativamente tosco e em alguns casos um verdadeiro festival de grosserias.

    Dá medo assistir.

    1. ???

      Militarista? É um dos poucos hinos do mundo (senão o único) que não exalta à guerra, a luta armada, nem cita revolução, batalha épica ou libertadora…

      Ao contrário, exalta a Natureza, a grandeza territorial e a beleza do nosso País….

  3. Comparo bastante as melodias

    Comparo bastante as melodias dos hinos, geralmente em competições como copa do mundo, e de longe o hino brasileiro deixa a desejar. O hino da Rússia e da França são os mais belos do mundo seguidos pelo da Alemanha e Inglaterra. 

    1. Wanderley, respeito seu gosto

      Wanderley, respeito seu gosto e opinião, mas “bonito” é muito subjetivo e de tom indivudual, não é mesmo?

      Faltou, acho eu, ao final da última oração, um “na minha opinião”, não acha?

      Detesto o país hegemônico e, mesmo assim, acho o hino deles muito bom.

      1. Bom, em minha opiniao, o Wanderley tá certíssimo

        A letra é um primor de mau gosto parnasiano, a ponto das pessoas muitas vezes nem entenderem, veja o comentário do Zé da cidadã abaixo. O povo aqui no Rio chama o hino de O Virundu, rs.

        1. Discordo, Anarquista

          Não vejo complexidade alguma na letra do nosso hino. Tem que levar em consideração a linguagem da êpoca em que foi composto.

          Não entendem por causa da baixa intelectualidade de nosso povo, expresso nos 75% de analfabetos funcionais (incluídos muitos com curso superior)

          Mais a música do Tchan e a Dança das Poderosas o povo de hoje em dia entende…

          1. Isso nunca foi a linguagem de época nenhuma

            Foi o estilo LITERÁRIO do Parnasianismo. Inversao de sujeito OK, pode acontecer em Português “oficial”, sobretudo na época. Mas inversao de adjunto adnominas (“Do Ypiranga as margens plácidas” ou “de um povo heróico o brado retumbante” NUNCA fez parte da sintaxe normal do Português. 

            E nao há 75% de analfabetos funcionais, isso é uma deturpaçao dos resultados do Instituto Paulo Montenegro, que mede o índice de ALFABETISMO (e nao analfabetismo) funcional em 4 graus. A imprensa soma todos os graus menos o mais alto e diz que há 75% de analfabetismo funcional. É DETURPAÇAO.

    2. Hino da União Soviética

      O hino da Rússia é a melodia do hino da União Soviética, uma música portentosa e de fato muito bela, com uma letra alterada feita para se “encaixar” na música. Em minha opinião é o mais belo hino nacional do mundo, seguido pela Marselhesa (concordo com o comentário, portanto). A letra de fato não importa, é muito difícil haver uma letra de hino nacional interessante.

      A música do hino nacional brasileiro é boa, pode não ser a mais bonita, mas acho que não faz feio. A introdução no entanto é um pouco longa demais. A letra é sofrível, para dizer o mínimo, mas agora que já tem uma tradição razoável não há por que mudar.

    3. O do Brasil é belíssimo!

      Acho o do Brasil um dos mais belos do mundo.

      A maioria dos hinos são bonitos… Mas a beleza em si de cada um está no sentimento que desperta ao ser entoado.

  4. Qual o sujeito de

    Qual o sujeito de Ouviram?????

    Esta pergunta me persegue h anos….

     

    outra coisa: no meu tempo de criança, hino se aprendia no primário e era contra-capa de caderno escolar

      1. Eles quem, cara pálida? (rs)

        Nao há eles nenhum aí, nem manifesto nem oculto. O sujeito vem posposto, e é “Do Ypiranga as margens plácidas”, o que sem inversao seria “as margens plácidas do Ypiranga”. Ypiranga é o nome do rio que “ouviu” o pretenso brado “Independência ou Morte” de D. Pedro (dizem as más línguas que a história foi bem diferente, mas deixa para lá…).

    1. Do Ypiranga as margens plácidas…

      Ou seja, em língua de gente: As margens plácidas do Ypiranga ouviram o brado retumbante de um povo heróico.

      É que a letra é um “primor” de mau gosto parnasiano, que entre outras coisas se caracteriza por sintaxe rebuscada e palavreado raro.

    2. Havia outros concorrentes nas capas, todos horríveis

      O melhor era “Ai que saudades que eu tenho/ da aurora da minha vida”, que é um poema romântico, mais singelo e sem os artificialismos dos poemas parnasianos, mas esse era raro. Havia aquele horrendo do Bilac sobre a língua portuguesa (“Última flor do Lácio” etc) e outro, tb dele, acho “Criança, ama com fé e orgulho/ a terra em que nasceste”. Tudo horror parnasiano de primeira linha.

  5. Hino Nacional

    Na minha opiniao o que mais se aproxima em beleza, na melodia e, um pouco na letra, é a Marselhesa. Os demais mais parecem marchas funebres. E viva o brado retumbante! 

    1. A Marselhesa nasceu como uma cançao revolucionária

      Depois foi oficializada como hino nacional da França, mas a beleza dela nasce desse sentimento de urgência, de apelo à luta diante da invasao de inimigos.

  6. HINO

    Pessoalmente entendo que o Hino Nacional deveria ser o que hoje conhecemos como Hino da Independencia. Brava gente brasileira…….

  7. A HISTÓRIA POUCO CONHECIDA…

    … DO HINO DOS USA

    Uma coisa muito interessante que eu só fiquei sabendo esse ano foi sobre o Hino dos USA, que tem a melodia da música ” To Anacreon in Heaven “, que era o Hino de um clube de beberrões ingleses do Século XVII, na Inglaterra. Anacreon ( ou Anacreonte ) era um poeta grego que fazia “canções de beber “. Os membros, homens ricos e de alta posição social, se reuniam no clube para beber, comer e cantar. Não sei quem teve a idéia de pegar a melodia da música do clube, puseram outra letra e decretaram como o Hino americano, usando a música dos beberrões ricos que se divertiam comendo e bebendo em seu clube privado e exclusivo. Tem de fato tudo a ver com os USA, não mudou quase nada em séculos. Não sei se a estória está 100% correta, talvez alguém tenha mais informações…

     [video:https://www.youtube.com/watch?v=2MVYl8iy2Ic%5D

     

    1. E muito viralatismo

      O post é sobre o HINO BRASILEIRO e ai me aparece um com essa estorinha…

      Para comentar sobre esse hino faça o favor de procurar a página dos tucanos.

  8. Tem o Hino Nacional das

    Tem o Hino Nacional das Marcas também

     

    O Hino das Marcas

    Num Posto da Ipiranga, às margens plácidas,
    De um Volvo heróico um Brahma retumbante
    Skol da liberdade em Rider fúlgido
    Brilhou no Shell da Pátria nesse instante
    Se o Knorr dessa igualdade
    Conseguimos conquistar com braço Ford
    Em teu Seiko, ó liberdade
    Desafia nosso peito à Microsoft.
    O Parmalat, Mastercard, Sharp, Sharp
    Amil um sonho intenso, um rádio Philips
    De amor a Lufthansa à terra desce
    Intel formoso céu risonho Olympikus
    A imagem do Bradesco resplandece
    Gillete pela própria natureza
    És belo Escort impávido colosso
    E o teu futuro espelha essa Grendene
    Cerpa gelada!
    Entre outras mil é Suvinil, Compaq Armada.
    Do Philco deste Sollo és mãe Doril
    Coca Cola, Bombril!

  9. O Hino Nacional

    Apresenta uma letra pouco assimilada pela maioria dos brasileiros. Em parte, por conter palavras de difícil uso, muitas das quais proparoxítonas (lábaro, impávido, fúlgidos, flâmula etc). Noutra, porque a letra de Duque Estrada, em sua estrutura sintática, emprega muito a ordem indireta.
    Colocados na ordem direta, eis como os seus primeiros versos ficariam:

    http://blogdopg.blogspot.com.br/2007/12/o-hino-nacional.html
     

    Bem mais compreensíveis do que são eles em sua versão oficial. Só que este “Novo Hino Nacional” não seria, digamos, tão cantável.

  10. Alemanha e Inglaterra
    Adoro música erudita , principalmente do barroco (Vivaldi , Bach ) , passando pelos clássicos e neoclássicos (Mozart , Haydn ) até o gênio do romantismo , Beethoven . Para mim , depois disso , pouco foi feito de notavel .
    Pois , ouvindo outro dia variadas obras desses grandes mestres , descobri que a melodia do hino alemão deriva de uma peça de Haydn e a do inglês ( “God Save the Queen” ) deriva igualmente de uma composição de Beethoven .
    Em tempo , o hino austríaco é lindo , uma verdadeira obra de arte com influência neoclássica , similar a uma composição mozartiana .
    ,

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