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Aumento da intervenção estatal na economia, promovendo novas nacionalizações, no setor petrolífero. Defendia-se, por exemplo, que a Petrobras deveria tomar o controle de refinarias então em mãos do setor privado.
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Convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte, exclusivamente formada por representantes dos grupos esquerdistas e nacionalistas (deixando de fora, portanto, as forças conservadoradas, mesmo as mais moderadas).
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Reforma Agrária sem prévia indenização em dinheiro.
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Fechamento do Congresso Nacional.
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Monopólio do câmbio e das exportações de café.
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Nacionalização do sistema financeiro.
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Legalização do PCB.
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Imposto de Renda progressivo sobre o patrimônio.
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Decretação unilateral da moratória da dívida externa.
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Limitação dos aluguéis residenciais.
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Imposição de limites aos investimentos estrangeiros.
Observação:
Quando Jango se encontrava no exílio, ele recebia a visita de muitos políticos, empresários e amigos que o mantinham muito bem informado sobre o que acontecia no Brasil.
Em uma dessas ocasiões, o presidente João Goulart recebeu a visita do seu ex-ministro João Pinheiro Neto. Durante a conversa com o mesmo, Jango fez uma análise bastante lúcida a respeito do Golpe de 64 que o derrubou da presidência da República.
Abaixo, reproduzo o que Jango falou nesta conversa (conteúdo retirado das páginas 580-581 do livro ‘João Goulart – Uma Biografia’, de Jorge Ferreira) com João Pinheiro Neto:
“Pessoalmente, nem você, nem eu, nem os nossos companheiros podemos nos lamentar de toda essa tempestade que desabou sobre nossas cabeças.
Uns vão sofrer mais, outros menos, mas nada irá se comparar ao flagelo que já começa a viver o povo brasileiro.
Sem as reformas de base, os anseios por renovação que incutimos em grande parte da população, especialmente entre os mais humildes e carentes, serão contidos à força. As liberdades públicas serão podadas.
Tu te lembras, quando estavas no Ministério do Trabalho, quantas vezes te pedi que dissesses aos nossos amigos dos sindicatos para moderarem as exigências. Não era possível atender todos e tudo ao mesmo tempo, reparando injustiças graves, velhas de séculos…
Se me forçarem demais a barra, vem aí uma ditadura militar, e eles não vão poder nem andar na rua. E não deu outra.
O pior é que vem aí um arrocho salarial dos diabos, e a mesma classe média que marchou alvoroçada contra o meu governo, agora, você já está vendo, começa a comer o pão que o diabo amassou.
Toda essa onda contra o governo, valendo-se da ingenuidade e boa-fé de tantos, não passou de uma gigantesca montagem cênica, uma orquestração de forças externas aliadas aos grandes industriais, ao capital financeiro especulativo e ao latifúndio.
E, o que é mais grave: fomos ‘ajudados’, você sabe de que modo, pelos insensatos que havia do nosso lado… O radicalismo exacerbado, de muitos que estavam do nosso lado, a tal história de ‘reformas na lei ou na marra’, as lideranças esquerdistas exercitando mais a vaidade do que o bom-senso e o patriotismo, tudo isso foi aos poucos empurrando o governo para extremos condenáveis.
Confesso que não me eximo de certa culpa, tudo isso teria se desfeito se eu desistisse das reformas”.
Simplesmente perfeita, esta análise do grande brasileiro que foi o Presidente João Goulart.
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