Brizola sabia que um regime de força se instala para entregar o país

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Enviado por Alfeu

O Brizola tinha uma capacidade formidável de criar frases e principalmente apelidar grupos políticos e sociais. Em um debate em 89 entre candidatos a Presidência da República, soltou um “Filhote da ditadura” para o Maluf, e que posteriormente significou ao bando que em 64 tomou o poder, e a seus simpatizantes.

Apesar de muitos acharem ser ele um dos responsáveis por esse golpe (é como pensar que o discurso do Deputado Marcio Moreira Alves foi o estopim para o AI-5), seu radicalismo na verdade era para neutralizar  as movimentações da extrema direita por quase toda a decada de 50 e nesse início dos 60.

Brizola sabia que um regime de força não se instala com o intuito de moralizar uma sociedade, de espantar o perigo vermelho, ou quem sabe enxotar o bicho-papão; mas sim para entregar o país  e que foi feito por pessoas que se corrompiam facilmente, mas que também corromperam as estruturas e instituições, que tentam se recuperar até hoje. Passaram o trator sobre tudo e sobre todos, e que o noticiário divulgava como ações para ‘manter a ordem”.

Ele vislumbrava também a necesidade de uma regulação  dos meios de comunicação, pois talvez intuísse que os Filhotes da ditadura perpetuariam e expandiriam sua ideologia e pensamento dos golpistas formando uma nova geração dos Filhotes dos filhotes da ditadura.  

Anos mais tarde Leonel Brizola viu o neo liberalismo chegar ao poder no Brasil, dando um arremate final à obra da ditadura, ou seja, o que foi construido para o capital internacional, agora era do capital internacional, dado. A essa turma, ele não perdeu a sua verve e os apelidou de “mauricinhos”.

O velho Brizola nunca esqueceu da história política desse país, pois ela vai caminhando em ondas e desse modo evitaria de  cair no mesmo erro, apesar das novas embalagens. O que ele não imaginava era que um dia a farda seria trocada pela toga. 

Uma outra coisa, o Jango quando caiu era para evitar o comunismo, e também porque ele era corrupto?

Por Aluizio Palmar

Do Documentos Revelados

Corrupção na construção da Usina de Itaipu pode ter motivado a morte do Embaixador José Jobim 

O Instituto João Goulart encaminhou no final de novembro denúncia ao Ministério Público Federal do Rio de Janeiro sobre a suspeita de que o embaixador José Jobim foi assassinado por agentes da ditadura militar em março de 1979. Poucos meses antes de sua morte, o embaixador declarou para políticos em Brasília que escrevia suas memórias em que denunciaria o esquema de corrupção na construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu.

José Jobim foi sequestrado em frente à sua casa em 22 de março de 1979. Dois dias depois, seu corpo foi encontrado no bairro do Cosme Velho, na cidade do Rio de Janeiro. Segundo a investigação do delegado Rui Dourado, Jobim se enforcou com uma corda. A hipótese é refutada pela filha do embaixador, a advogada Lygia Jobim, que busca a verdade sobre a morte do pai há 35 anos.

O documentário Itaipu, a quem interessa e escuridão? fornece mais informações sobre o possível assassinato do embaixador:

http://youtu.be/AcVhqqMXZI4 align:center

Em 1964, José Jobim foi enviado pelo presidente João Goulart ao Paraguai para acertar junto ao governo daquele país a compra de turbinas russas. José Jobim foi um diplomata experiente com longa carreira no Itamaraty e ocupou cargos nas embaixadas da Colômbia, Vaticano, Argélia e outras. Após o golpe civil-militar de 64, o consórcio brasileiro e paraguaio responsável pela obra cancelou as negociações com os russos e comprou equipamentos da multinacional Siemens. O projeto ‘Sete Quedas’ de João Goulart, orçado em 1,3 bilhão de dólares, foi substituído por outro que custou dez mais, R$ 13 bilhões de dólares.

O primeiro presidente da Itaipu Binacional foi o militar Costa Cavalcanti da linha dura entre os golpistas. Ele conspirou contra Jango, considerava branda a posição política do general Castello Branco e foi um dos articuladores da candidatura de Costa e Silva à presidência. Votou a favor da implantação do AI-5 em 13 de dezembro de 1968, na época, ocupava o cargo de ministro de Minas e Energia.

Por pressão do governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, as investigações sobre a morte de José Jobim foram reabertas em 1983. A promotora Telma Musse Diuana foi designada para cuidar do caso e solicitou novas investigações à polícia, baseando-se na “dubiedade do laudo que concluiu pelo suicídio”. Um inquérito foi finalmente instaurado, o qual considerou os fatores da morte do embaixador “todos incompatíveis com a hipótese adotada pelos legistas oficiais”. O processo acabou arquivado em 1985, sendo a morte de Jobim qualificada de “homicídio por autor desconhecido”.

DEPOIMENTO DE LÍGIA JOBIM

‘1979-2014 – Foram necessários 35 anos para que meu pai – JOSÉ JOBIM – tivesse sua dignidade de volta. Foi encontrado morto, pendurado numa árvore, seu corpo marcado por sevícias e suas roupas sujas de sangue. Foi interrogado sob tortura para dizer quem lhe passava as informações, que estava prestes a divulgar, sobre a corrupção em Itaipu. Devem ter achado que sua morte o tornava – e a nós – em vencidos. Não perceberam que vencidos foram eles que perderam a condição de seres humanos ao se deixarem dominar pela bestialidade. Lamento por seus filhos… De cachorro morto em beira de estrada a vítima da sórdida e boçal ditadura militar que dominou o país por 21 anos, o caminho foi longo. Não quero, nem posso, não agradecer àqueles cujo apoio foi de imensa importância para mim na fase final de mais uma etapa, e que não será a última. Acreditem que cada curtida foi um abraço, cada compartilhamento a certeza de que esse alguém não quer que o país viva novamente o arbítrio. Muitas vezes me perguntam por que tanta tenacidade. A resposta é simples: meu pai, como os Aézios, Amarildos e o Brasil merecem respeito. Nos últimos meses o incentivo maior foi o apoio de meus filhos e seus amigos. O apoio dessa juventude reforçou em mim a convicção de que minha esperança num futuro mais digno possa se concretizar. Meninos, quero que saibam que parte do que fiz foi por vocês. E também pelas Marinas, Henriques, Marias e Lucas, Tomás, Júlias, Pedros, e Erics, sem faltar minha Isabel Liz e Dom Alba. A lista de agradecimentos seria infindável, mas não posso deixar de destacar a CNV, na pessoa do Ministro Antonio Mesple, o Instituto João Goulart, nas pessoas de João Vicente e Verônica. À Carolina Cooper um obrigada especial, pois muito vem fazendo por generosidade e iniciativa própria. A cada um dos que acreditaram, um grande abraço, com a certeza de que passarão esta história adiante, para que nunca se esqueça, para que nunca mais aconteça.”

 

Mais informações sobre o Embaixador José Jobim: https://jornalggn.com.br/noticia/ex-alunos-pedem-afastamento-de-professor-envolvido-com-ditadura

 
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

8 Comentários

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  1. “O Brizola tinha uma

    “O Brizola tinha uma capacidade formidável de criar frases e principalmente apelidar grupos políticos e sociais. Em um debate em 89 entre candidatos a Presidência da República, soltou um “Filhote da ditadura” para o Maluf, e que posteriormente significou ao bando que em 64 tomou o poder, e a seus simpatizantes.”

    Teve um outro que ele chamou de “Sapo Barbudo”…

     

    1. Conheci Manoel Dias, muito

      Conheci Manoel Dias, muito amigo de Brizola, e ele falava que o caudilho gaúcho tinha verdadeira ojeriza ao Sapo Barbudo. Não a toa 2 meses após a eleição de Lula o Briza caiu fora.

       

    2. Chega a ser vergonhosa essa

       

      Brizolla era chamado pelos militares de sapo a ser engolido, desde sua eleicao para governador do Rio em 82. Como Lula era outro sapo que se eleito iria tamber ter que passar pela garganta pelos militares, Brizola apenas colocou o adjetivo “barbudo” para diferencia-los, ja que ambos eram considerados anfibios pelos milicos.

  2. Penso que a mídia nativa, a

    Penso que a mídia nativa, a groubo em particular, foi de uma eficiência sem par, em construir a polarização entre Collor e Lula.

    Tivesse o Engenheiro ido para o segundo turno daquela eleição acredito que ele seria eleito. A meu ver, Brizola eleito faria o mesmo ou melhor que o sapo barbudo e não teríamos governos acuados em relação à mídia nativa ou às suas “bases aliadas”. Como isso não aconteceu, ficamos naquela do “se”, como a presidência do Tancredo.

  3. NassifEste era o Cara antes

    Nassif

    Este era o Cara antes do Lula.

    Por isto que a mídia faz questão de não menciona-lo nem no seu aniversário.

    PS.: proxima liderança que esta surgindo chama-se Boullos, guarde este nome. e ele só tem 32 anos.

    1. É isso aí, Mario

      É isso aí, Mario Mendonça.

      Décadas e décadas depois a sociedade brasileira ainda está às voltas com o gargalo da educação. Se escola tivesse virado “mania nacional lá pelos anos 80, e não somente essa obsessão em “aclamar o maercado”, teríamos uma sociedade mais justa, mais produtiva e menos ludibriada por essa imprensa lesa pátria (sobretudo entre os diplomados, que acham “chique” imitar o que nela é publicado)

  4. a justiça tarda e às vezes

    a justiça tarda e às vezes falha.

    muito.

    mas a história é inexorável.

    um dia ela mostra os absurdos

    cometidos pelos criminosos de sempre.

     

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