Características da crise

Por orlando monteiro

Que tal esta entrevista como contribuição ao debate sobre como desenrolar o nó do desenvolvimento? Que tal Nassif, essa idéia de utilizar os fundos para alavancar como política de estado? Junto com o Pré-Sal dá liga boa, não dá? …”Dá pra fazer uma PAÌS”…!

Leia a seguir trechos da entrevista de Francisco de Oliveira à Carta Maior:

Carta Maior – A crise financeira atual repõe a centralidade do trabalho, ou seja, devolve à esquerda o sujeito histórico que ele acreditava ter se esfarelado na história?
Chico de Oliveira – Na verdade, não concordo que essa seja uma crise financeira; tampouco acho que a sua origem esteja nos mercados financeiros centrais. A meu ver estamos diante de uma crise da globalização do capital. Todas as outras também foram crises globais, claro, devido à centralidade do capitalismo norte-americano. Mas essa crise não floresce exatamente num ponto geográfico; à rigor, se formos localizá-la seria na incorporação da mais-valia gerada na China e na Índia nos últimos vinte anos; novidade esta que influenciou o conjunto da globalização capitalista e redundou no atual colapso; uma crise de realização do valor. O sintoma financeiro é sua manifestação mais evidente, mas não a sua essência.

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=15467

Comentário

Nesse sentido, é da mesma natureza das crises pré 1890 e das sucessivas crises que marcaram a primeira etapa de internacionalização do capital – que se encerra com a Primeira Grande Guerra.

Luis Nassif

37 Comentários

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  1. CM – Se a crise se agravar há
    CM – Se a crise se agravar há risco de a oposição ganhar terreno e viabilizar uma vitória de Serra?
    Chico – Serra antes de ser um personagem político é um caso psiquiátrico. Qual é o seu projeto afinal? É a obsessão pessoal e doentia pelo poder. Diante de uma crise da proporção que temos pela frente, porém, se você não avançar será soterrado por manifestações mórbidas. A pá de cal viria na forma de uma vitória tucana em 2010; aí sim estaríamos todos fritos. Eles ficariam aí por mais dez anos.

  2. Isto é que é distorcer a
    Isto é que é distorcer a verdade. Quem ler este artigo pensará que o STF toma decisões de caráter politico e não judiciário.
    Sobre as leis , nas quais as decisões foram tomadas, o jornalista não diz nada.E se disser irá distorcer..
    Assim é muito claro sua disposição de ser contrário. Esta ficando impossivel…

  3. A tendência é a análise de
    A tendência é a análise de Chico de Oliveira ascender à posição central, nesta discussão inicial da enorme crise do início de século. El.e tem atualizado sua análise e permanecido equidistante das “paixões” intelectuais, tanto do neoliberalismo quanto dos primeiros críticos à globalização, com exceção, talvez, de Milton Santos, que iniciou um debate consistente sobre os valores, mas faleceu há alguns anos. Naquele tempo o sistema era surdo para essa discussão, agora começa a ver que é o caminho.

    Esta é uma crise em camadas, e as mais profundas vão-se mostrando aos poucos, até chegar à equação produtiva básica, aos processos de composição de valores relativos e também às planilhas dos produtos.

    Não sei se o Chico de Oliveira irá manter essa postura crítica atualizada, evitando o marxismo clássico, mas, por enquanto, ele foi direto ao ponto, ao xis da questão.

    A composição de valores não só dos produtos, mas o valor da moeda em si, ou seja, deflação e inflação, serão parte central na transição do modelo ocidental tradicional para um novo modelo, que ninguém sabe direito ainda como será, mesmo que sejam vários modelos.

  4. Quem não leva a sério que o
    Quem não leva a sério que o atual governo do Brasil está investindo sério e pesado em ciência e tecnologia está perdendo oportunidades. Vejam só a montanha de dinheiro sem retorno para os projetos inovadores:

    Programa de Subvenção Econômica terá R$ 450 mi
    Empresas brasileiras com projetos inovadores já podem se candidatar aos recursos da chamada pública do Programa de Subvenção Econômica 2009. Ao todo, serão disponibilizados R$ 450 milhões para o desenvolvimento de produtos, processos e serviços em seis áreas estratégicas: Tecnologias da Informação e Comunicação; Biotecnologia; Saúde; Defesa Nacional e Segurança Pública; Energia e Desenvolvimento Social. Os recursos da subvenção são não-reembolsáveis, ou seja, as empresas não precisam devolver o dinheiro recebido. O edital está disponível no site da Finep

    (leia a íntegra)

  5. Caro Nassif,

    Francisco de
    Caro Nassif,

    Francisco de Oliveira, o pernambucano brasileiro não anti-paulista, mas anti-elite-oligárquica delineia as bases políticas de um Projeto para o Brasil.

    Será que o Lula tem coragem ou já dobrou o cabo da BOA ESPERANÇA?

    Sinceramente, acho que já dobrou, mas será uma grande honra e prazer, no dia de amanhã, poder falar do meu erro histórico.

    Quem viver verá!
    Sds,

  6. — Wells: ….. nas atuais
    — Wells: ….. nas atuais condições, quando o sistema se desmorona de todas as maneiras seria preciso dar mais destaque à eficiência, à competência, à produtividade, do que à insurreição. Parece-me que o tom insurrecional é antiquado…

    — Stálin: ……. o velho sistema se desmorona, está em decadência. Isso é certo, Porém também é certo que novos esforços se fazem, por outros métodos, por todos os meios, para proteger, para salvar este sistema agonizante….. O senhor estabelece, corretamente, que o velho mundo se afunda. Mas o senhor está enganado pensando que se afunda por si mesmo. Não. A substituição de um sistema social por outro é processo revolucionário complexo e de longo fôlego. Não é simplesmente um processo espontâneo, e sim uma luta, um processo relacionado com o choque entre as classes. O capitalismo está em decadência, porém não deve ser comparado simplesmente com uma árvore que haja apodrecido tanto que virá ao chão com seu próprio peso… os representantes do novo mundo têm sempre de estar alerta, de estar preparados para repelir os ataques do velho mundo contra o sistema novo.
    Sim, o senhor tem razão quando diz que o velho sistema social desmorona, porém não desmorona por si mesmo. Veja o fascismo, por exemplo. O fascismo é uma força reacionária que tenta preservar, por meio da violência, o velho mundo. Que farão os senhores com os fascistas? Discutirão com eles? Tratarão de convencê-los? Isso não teria, absolutamente, nenhum efeito…..

    (Entrevista de J. Stálin ao jornalista e romancista inglês H.G. Wells, em 23 de julho de 1934, durante a crise dos anos 30)

  7. Realmente é uma crise
    Realmente é uma crise sistêmica, onde o que está acontecendo é uma reavaliação de ativos em função da geração de riqueza através da alienação do capital patrocinada pelo estado Americano pela transferência de riqueza social para as mãos dos capitalistas na melhor tradição de Smith, Marx, kalec e Keynes.

  8. O gasto do Estado Americano
    O gasto do Estado Americano para financiar a guerra no Iraque e Afeganistão que estava sendo financiado pelo resto do mundo, consumo americano e pela desregulamentação do sistema financeiro que exigia cada vez juros mais altos e vista grossa dos orgão reguladores, serviram de alimentação à inflação e causaram a inadimplência que possibilitaria a crise do subprime, onde o combustível foi a iminência da vitória de OBAMA e a não manutenção da estrutura de financiamento do estado Republicano e a gota d’agua foi o não socorro à quebra do Leman (ativo Venezuelano), por questão política em mais uma gafe do BUSH.
    Tudo na melhor tradição de criação de riqueza do Smith, na alienação de capital pelo estado do Marx, na produção de riqueza com Kalecki e nas razões de colapso de KEYNES.

  9. # 06/01/2009 – 09:42
    # 06/01/2009 – 09:42 Enviado por: Buzzatti

    Assisti a uma análise econômica, a qual mostrava a evolução do aumento da taxa de juros americana pelo FED e com alguma defasagem o aumento do índice de inadinplência da economia, o que desembocou na crise do subprime.
    A causalidade é a seguinte, o que causa a inadimplência não é o desemprego, somente em última instância, mas sim os juros cobrados pelas dívidas. Consequência, os índices de inadimplência inevitavelmente aumentarão com a subida dos juros feitas pelo nosso BC e o desemprego somente ampliará seu resultado.

  10. Creio que faltam dados para
    Creio que faltam dados para definir as causas da atual crise econômica, mas de qualquer maneira enterder as causas da crise é meelhor maneira para tentar superá-la.

  11. Aqui do Alto Xingu, os índios
    Aqui do Alto Xingu, os índios informam o vultoso déficit do governo federal norte-americano previsto para 2009, de US$ 1,2 trilhão, o qual. se incluído o pacote de estímulo do Obama, dá algo parecido a US$ 2 trilhões, ou seja, 13,8% do PIB!!!. É o que acada de divulgar o Congressional Budget Office. Com um défit público nesse nível, como captar recursos externos pagando taxas simnólicas? Mesmo elevando as taxas de juros em algum ponto no futuro próximo — o que terá reflexos terríveis aqui — como será inevitável, quem se arriscará a emprestar?

  12. Francisco de Oliveira sempre
    Francisco de Oliveira sempre foi uma voz lúcida, que mesmo em seus momentos mais militantes não perdeu a perspectiva crítica. Nessa entrevista para o site Carta Maior, sabendo com quem falava, maneirou um pouco o tom (afinal, educado que é, não iria desrespeitar o anfitrião), mas manteve a postura e criticou o governo atual e o PT, ressaltando as qualidades tanto do partido qto do governo. A análise da mais-valia adicionada por India e China é bem interessante, e vale ser mais explorada. Agora, cabe ressaltar como o site Carta Maior, chapa branca total (basta ver os solitários banners governamentais que adornam suas páginas), dá um viés para as palavras do sociólogo, dando a entender um apoio ‘oba-oba’ ao PT e ao governo…fico imaginando a mesma entrevista na Veja: o viés seria exatamente o oposto. Um bom exemplo de como as coisas funcionam tanto na grande imprensa quanto nos nanicos engajados…só muda a mão de direção, pelo visto.

  13. Um erro na minha mensagem
    Um erro na minha mensagem anterior. Na terceira linha, leia-se:
    “mas manteve a postura e criticou o governo atual e o PT, mesmo ressaltando as qualidades tanto do partido qto do governo.”

  14. Credito fiscais para quem
    Credito fiscais para quem consumir consumo. Creio ser esta a solução mais apropriada para a crise atual.
    Vamos lá.

    Creio que achei a solução para esta crise de confiança, principalmente dos consumidores dos países desenvolvidos, no caso EUA, União Européia e Japão.

    O Tesouro Americano já concedeu incentivos fiscais no início de 2008, e se está em discussão mais uma rodada de incentivos fiscais, o Japão já realizou esta tentativa no passado e também discute uma nova rodada de de incentivos fiscais para fevereiro de 2009.

    Os incentivos têm sua razão de ser, além de ser uma tentativa de recuperar as vendas e com ela o emprego e renda, ainda se têm o argumento de que se nada não for feito haverá queda de imposto que seriam arrecadados com as vendas, empregs e renda perdida.

    No caso dos EUA na forte queda nas vendas automóveis o governo deixa de arrecadar os impostos não só das vendas dos automóveis, como do emprego e da renda que são perdidos com a venda de automóveis.

    No caso do Brasil a perda ocorrer da mesma maneira;

    Da mesma maneira que não garantido que o incentivo fiscal concedido pelos governos seja transformado em aumentos de consumo, o aumento de gastos do governo principalmente em investimentos também tem suas desvantagens em função que parte dos gastos é perdida na própria máquina dos governos e nas corrupções que neles se instalaram.

    Na atual crise econômica o que precisamos fazer agora é recupera parte do consumo perdido e depois tratarmos de tentar resolver os outros probleminhas.

    No caso do Brasil se optou por conceder isenções de IPI e de IOF, ocorre a perda de receita do IOF, mas mantém parte da receita gerado com o emprego e da renda que seriam perdidos.

    Mas poderíamos ser mais direto tanto no principalmente nos EUA, Europa e Japão, onde quase todas as famílias pagam impostos de renda, e onde ocorreram as maiores quedas na venda de automóveis e imóveis.

    Creio que um boa medida seria permitir a dedução no imposto de renda e/ou nos nos mais diversos impostos pagos pelas pessoas físicas de parte dos impostos pagos na compra de automóveis e de imóveis.

    No caso dos imóveis até parte dos juros pagos na compra de imóveis deveria ser permitida a dedução no imposto de renda ou em qualquer outro imposto que a pessoa física teria que pagar.

    O Governo teria a prerrogativa de regular o desconto, casa a demanda se torne demasiada.

    Roberto São Paulo/SP 07/01/2009 15:45

  15. entrevista de Chico de
    entrevista de Chico de Oliveira aponta algumas aproximações entre a crise atual e a de 1930, com o Brasil diante de mais uma perigosa encruzilhada da história.

    ” Estamos diante de uma fresta histórica: uma suspensão do hegemon [EUA com Obama tendo de ” lamber as próprias feridas”] e um espaço de complementariedade para remar na mesma direção, o que poderá favorecer os dois lados a sair do buraco…”
    .
    ” Logo precisaria reinventar o PT; um PT com a ousadia de um Kubitschek e de um Vargas; para fazer por baixo o que eles tentaram e fizeram por cima; um arranque do desenvolvimento induzido pela base social para mudar a economia e a sociedade. ”
    .

  16. entrevista de Chico de
    entrevista de Chico de Oliveira converge vários posts do próprio Nassif aqui no blog e também muitos comentários de diversos participantes (inclusive eu) sobre a necessidade do Brasil não perder a janela histórica que se abre (pois assim como se abre, se fecha).

    neste sentido:

    1. crítica ao governo é indispensável. não para fazer o jogo da Direita. e sim para forçar o governo atravessar o Rubicão (não perder a fresta histórica);

    2. ao contrário de 1930 (Getúlio) e 1950 (Juscelino) e 1964 (militares), que foram modernizações conservadoras, Lula tem em suas mãos a primeira oportunidade de uma modernização pela base, cabe a opinião pública e a sociedade civil organizada compreender esta oportunidade e fazer com que o governo aja;

    3. este trabalho de formulação de um plano estratégico para o país e fazer com que o governo e os setores dominantes o aceitem (como Getúlio fez em 1930) é necessariamente uma ação suprapartidária: sem sectarismos (PT x PSDB, PSOL x PT), sem oficialismos (Lula como intocável), sem extremismos (sempre trabalhando na convergência de propósitos e formação de consensos, mas sem fugir dos enfrentamentos)

    4. chance é tão favorável que se dá num contexto de crise no coração do sistema, os EUA, que momentaneamente precisarão redirecionar o foca para seus assuntos internos, o que permite um rearranjo de alianças e papel estratégico de cada uma delas – na perspectiva dos EUA. o que cria possibilidades para o Brasil se libertar de seu eterno papel dependente e associado para se tornar parceiro estratégico, como hoje é a China.

    é mole!

    são estes os nossos tempos. e estes nossos tempos perigosos e muito interessantes, podem ter certeza, se reflete, ao contrário do que muitos parecem pensar, no cotidiano de cada um de nós.

    estamos todos numa esquina crucial da história. como dobrá-la? como viver intensamente o espírito de nossa época?

    .

  17. entrevista de Chico de
    entrevista de Chico de Oliveira converge vários posts do próprio Nassif aqui no blog e também muitos comentários de diversos participantes (inclusive eu) sobre a necessidade do Brasil não perder a janela histórica que se abre (pois assim como se abre, se fecha).

    neste sentido:

    1. crítica ao governo é indispensável. não para fazer o jogo da Direita. e sim para forçar o governo atravessar o Rubicão (não perder a fresta histórica);

    2. ao contrário de 1930 (Getúlio) e 1950 (Juscelino) e 1964 (militares), que foram modernizações conservadoras, Lula tem em suas mãos a primeira oportunidade de uma modernização pela base, cabe a opinião pública e a sociedade civil organizada compreender esta oportunidade e fazer com que o governo aja;

    3. este trabalho de formulação de um plano estratégico para o país e fazer com que o governo e os setores dominantes o aceitem (como Getúlio fez em 1930) é necessariamente uma ação suprapartidária: sem sectarismos (PT x PSDB, PSOL x PT), sem oficialismos (Lula como intocável), sem extremismos (sempre trabalhando na convergência de propósitos e formação de consensos, mas sem fugir dos enfrentamentos)

    4. chance é tão favorável que se dá num contexto de crise no coração do sistema, os EUA, que momentaneamente precisarão redirecionar o foca para seus assuntos internos, o que permite um rearranjo de alianças e papel estratégico de cada uma delas – na perspectiva dos EUA. o que cria possibilidades para o Brasil se libertar de seu eterno papel dependente e associado para se tornar parceiro estratégico, como hoje é a China.

    é mole!

    são estes os nossos tempos. e estes nossos tempos perigosos e muito interessantes, podem ter certeza, se reflete, ao contrário do que muitos parecem pensar, no cotidiano de cada um de nós.

    estamos todos numa esquina crucial da história. como dobrá-la? como viver intensamente o espírito de nossa época?
    .

  18. A crise é de confiança, algo
    A crise é de confiança, algo fora do sistema.

    O Sr. Chico de Oliveira realmente é muito culto, mas não entende patavina nenhuma do que esta a comentar, uma pena.

  19. André Oliveira escreveu:
    “A
    André Oliveira escreveu:
    “A crise está na incorporação da mais-valia gerada na China e na Índia nos últimos vinte anos??
    Desculpe mas ele viajou”

    Traduzindo do jargão marxista para um economês mais popular. O aumento de oferta de trabalhadores devido à incorporação das populações da Índia e da China à produção industrial, fenômeno também chamado Globalização, diminuiu os preços cobrados pelo Trabalho. Lembrem-se, se oferta aumenta sem um correspondente aumento de demanda, os preços caem.

    É uma análise interessante, pois considera que a crise foi gerada pela Globalização e que a crise é um fenômeno mais extenso do que uma crise financeira. É fato que os EUA transferiram boa parte da sua produção industrial para a Índia e China e que gerou uma desindustrialização do país. Nessa situação, não seria possível à população dos EUA manter os níveis de renda e de consumo nos patamares que existiam sem o surgimento de algum esquema financeiro trambiqueiro (os tais derivativos).

    Ao longo dos próximos anos e décadas teremos um longo debate sobre o que causou a atual crise e como o fenômeno se desenvolveu, mas temo que quando houver um consenso a China já será a maior potência e a hegemonia dos EUA terá sido relegada aos livros de História.

  20. Aqui do Alto Xingu, os índios
    Aqui do Alto Xingu, os índios lembram que os fundos de pensão são entidades de direito privado e seus dirigentes têm que prestar contas dos investimentos e da rentabilidade das respectivas aplicações aos seus associados, assim como à entidade patrocinadora e aos órgãos supervisores. Partidos políticos, sindicatos e sindicalistas não têm ingerência sobre a gestão dos fundos, mas apenas os associados, por meio de eleições e aprovação anual das contas, e a respectiva entidade patrocinadora, por meio de indicação de conselheiros. Evidentemente, nada impede que partidos políticos montem chapas para disputarem a direção de fundos de pensão. Mas, essa nunca foi uma prática aceita pelos associados, os quais, após contribuírem por décadas, desejam que o respectivo fundo acumule reservas suficientes para assegurar justa aposentadoria na velhice. É um direito trabalhista que vem do século XIX. Nada impede, no entanto, que os fundos de pensão venham a participar, desde que com total liberdade de avaliação dos projetos e de decisão, de projetos de investimento dentro de um Plano Estratégico de Investimento de um eventual governo brasileiro, mas isso dentro dos princípios de segurança, liquidez e rentabilidade — e não a fundo perdido. Mas, o prezado Chico de Oliveira deixou de enfocar o aspecto muito mais relevante para a transformação da economia brasileira em uma colméia de investimentos: o governo tem que restituir o Banco Central à sociedade civil retirando seu controle das garras do rentismo financeiro. Seria fácil: bastaria compor a diretoria com 10 representantes dos seguintes setores: agronegócio, índustria, comércio, setor financeiro público, setor financeiro de economia mista, setor financeiro privado, trabalhadores rurais, trabalhadores urbanos e dos dois maiores partidos políticos. Teríamos um Banco Central com representatividade social e, obviamente, com sensibilidade para as necessidades de investimento da economia brasileira e, portanto, para a redução das taxas de juros, essas sim, estratégicas para o sucesso de qualquer projeto brasileiro de envergadura. Estranhamente, esse tabu neoliberal — a autonomia do Banco Central — ficou de fora das preocupações do nosso Chico. Imperdoável!

  21. A crise atual tem sua origem
    A crise atual tem sua origem simplesmente no abandono das moedas lastreadas, e na adoção do dólar como moeda de troca internacional. Os EUA decidiram então parar de trabalhar, mandar produzir tudo fora do país, e pagar com dinheiro falso. Esse dinheiro falso é acumulado pelos países produtores/ exportadores como se fosse ouro, o que não é. Além disso, foi permitido pelas autoridades que o fracionamento do sistema bancário extrapolasse todos os limites do bom senso, indo até 40X. A permanente injeção de dinheiro na economía (inflação) provocou a alta dos ativos de forma quase permanente (ações primeiro, e imóveis depois). Sobre esta lei da antigravidade econômica, os bancos montaram toda classe de esquemas piramidais, dando crédito irrestrito a pessoas e corporações, e ainda, graças a globalização, espalharam esses riscos pelo planeta afora. Ainda mais, todos os governos também fizeram isso internamente, imprimindo dinheiro falso para cobrir rombos previdenciários (outro gigantesco esquema piramidal, onde o dinheiro que entra serve para pagar as aposentadorias atuais, e não para gerar um fundo sustentável), para financiar guerras, e programas de estímulo. Jamais a solução vai ser imprimir mais dinheiro falso. Jamais a existência de grandes massas populacionais vai ser uma vantagem per se. É como se um pai de família, sem emprego e atolado em dívidas, visse como solução aos seus problemas aumentar o seu mercado de consumo, tendo mais filhos, pedir mais dinheiro emprestado, sair de férias e gastar tudo, criando a sensação na família de que a crise já passou. Ao voltar de férias, terá uma dívida ainda maior, gastos maiores, terá gasto o novo dinheiro emprestado em futilidades não produtivas, e ficará numa situação pior do que a anterior. Se isso faz sentido para uma pessoa, porque não faz sentido para um conjunto de pessoas, que é uma nação?

  22. Índio Tuoi,

    aqui da Serra
    Índio Tuoi,

    aqui da Serra da Mantiqueira, arkx sugere considerar os seguintes pontos sobre os fundos de pensão:

    – foram os fundos que bancaram grande parte das privatizações (junto com o BNDES) de FHC. apesar disto não tem o devido lugar na gestão das empresas, sendo o caso da telefonia o mais emblemático – com todas as ramificações desde Ricardo Sérgio até Daniel Dantas;

    – quando se escrever a história de como o PT descobriu o “mapa da mina”, se constatará que não foi exatamente com Delúbio no FAT, e sim quando os “companheiros” venceram eleições para a diretoria dos fundos de pensão;

    – fundos de pensão tem obrigações de longo prazo mas grande volume dos recursos são aplicados em ações, renda variável sujeita a risco não muito compatível com os objetivos do fundo. mas isto faz parte do “mapa da mina”’

    – fundos de pensão deveriam aplicar em títulos públicos com rentabilidade compatível com as obrigações do fundo, sendo que os títulos deveriam ser para financiar infraestrutura.

    – fundos de pensão deveriam participar diretamente da gestão das empresas que tem participação – e não apenas os cargos decorativos em conselhos.

    Índio Tupi está totalmente certo. de nada adianta qualquer iniciativa se a matriz de todas as mudanças não for feita, que vem a ser a retomada do BC.

    é ilusão que uma redução da Selic em 0,25%, ou mesmo de 0,50%, implicam em grande alteração na política monetária. mudanças no BC devem ser estruturais, na linha do sugerido pelo Índio Tupi.
    .

  23. Aqui do Alto Xingu, os índios
    Aqui do Alto Xingu, os índios ressaltam que a crise global decorre de excesso de investimento nos países emergentes, principalmente China, Índia, que gerou sobrecapacidade mundial de produção. A deflação e a estagnação ocorrem porque a demanda agregada mundial está anêmica; será crescente a taxa de desemprego e a compressão salarial será intensificada. Vários bancos centrais já estão com taxas de juros próximas a zero, colocando a economia mundial presa em três armadilhas: de liquidez, de deflação e de dívida: o banco central não pode mais estimular a economia, o consumo e o investimento se congelam e, com a queda do emprego, a demanda cai ainda mais. As esperanças repousam em políticas heterodoxas de expansão fiscal, de redução da tributação, resgate de instituições financeiras, de investidores e de tomadores. Se houve a criação de sobrecapacidade de produção, houve excesso de crédito; houve excesso de investimento. E, nesse festival de felicidade, ocorreram muitas bolhas especulativas. Foi a maior bolha de ativos e de crédito da história econômica. Agora, estamos no epicentro do maior aperto de crédito da história. As perdas do setor financeiro ficarão acima dos US$ 2 trilhões. O sistema financeiro mundial está praticamente paralizado e só funciona com injeções na veia por parte de muitos bancos centrais, que assumiram o papel de bancos comerciais e de tomador de papéis empresariais. Nesse contexto de restrição de crédito, em que a retração econômica se disseminará em nível mundial, provocando queda de cotações de matérias-primas e produtos primários — que respondem por 50% de nossas receitas de exportação –, sem mencionar os preços dos bens industriais, e retração dos mercados consumidores de produtos brasileiros, faltou ao nosso prezado Chico de Oliveira ter apontado quais setores da economia brasileira seriam alvo de investimentos, explicitando as razões, de onde proviriam os recursos — os fundos de pensão estão sujeitos a regras explicítitas de aplicação e rentabilidade — e de onde proviria a demanda para a absorção desses produtos.

  24. muito interessante esse
    muito interessante esse momento em que estamos vivendo, como se nota pelos comentarios aqui. Acho que ainda há possibilidade de um refluxo da globalização. Diante do avanço da produtividade, acho que seria preciso colocar em discussão a redução da jornada de trabalho e a criação de mais vagas e portanto mais consumidores (ativando assim a demanda). Quanto ao barateamento da força de trabalho creio que seja preciso a criação de sindicatos mundiais de trabalhadores e a expansão de movimentos de comércio justo (social e ecológico). De qualquer forma será preciso uma revolução cultural. Não sei se o mundo será capaz.

  25. Índio Tupi (desculpe-me pela
    Índio Tupi (desculpe-me pela grafia errada anteriormente)

    do alto da Serra da Mantiqueira parece-me bem claro tanto os setores alvo de investimentos quanto a origem dos recursos.

    – origem dos recursos: queda da Selic, remunerar o over com taxa real negativa e zerar o superávit primário.

    – investimentos:

    1. reforma agrária com alto conteúdo tecnológico (Embrapa, Senar, APLs);

    2. reforma urbana (urbanizar as favelas onde for possível, onde não for, construir bairros populares com alta qualidade de vida);

    3. incorporação do “empreendedorismo informal” (legalizar os milhares de pequenos negócios);

    4. reaparelhamento da saúde pública;

    5. reforma e criação de universidades e escolas técnicas;

    6. ampla e profunda reforma da infraestrutura de transportes;

    7. foco 1: água, alimentos, energias renováveis.

    8. foco 2: TI, petróleo, reaparelhamento militar (inclusive reativação da indústria bélica);
    .

  26. André Oliveira
    André Oliveira escreveu:

    “Caro João Carlos,

    Eu estou familiarizado com a teoria marxista e seus jargões e continuo achando que o Francisco Oliveira viajou.”

    Não sei o quanto ele “viajou”. Já havia lido sobre o aumento da oferta do Fator Trabalho bem antes da crise aparecer. Parece ser uma das razões do barateamento dos preços dos produtos industrializados e uma razão da baixa inflação dos países centrais nos últimos 10 anos. Acho que Krugman tocou no assunto em um dos seus artigos, bem antes da crise estourar. E Krugman é keynesiano e não marxista.

    Há fenômenos estranhos ocorrendo. O endividamento dos EUA e o fato de boa parte da dívida estar nas mãos do governo chinês. A crise nos EUA não é só financeira, a recessão começou em dezembro de 2007, antes da crise financeira estourar. E as montadoras americanas estão tecnicamente falidas, precisarão de ajuda governamental por muito tempo.

    Sugiro analisar os pontos levantados pelo pensador marxista com cuidado. Uma análise “fora da caixa”, longe do pensamento tradicional, pode focar pontos que passam despercebidos.

    Não me parece que a crise financeira que vemos agora seja a causa do processo em curso, mas um sintoma, um resultado. Venho afirmando há muito tempo que essa crise só ocorreu devido ao processo de desregulamentação bancária, que ocorreu nos governos Clinton e Bush. Foi quebrada a separação entre bancos comerciais e bancos de investimento e muito banco comercial investiu o dinheiro do correntista em derivativos. Além disso, o sistema de valoração destes derivativos jamais foi fiscalizado, porque a crença era que os mercados se auto-regulam.

    Se há a possibilidade de que um processo mais amplo esteja ocorrendo, ele deve ser analisado. E venho repetindo já há muito tempo que estamos vivendo uma mudança de paradigma histórico, o fim da hegemonia dos EUA. Meus primeiros posts aqui sobre a crise que estamos vivendo agora remontam a 2007 e eu já dizia que era mudança de paradigma histórico.

    Minha análise jamais foi marxista. No entanto, devo reconhecer que Francisco Oliveira aponta um fator que jamais levei em consideração e que pode ser importante para uma análise mais geral. O fato é que está ocorrendo um processo de desindustrialização dos EUA nas últimas décadas. O papo de que economias avançadas só precisam do setor de serviços é balela, na verdade é o caminho para economias falidas. Os EUA estavam exportando, nos últimos anos, derivativos. Ninguém mais vai comprar.

  27. Como alguem já disse: se
    Como alguem já disse: se quiser alguma notícia boa sobre o Brasil ou sobre Lula, leia os jornais do exterior. Deu no Financial Times: “Brasil está ‘bem colocado’ para enfrentar crise”.

    O Brasil está mais bem colocado para enfrentar a crise do no passado, diz reportagem na edição desta quinta-feira do jornal britânico, “Financial Times”.

    Segundo “FT”, há um ano o Brasil parecia a muitos investidores “como um modelo de descolamento (decoupling)”, explicando que o sistema financeiro do país “tinha pouco contato com a crise do subprime dos Estados Unidos ou investimento bancário no mundo desenvolvido”.

  28. João Carlos,

    ->.”E venho
    João Carlos,

    ->.”E venho repetindo já há muito tempo que estamos vivendo uma mudança de paradigma histórico, o fim da hegemonia dos EUA.”

    em livro recente (citado aqui no Blog do Nassif – “O mito do colapso do poder americano”), José Luís Fiori e Carlos Medeiros analisam:

    – o “declínio relativo”dos EUA frente à China faz parte de um processo de acumulação de poder e riqueza dos EUA, já que o crescimento da China é dependente e associado a economia norte-americana (assim como anteriormente ocorreu com Alemanha e Japão);

    – EUA não estariam no rumo do colapso por ainda controlarem: tecnologia de ponta (civil e militar), preço internacional de alimentos e energia, acesso às principais fontes de energia e a moeda internacional;

    – EUA tem seu passivo externo, assim como o pagamento de suas importações, efetuados em sua própria moeda;

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  29. Redução da jornada de
    Redução da jornada de trabalho no ocidente e na China. Esse é a grande bandeira trabalhista no século XXI. E pelo que tem sido dito aqui, uma das chaves para superarmos a crise estrutural que vivmos hoje.

  30. Aqui do Alto Xingu, os índios
    Aqui do Alto Xingu, os índios esclarecem ao arkx: 1) é falso afirmar que os fundos de pensão “bancaram grande parte das privatizaçõers” (eles participaram no próprio interesse; em casos raros foram forçados pelo governo de FHC, contra forte repúdio dos associados; 2) ao contrário do afirmado por arkx, os fundos de pensão estão representados nos Conselhos de Administração e nos Conselhos Fiscais das empresas em que participam; 3) é pura fantasia afirmar, como faz arkx, que os fundos de pensão constituem “mapas da mina” do PT; a propósito, houve uma CPI sobre o assunto, criada para apurar acusações da espécie, levantadas principalmente pelo então PFL, que chegou à conclusão que a acusação era infundada; 4) embora arkx desconheça, os fundos de pensão sempre aplicaram em títulos públicos.

  31. Nassif:
    O que muito se fala é
    Nassif:
    O que muito se fala é que muitas empresas perderam até 60% do valor, mas como? se disser que elas perderam credibilidade moral, isso aceito, vou citar um exemplo:
    se um empresario tem uma empresa de onibus em São Paulo, com uma frota de 1000 onibus, fabricados no ano 2000, e ele vem no nordeste, e diz que esse patrimonio vale digamos R$ 100 milhões, mas ele não diz em que estado estão estes onibus, e um nordestino interessado no compra, quando vê os onibus mal conservados e que não valem os R$ 100 milhões, mas sim R$ 40 milhões, como afirmar que esses empresario teve uma perda de 60% do seu patrimonio, apenas o seu patrimonio é que estava superfaturado do seu valor real, trocando em miudos, ele estava querendo aplicar um golpe em algum incauto, e isso a bolsa de valores fazem muito bem, com a especulação de ações, e não é dificil aplicar um golpe, basta um sujeito esperto, ter algum dinheiro, pesquisar empresas quase quebradas, ações que não vale praticamente nada, comprar o maximo de ações dessa empresa, e depois de algum tempo por a venda essas ações, e ele mesmo recompar por valores expressivos, isso leva outros expeculadores a querer essas ações, depois eles põe a venda essas ações, e ganham um bom dinheiro dos otarios, que quando vão abrir os olhos perderam dinheiro, e essas ações não valem praticamente nada, esse golpe já fora praticado.

  32. Índio Tupi,

    assunto é
    Índio Tupi,

    assunto é importante e já está saindo de foco. mas vá lá…

    1. fundos de pensão bancaram sim, com o BNDES, privatizações de FHC, com reflexões na hoje fusão Oi/Brt. e Daniel Dantas;

    2. representantes de fundos de pensão em Conselhos de Administração e Fiscal das empresas não rem poder de fato para decidir a política das empresas. cargos são na prática complemento de remuneração dos conselheiros (por isto muito disputados por indicações políticas). empresas com participação dos fundos de pensão deveriam ser geridas voltadas para os interesses nacionais, e não para rentabilizar investidores de Wall Street (ADR);

    3.fundos de pensão são sim o principal “mapa da mina” do PT.falo de R$ 1,5 milhão em cima da mesa (e não dentro de malas ou nas cuecas);

    4. óbvio que fundos de pensão investem em títulos públicos!!! mas analise o portfólio e verifique rapidamente a desproporção aplicada em ações (alguns casos mais do que 50% dos recursos!).

    Índios são gente boa, mas tão por fora do que ocorre nos fundos de pensão.

    CPI nenhuma vai apurar nada dentro do quadro político atual, onde todos os envolvidos tem o rabo preso. e o melhor exemplo disto é o jogo de compadres para abafar a Satiagraha.

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  33. índios do Alto
    índios do Alto Xingu,

    considerem o poder que se tem ao gerir centenas de bilhões de reais.

    um telefonema para um grande banco, resulta num CDB de R$ 1 ou R$ 2 bi.

    qual a contrapartida? ligue os pontinos…

    não se trata de corrupção pessoal (apesar de algumas vantagens sempre estarem disponíveis).

    olha aí agora acontecendo na cara de todo mundo a transação BB/Votorantim.

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