Dia Internacional Contra a Homofobia

Por Gunter Zibell

Acho que com Sensus (35,7 x 33,2), entrevista da Dilma na CBN, Irã, etc. pouca gente atentou para uma data muito importante:

DIA INTERNACIONAL CONTRA A HOMOFOBIA (17/maio)

Nessa data, há exatamente 20 anos, em 1990, foi quando a Organização Mundial da Saúde tirou a Homossexualidade da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID.)

É claro que nós sabemos que nunca foi doença, mas o claro posicionamento da OMS a respeito ajudou muito a retirar o estigma e a permitir que barreiras preconceituosas fossem derrubadas. Desde então muitos países permitem a participação de gays e lésbicas nas forças armadas, estabeleceram leis que garantem os direitos civis das parcerias homoafetivas, etc.

Um pouco da história da data, em inglês:

http://en.wikipedia.org/wiki/International_Day_Against_Homophobia_and_Transphobia

Um país que merece uma menção honrosa nesse tocante é a Espanha, cuja legislação é a mais igualitarista dentre as da Europa. Dos países subdesenvolvidos, a legislação mais avançada é a da África do Sul.

A homofobia não pode ser tratada como uma questão ideológica. É um problema que aflige várias culturas, diferentes regimes políticos, países desenvolvidos ou em desenvolvimento. Não por acaso, há diversidade também em quem se manifesta, da sobrinha de Castro a políticos paulistas…

http://paroutudo.com/noticias/2010/05/17/cuba-celebra-dia-internacional-contra-a-homofobia/

http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/lenoticia.php?id=209891&c=6

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Mas, ao contrário de discutir direitos ou reclamar do relativo atraso do Brasil nessa questão, gostaria de salientar o papel de uma arte, o cinema, nessa questão.

O cinema, em função de sua popularidade e internacionalidade, que ultrapassam segmentos sociais, e pelo seu posicionamento positivo de décadas (de 2 a 3 décadas antes da manifestação da OMS, por exemplo), teve duas funções muito importantes.

Para os gays e lésbicas oferece uma referência fundamental. Ver personagens com dilemas e problemas parecidos, na tela do cinema, nos dá a dimensão de que não somos estranhos, nem exceções na sociedade. Dá os exemplos que faltam no cotidiano, na escola, trabalho ou família.

Para os heterossexuais julgo que oferece a oportunidade de conhecer um pouco mais, ainda que superficialmente e na forma de entretenimento, daquilo que às vezes lhes traz receios infundados. Nada melhor do que se aproximar do “outro” para compreendê-lo e assim começar a celebrar a diversidade. Principalmente se houver o envolvimento de atores e diretores do “mainstream”.

Alguns filmes que fizeram história:

“Um dia Muito Especial” (Uma Giornata Particolare), de Ettore Scola, 1977, com Sophia Loren e Marcelo Mastroianni. Dá a exata medida de como os comportamentos individuais são afetados pelos sistemas políticos totalitários, como o fascismo, e também uma amostra de como a real divisão entre homens e mulheres se dá no escopo da heteronormatividade.

“A Gaiola das Loucas” (La Cage aux Follies), de Édouard Molinaro, com Ugo Tognazzi e Michel Serrault. O filme é engraçadíssimo, não posso me furtar a copiar uma resenha da Wikipedia:

“O filme narra a chegada de Laurent Baldi à casa dos pais, um casal homossexual formado por Renato, o gerente de uma boate drag de Saint-Tropez, e Albin, a atração principal do estabelecimento. Laurent volta para casa para anunciar que está noivo de Andrea, filha do político ultra-conservador Simon. Com a ocorrência de um escândalo sexual em seu partido político, Simon decide casar sua filha com Laurent para poder fazer a mídia esquecer tudo, sem imaginar como é a família do noivo.”

Como comédia que cruza fronteiras culturais, entre gerações e países, nada melhor que “Banquete de Casamento” (Hsi yen), de Ang Lee. O personagem principal é um chinês, radicado nos EEUU, que se envolve com vistos de permanência, parentes conservadores de outra geração e uma gravidez acidental. Um pouco de tudo.

Mas, dos filmes mais recentes, nada mais midiático que o oscarizável “O Segredo de Brokeback Mountain”, novamente de Ang Lee. As experiências de vida de dois cowboys em seu autorreconhecimento, mais a belíssima trilha e produção, fizeram esse filme ganhar 3 dos 8 Oscars que disputou (perdendo o de melhor filme para o excepcionalmente bom “Crash”.) Talvez nunca antes um filme com personagens gays tenha entrado para a lista das 10 maiores bilheterias.

Poderia citar muitos e muitos outros importantes para a nossa pequena comunidade. Mas, qual filme com personagem gay e/ou lésbica você viu e gostou? Que lhe deu um sentimento de pertinência ou, pelo menos, um maior entendimento?

Luis Nassif

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