Marina Ginestà, ícone da resistência na Guerra Civil Espanhola

Marina Ginestà (1936)

Por Tamára Baranov – Rio Claro/SP

Marina Ginestà
(Toulouse, França, 29 de janeiro de 1919 – Paris, França, 06 de janeiro de 2014)

Marina Ginestà tornou-se ícone da resistência contra Franco durante a Guerra Civil Espanhola graças a uma fotografia do alemão Hans Gutmann, mais tarde Juan Guzman. A famosa fotografia foi tirada em 1936. Ela mostra Marina com 17 anos posando com um rifle no topo do Hotel Colón, Barcelona. Como ela era uma repórter foi a única vez que carregou uma arma. Marina não gostava da famosa fotografia por considerá-la bastante artificial, preferindo outras, como a do seu reencontro com seu irmão Albert, em frente ao rio Ebro. Mais tarde a fotografia foi capa do livro ‘Las Trece Rosas’ de Carlos Fonseca, um professor e bibliotecário nicaraguense que fundou a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN). ‘Las Trece Rosas’ é o nome dado na Espanha a um grupo de treze jovens mulheres, sete das quais eram menores de idade que foram executadas por um pelotão de fuzilamento franquista logo após o final da Guerra Civil Espanhola. A execução foi parte de uma campanha maciça e incluiu 43 homens jovens, entre eles um de quatorze anos de idade.

Marina Ginestà nasceu em Toulouse, na França, com 11 anos mudou-se para Barcelona com seus pais. Mais tarde juntou-se ao Partido Socialista da Catalunha (PSUC). Na guerra, inicialmente, atuou como tradutora para Mikhail Koltsov, correspondente do jornal soviético Pravda, em seguida, trabalhou como jornalista para várias jornais republicanos. Em 1936, Koltsov e Ginestà participaram da entrevista com o líder anarquista Buenaventura Durruti na aldeia aragonesa de Bujalaroz. Segundo Marina, o tom da entrevista foi crítico à Stalin e esta teria sido a causa da morte de ambos, Durruti morreu em circunstâncias pouco claras, em Madri, durante o cerco da cidade, e Koltsov foi chamado a Moscou em 1937, denunciado durante o Grande Expurgo em 1938 e executado em 1940.

Antes do final da guerra, Marina foi ferida e transferida para Montpellier. Com a França sendo ocupada pelos nazistas, ela fugiu para a República Dominicana onde conheceu seu primeiro marido. Em 1946, ela foi forçada a deixar o país devido a perseguição do ditador Rafael Trujillo. Em 1952 casou com um diplomata belga e voltou para Barcelona. Marina morreu em janeiro de 2014, aos 94 anos, em um hospital na capital francesa, cidade onde ela viveu ao longo dos últimos 40 anos.

Redação

5 Comentários

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  1. Belas fotos e história de vida.

    Lembrei-me de Apolônio de Carvalho, herói de três países. Lutou no Brasil, preso e perseguido por duas ditaduras, como líder comunista, e foi combatente na Guerra Civil Espanhola e na Segunda Guerra Mundial, como membro da Resistência Francesa. Um dos criadores do PT, Apolônio assinou a ficha de filiação ao partido de número um.

    [video:http://www.youtube.com/watch?v=drDKPA-30PI%5D

    1. Um guerreiro com coragem

      Um guerreiro com coragem política e física que nunca abriu mão da esperança. Considero Apolônio de Carvalho uma das maiores expressões da dignidade do povo brasileiro. Assim como a sua companheira Renée militante francesa da Resistência ao nazismo.

      Uma foto histórica: Clarice Lispector, seu marido Maury Gurgel Valente, Apolônio de Carvalho, Samuel Wainer e Daniel, cunhado de Apolônio. Paris, 1946. Fonte: Acervo pessoal de Pinky Wainer

      1. Que ótima foto, Tamára! Não

        Que ótima foto, Tamára! Não tinha visto ainda. Valeu! Apolônio merece essa lembrança. Um herói de verdade, muito simples e gente boa. Esses e essas são os heróis e as heroínas mesmo!

  2. Isenção jornalística

    Quem ainda não leu, sugiro o livro de George Orwell sobre sua participação da na guerra civil espanhola, “Lutando na Espanha”. É muito esclarecedor, didático e realístico mostrando as entranhas da luta pelo poder.Dizem que foi sua inspiração para escrever “1984”.

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