Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
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Manstein, o grande sobrevivente, por André Araújo

Manstein, o grande sobrevivente

por André Araújo

Erich von Manstein sempre me fascinou pela sua capacidade de sobrevivência no longo período das guerras do Século XX. Nascido em 1887, foi Capitão na Primeira Grande Guerra e na Segunda foi o comandante com maior número de comandos importantes, começando da invasão da Polônia, depois da França, cujo plano foi por ele inteiramente produzido, em seguida particpou como chefe do Estado Maior de Rundstedt na invasão da União Soviética. Na frente leste foi grande comandante das batalhas de Sevastopol na Criméia, do cerco de Leningrado, um dos comandantes da batalha de Stalingrado, depois da grande batalha de tanques de Kursk. Feito Marechal de Campo em agosto de 1942, era considerado o melhor estrategista da Wehrmacht, razão pela qual divergiu de Hitler na condução da guerra e foi demitido de todos os comandos em março de 1944.

No Tribunal de Nuremberg foi testumunha e não indiciado e ajudou a livrar a Wehrmacht da condenação coletiva que sofreram outras corporações como a SS e o Estado Maior Geral (OKW). Livre de Nuremberg foi todavia condenado por um Tribunal britânico em Hamburgo por mau tratamento de prisioneiros a 18 anos de prisão, dos quais cumpriu 4 anos. Churchill e Montgomery ajudaram a pagar seus advogados, tal seu prestígio mesmo com os adversários da guerra.

Livre da prisão foi nomeado por Adenauer seu principal assessor militar e nessa condição foi ele o grande criador do novo Exército alemão, o Bundeswehr. Adenauer chegou a sugerir um posto oficial de comando mas Manstein disse que isso seria inaceitável para os Aliados, apesar de ex- oficiais do Exército do Terceiro Reich serem Generais  da OTAN, como Hans Spiedel. Comandante da Força Terrestre da OTAN com sede em Paris, Spiedel tinha sido Comandante Militar de Paris na França ocupada pelos alemães.

Manstein era bisneto, neto, filho, enteado e genro de Generais prussianos, era sobrinho do Marechal Paul von Hindenburg,  Presidente da República de Weimar ao tempo em que Hitler foi eleito Chanceler.

O prestígio de Manstein no pós guerra era tal que seu aniversário era um dos maiores acontecimentos sociais do ano, reunindo a nata da elite política e empresarial alemã. Morreu em 1973 aos 85 anos, de ataque cardíaco, uma ironia, Manstein participou das mais cruentas batalhas da Segunda Guerra, perdeu um filho oficial mas sobreviveu ao cataclisma mantendo intacta sua reputação de um dos maiores comandantes militares do Século XX.

Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

21 Comentários

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  1. Fico pensando na outra ponta

    Fico pensando na outra ponta da história = seu nome entrou na história a custa da dor inenarrável de milhões de pessoas que foram vítimas de suas ordens.  Mas essa é a história (de horror) da humanidade. O que resta é torcer pra que a raça humana seja extinta – naturalmente ou por suas próprias mãos – antes que colonize um outro planeta.

    No texto não há menção de ele sabia ou não da Solução Final, ou seja, a decisão de exterminar todos os judeus a partir de 42. Com a sua importância na hierarquia nazista, provavelmente sabia. Não há menção no texto se ele, ao lhe ser mostrado os horrores dos campos de concentração, fez um bordão conhecido, usado pelos políticos daqui= “Eu não sabia!” 

    Há um título dum filme japonês, do Kurosawa, se não me engano, que é perfeito pro final de vida de Manstein= o homem mal dorme bem. 

     

     

     

  2. Bonzinho

    Tem até cara de bonzinho, mas só dirigiu banhos de sangue. E ainda foi derrotado em Kursk e Stalingrado. Não sei porque o aniversário dele era tão comemorado.

    1. Manstein

      “E ainda foi derrotado em Kursk e Stalingrado.”

      Salvo melhor informação e atendo-se ao aspecto puramente militar da atuação de Manstein, cabem algumas observações.

      Kursk, talvez já de antemão, seria uma batalha praticamente perdida para os alemães – o STAVKA tinha amplo conhecimento antecipado da Operação Cidadela e teve tempo suficiente para preparar defesas em profundidade e imensas forças de contra-ataque. Mesmo assim, as perdas soviéticas em homens e blindados foram de aproximadamente o triplo das perdas alemães – em aviões, os alemães perderam mais.

      Manstein foi o responsável apenas pela pinça sul do ataque alemão e não o condutor supremo das forças alemães.

      Sempre vale lembrar que durante a Operação Cidadela, por decisão de Hitler, os alemães foram obrigados a retirar divisões da batalha e transferi-las para fazer frente à invasão da Itália , na Sicília, pelos Aliados ocidentais.

      Quanto a Stalingrado, lembremos que a tentativa de Manstein de proporcionar um corredor de fuga para o 6ºExército, de Paulus, foi frustrada pela determinação de Hitler de não permitir que o referido exército levantasse o sítio de Stalingrado – impedindo-o assim de forçar contra-ataques que lhe permitiriam uma junção com a ponta de lança blindada das forças de Manstein, quando a distância entre esta e o 6ºExército era de tão-somente 30km.

  3. Não sei até que ponto

    Não sei até que ponto Manstein sabia da solução final, acho improvável que não soubesse, e até que ponto aprovava/reprovava o nazismo. Mas a meu ver foi o melhor comandante da Wehrmacht da guerra. Não se pode negar o talento para comandar homens no campo de batalha.

    1. Bem se vê que vc não tem a

      Bem se vê que vc não tem a minima noção de Historia.

      1.Manstein nunca foi NAZISTA, razão pela qual não foi julgado em Nuremberg, como foram os Generais Jodl e Keitl.

      Manstein era um general PROFISSIONAL, já era oficial na Primeira Guerra, sua reputação era tão boa que Churchill e o General Montgomery, inimigos em tempo de guerra, pagaram os advogados para sua defesa no Tribunal de Hamburgo.

      Como criador e organizador do novo Exercito alemão no pós guerra, o Bunderwehr, Manstein tornou-se aliado da OTAN.

       

      2.Aqui faço RELATO historico sem honrar ninguem, fiz relatos de grandes generais comunistas como Enrique Lister, sobre o qual escrevi tres artigos no blog. Se vc não quer sequer mencionar generais alemães jamais a historia será conhecida.

       

        1. Estava no chiqueiro, mas não era porco

          Manstein era um militar profissional, a serviço de um país, e não de um regime. Quando eclodiu a guerra, o que você queria que ele fizesse? Que chegasse para Hitler e dissesse: não vou combater porque eu e você não combinamos?

          Ele era um sobrevivente do antigo exército aristocrático prussiano, que os nazistas desprezavam por considerarem culpado pela derrota em 1918, mas não puderam livrar-se dele, pois eram os oficiais mais competentes. Em um momento crucial do estabelecimento do regime houve uma queda-de-braço entre o antigo exército aristocrático e os nazistas: Ernst Röhm, o líder das SA, queria substituir todo o quadro de oficiais por membros oriundos das SA. Hitler ficou com os militares e liquidou Röhm e as SA (veja a Noite das Longas Facas).

        2. general alemão da II G.M. não é nazista?

           O AA sempre tem se revelado uma linha de direita e como toda direita tenta mostrar-se “moderado” de direita, mas convenhamos, dar trela a um comandante alemão que teve sob seus comandos exterminadores alemães nazistas ou não, foi responsável pela blitzkrieg que começou devastando a população polonesa e as outras invadidas pelo whermatch, luftwaffe e gestapo.Ainda mais que este cidadão alemão prestou-se a servir à hegemonia de tio sam na otan. Quer maior atestado de direita que esse? 

          1. Alguns se filiaram ao Partido

            Alguns se filiaram ao Partido Nazista e outros não.  O Exercito alemão (Wehrmacht) não fazia parte da estrutura nazista

            e não foi condenado em Nuremberg, já a SS sim, houve condenação COLETIVA, qualquer membro da SS era por definição culpado de crimes de guerra e genocidio (em Nuremberg eram quatro os crimes tipificados) .

            Pot essa razão, dos 538 generais alemães da Segunda Guerra apenas dois, Alfred Jodl e Wilhelm Keitel foram considerados nazistas, o primeiro chefe do Esmado Maior do Exercito (OKH) e o segundo chefe do Estado Maior Geral (OKW) porque faziam parte do esquema de poder de Hitler, foram ambos enforcados.

            Houve outros generais condenados em outros tribunais por crimes especificos, como mal tratamento de prisioneiros ou

            medidas excessivas em areas ocupadas mas não eram os crimes mais graves, como genocidio, julgados em Nuremberg.

            Entrar com julgamentos de Cinderala em guerras mundiais é desconhecer por completo a Historia da humanidade.

            As Legiões romanas tampouco eram gentis e cavalheirescas quando guerreavam, punição comum era a crucificação, tampouco eram as tropas francesas de Napoleão ou os as tropas chinesas do Imperio Mongol ou os Samurais japoneses.

            A guerra sempre foi cruel em  qualquer latitude e na Primeira Guerra Mundial, quando ainda não existia o nazismo, morreram muito mais soldados do que na Segunda Guerra.

          2. mais soldados mortos na IG.M. que na IIG.M. ?

            Isso é uma grande novidade, carente de comprovação.Tsk, tsk,tsk…Acho bom rever seu último parágrafo.

            Daqui a pouco vais afirmar que fuzilamento, tal como degola, tal como crucificação pós ocupação de qualquer legião que seja não é genocídio, pois acho que é sim. Aliás, antes do Ziklon B os exércitos alemães executaram mais de 1 milhão de eslavos,judeus, comunistas, homoafetivos, ciganos, testemunhas de jeová, ladrões, assassinos, prostitutas…etc pela ação dos famigerados einzatsgruppen que preferiam a bala ao sufocamento determinado posteriormente por himmler,este um ss, pois os efetivos da werhmacht precisavam drogarem-se com álcool ou previtin(metaanfetamina de patente original alemã) para aguentar tanta chacina,humanamente inaceitáveis.

          3. Ignorância (ou ingnorância para os ignorantes)

            Pior que o nazismo ou o stalinismo, é a ignorância que faz que alguns emitam comentários que matam milhões( de riso, de raiva e de vergonha)

            não liga não André

      1. Não há aqui defesa alguma,

        Não há aqui defesa alguma, por seu criterio não se pode falar do Imperio Romano porque eles crucificavam os que não obedeciam e nem da Igreja Catolica porque eles queimavam os hereges na fogueira dos Autos de Fé.

  4. Belo texto.Manstein não era

    Belo texto.

    Manstein não era nazista, inclusive fazia questão de correr alguns riscos, como ensinar o seu cão a levantar a pata e fazer a saudação típica dos nazis…
    Todavia, foi sondado pelos conspiradores e prudentemente não aderiu aos mesmos, atitude contrária a de Rommel.

    Não se pode negar a sua competência, era um bom administrador, tático e brilhante estrategista… Também era tido como grande improvisador. Todavia, para mim, a sua grande qualidade era saber quando uma batalha estava perdida, isto mesmo de antemão.

    Comparando-o com aqueles que estavam do outro lado da colina, talvez seja Vasilevsky, aquele que tenha qualidades parecidas, quando não superiores. Zhukov, também, bem como Koniev, mas estes dois últimos, principalmente Koniev, eram antes táticos brilhantes do que estrátegos. Aliás, tal crítica também recais sobre Rommel, no lado alemão.

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