Por Luiz Carlos
Do El País
Nixon pensou em usar bomba atômica na Coreia do Norte
Novos documentos do Arquivo de Segurança Nacional revelam que o presidente estadunidense teve a tentação de usar a arma antes inclusive que no Vietnam
FERNANDO NAVARRO – Madrid – 08/07/2010
El Pais
Para Richard Nixon, a tentação de pulsar o botão vermelho da bomba atômica sempre esteve ali, em sua cabeça. É conhecido o diálogo que teve com seu assessor de Segurança Nacional, Henry Kissinger, durante a guerra do Vietnam. Preocupado com o desgaste político que lhe estava causando o conflito, Nixon cria na arma atômica como solução para seus problemas no país asiático. Na tarde de 25 de abril de 1972, Nixon se reuniu com Kissinger para discutir a estratégia militar e este sugeriu bombardear as fábricas no Vietnam do Norte. “Prefiro usar a bomba nuclear”, disse o presidente norteamericano. “Creio que seria exagerado”, respondeu o assessor. “A bomba nuclear o molesta, Henry? Só quero que pense grande”, assinalou o chefe da Casa Branca.
Richard Nixon, o mandatário estadunidense mais impopular da história, sempre pensava “grande”, inclusive antes do imbróglio do Vietnam. Novos documentos do Arquivo de Segurança Nacional da Universidade George Washington revelam que o presidente também pensou em usar a arma mais mortífera de todas contra a Coréia do Norte em 1969. Na guerra da Coréia (1950-1953), Pyongyang se havia convertido em inimiga de Washington no transcurso da Guerra Fria.
Em abril de 1969, o regime norte coreano havia derrubado um avião espião estadunidense que sobrevoava o mar do Japão. Os novos documentos assinalam que Nixon analisou várias opções, entre elas, a bomba atômica. O presidente via a Coréia do Norte como uma “iminente ameaça”, ainda que a opção nuclear se contemplava especialmente no caso de que os norte coreanos atacassem por ar o seu vizinho do sul.
O plano, codificado sob o nome de Freedom Drop, continha “opções pré coordenadas para o uso seletivo de armas táticas nucleares contra a Coréia do Norte”. O surpreendente é a previsão de vítimas que continha. As baixas civis seriam “entre uns 100 a vários mil”, segundo uma nota do então secretário de Defensa, Melvin Laird, dirigida a Kissinger.
Os documentos mostram outras possíveis opções, todas elas dentro do “ataque punitivo” contra “ameaças norte coreanas”. O Exército dos EUA usaria armas nucleares táticas para destruir centros de mando militares, assim como bases aéreas e navais norte coreanas. No que pese a todo, a Administração norte americana decidiu por seguir realizando vôos de reconhecimento e exercícios navais, enquanto se mantinha a tenção com Pyongyang e se seguia derramando sangue no Vietnam.
A bomba atômica, desenvolvida pelos EUA durante a II Guerra Mundial, foi utilizada unicamente em 1945. O presidente estadunidense, Harry Truman, decidiu fazer uso dela contra as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki para por um ponto final à pior das contendas militares. O ataque contra o Japão acabou com a vida de 200.000 pessoas. Para Nixon, aquele, seguramente, foi pensar grande.
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.