O padre que perdoou o papa

Por Malú Costa

Re: Segundo irmã de padre torturado, Bergoglio foi delator

Tive a imensa honra de conhecer, nos anos 90, o Pe. Orlando Yorio. Tive o prazer de chamá-lo de amigo. Eu, uma ateia de longa data, admiro e respeitarei para sempre sua imensa integridade, sua coragem ímpar, sua observância dos principios cristãos de amor ao próximo, sua disciplina . Orlando, como o chamavam seus amigos, foi toda a vida totalmente leal a seus votos de padre. Nada do que se vê todos os dias nos jornais como escândalos que são a doença da Igreja Católica poderia jamais ser dito de Orlando. Foi um homem extremamente frugal, que viveu na mesma pobreza que seus pastoreados, um ser humano de imensa compaixão, incapaz deguardar rancor. Ele perdoou, muitos anos antes de sua morte em Montevidéu, os que o torturaram, inclusive a Bergolio, a quem considerava responsável por sua prisão. Por haver-los perdoado Orlando buscava a justiça e era favorável a que a verdade terrível sobre esse período viesse completamente à tona. Perdoar não é esquecer, ele dizia. Sabia perfeitamente que crimes contra a humanidade como aqueles, quando esquecidos, se repetem muito mais rapidamente.

A eleição de Bergolio para Papa serve realmente para mostrar que a Igreja Católica realmente não tem salvação e que deve ser mantida na lista das instituições humanas que servem ao mal em estado puro.

Meu coração está de luto e certamente essa eleição é o único motivo pelo qual me alegro que Orlando esteja morto, assim ele não pode ser testemunha do escárnio que ela significa. Por outro lado, em algum momento, diante do espelho, não é possível que a memória doce e afável de Orlando não assombre esse assim chamado Papa. Como diria Benedetti, “..algo és algo”.

Luis Nassif

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