O primeiro fundamentalista islâmico da era moderna, por Motta Araujo

Muhamad Ahamad, o Mahadi, primeiro fundamentalista islâmico da era moderna

Por Motta Araujo

Com a construção do Canal de Suez o Império Britânico passa a controlar a área do Egito moderno, que tecnicamente era um reino vassalo do Império Otomano. O Egito era e é um território dependente do Rio Nilo, única fonte de água do País. Para controlar as nascentes do Nilo era preciso controlar o vasto território do Sudão, uma região que tinha apenas rudimentos de Estado e Governo. Os ingleses tinham apenas um tênue controle desse território inóspito, rota de traficantes de escravos para o Oriente Médio.

Em 1880 surge na região chamado Kurdofan um movimento jihadista liderado por um auto denominado profeta em representação de Maomé, misto de líder religioso e bandoleiro. Carismático e com inequívocas qualidades de liderança, o Mahadi consegue dominar boa parte do território sudanês menos a capital, Khartoum. Em 1882 os ingleses enviam uma expedição mal armada de 7.000 soldados egípcios comandados por oficiais britânicos, que é facilmente desbarta por forças muito maiores do Mahdi, que ganham milhares de rifles de que não dispunham, as armas deles até então era de lanças manejadas por bons cavaleiros.

Com a derrota dessa força os ingleses determinam a evacuação de Kharton de sua guarnição inglesa e egípcia, comandada pelo lendário General Gordon, a evacuação não é possível porque a cidade está cercada, Gordon é assassinado e sua cabeça exibida na tenda do Mahadi, o Profeta, que recebe orientação diretamente de Maomé, no que seus seguidores acreditam piamente.

O Mahadi estabelece o Califado em 1884 com sede em Karthoum, mas morre seis meses depois, de tifo, sucedido por um segundo Califa que tem agora o completo domínio do território.

Os ingleses tentam mais uma expedição anglo-egípcia chefiada por Lord Wellesley, sem sucesso.

Já alarmados com a perda do controle do Sudão, em 1892 montam uma expedição muito maior, chefiada pelo próprio Sirdar ( Comandante) do Exercito egípcio, ninguém menos que Herbert Kitchner, que seria o Ministro da Defesa na Grande Guerra de 1914. Essa terceira expedição, com 25.000 homens, sendo 8.600 ingleses , apoiada por artilharia e flotilhas no Nilo não poderia falhar. No enfrentamento com as tropas islâmicas em 4 horas morrem 11.500 jihadistas, o território é reconquistado e o Sudão será governado por ingleses até 1960.

Dessa expedição chamada de “Expedição Dongola” participa como oficial britânico Winston Churchill, que descreve a batalha em seu livro MINHA MOCIDADE.  Durante a marcha com os soldados a pé os oficiais britânicos armavam as tendas de campanha para jantar e dormir. O jantar era de smoking, os soldados levavam a champanha até a beira do Nilo segurando as garrafas para gelar, a água do Nilo a noite é geladíssima. Churchill registra sem muita emoção que participou de guerras com cavalos e lanças e chegou vivo à guerra atômica de Hiroshima e Nagasaki.

Na foto acima está o grande ator inglês Laurence Olivier, caracterizado como o personagem MAHADI, no filme “”Khartoum””, onde o General Gordon é Charlton Heston. Esse filme conta exatamente essa historia acima e é encontrável facilmente.

O movimento jihadista do Mahdi é muito parecido com o atual movimento do ISIS. Ao fim de 15 anos do jihadismo no Sudão, a população caiu pela metade por massacres, fome, doenças, a economia foi paralisada, os jihadistas extorquiam da população e dos comerciantes tudo o que podiam, o tráfico de escravos cresceu, a agricultura ficou devastada, uma tragédia completa. Infelizmente o Sudão não melhorou muito com o tempo, massacres modernos em Darfour custaram a vida de um milhão, o país foi dividido em dois, igualmente miseráveis.

Para gosta do tema esse filme vale a pena, é uma aula de historia. 

Redação

22 Comentários

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    1. Motóquinha Araujo, também

      Motóquinha Araujo, também conhecido como Avandérlino Araujo, nos propiciando um ótimo texto e uma excelente dica.

  1. No filme “Topsy Turvy”, sobre

    No filme “Topsy Turvy”, sobre a obra da dupla Gilbert e Sullivan, letrista e compositor de famosas operetas, há uma cena em que, no meio de um divertido almoço, os cantores comentam a morte de Gordon durante a insurreição do Mahdi. Enquanto os ingleses criticam a barbárie dos sudaneses, o cantor escocês lembra um massacre perpetrado pelas tropas inglesas contra manifestantes nacionalistas escoceses. Filme divertido, cheio de ironias, autocrítica e valorização de uma forma de arte britânica meio posta de lado.

  2. Mohadi recebia orientação de

    Mohadi recebia orientação de Maomé. E os seguidores acreditavam nisso.

    O interessante é que no lado de cá do mundo, em tempos mais recentes, teve presidente que também afirmou que falava com Deus em momento de guerra que, no caso do país que presidiu, é rotina. Desconfio que muitos “seguidores” daquele chefe de estado também acreditaram que essas conversas com o Todo Poderoso ocorreram de fato.

  3. .

    Eu trabalhei no projeto executivo de todas as vias de acesso e infraestrutura do novo aeroporto de Khartoum mas, logo depois, reiniciaram distúrbios locais e até hoje nem sei se as obras chegaram a ser executadas e concluidas.

    Aqui pra nós, o AA é muito, mas muito melhor escrevendo histórias como essas do que sobre política. Palavra de gentalha.

  4. Me recordei do romance de

    Me recordei do romance de Karl May  “”NA TERRA DO MAHADI” em tres volumes editado no Brasil pela editora GLOBO, escritor que a época da minha juventude fazia muito sucessos com seus romances de aventura. Em seus últimos anos, o romancista se viu envolvido em  vários processos. Muita gente recusava-se a crer que Karl May não tivessse vivido realmente os sucessos que narrou com tanto vigor e verdade em suas obras, donde a idéia  de que o autor fora realmente salteador, bandoleiro, embusteiro, etc. Suas fascinantes histórias de viagens e aventuras abrangem mais de 70 volumes. Karl May nasceu erm Hohenstei-Ernsthal, na saxôni, a 25 de feveriro de 1842, e morreu em Radebeul a 30 de março de 1912 – Escritor do quilate de um Julio Verne.

  5. Só elogiar…

    Conheço a história e vi o filme, então passo só para elogiar o momento “History” que o André nos proporciona e faz relembrar no meu caso, ou conhecer no caso de outros…

    Um abraço.

  6. Influências anglo-sudanesas no Brasil

    A ocupação terrritorial e colonizadora para fins econômicos do norte do Paraná (desde norte pioneiro de Jacarezinho até a região de Apucarana, centrando-se em Londrina) pode ser considerado como uma transmutação do modelo de produção algodoeira realizado pelos ingleses no delta do Nilo, especificamente no Sudão.

    A Parana Plantation (anteriormente já muito bem apresentada neste blog, em post anterior) do Lord Lovat – Simon Joseph Fraser – (que viera na Missão Montagu no início dos anos 20, possivelmente como emissários dos Rothschild) pode ser uma modelo inspirado na Sudan Cotton Plantation, a maior explorado britânica de algodão.

    Assim, pode-se relevar um laço especial de nosso país com a fascinante regiáo histórica do Sudáo britânico.

    http://www.jornaldelondrina.com.br/especial/79anos/conteudo.phtml?tl=1&id=1431946&tit=Era-plantacao-de-algodao-Virou-Londrina

  7. Conde Motta y Araujo

    Confira algumas ilustrações, em torno do tema abordado no seu post, que foram publicadas na página da Internet British Battles

    Winston Churchill como tenente O Sirdar, o general Kitchener, em marcha para Dongola Major General Andrew Wauchope, vestindo as medalhas para a campanha de Omdurman

    Tenente Winston Churchil | General Herbert Kitchener | General Andrew Wauchope

    Mapa do Sudão do Norte em 1898

    Mapa do Sudão em 1898

    Nile Steamboat 1898

    A impressão propaganda Victorian da Batalha de Omdurman

    A carga das 21 lanceiros

    Carga dos lanceiros 21

    A carga das 21 lanceiros

    O ataque Dervish na batalha de Omdurman

    Maxim armas

    Carga dos lanceiros 2st

    Carga dos lanceiros 21

    21 lanceiros na batalha de Omdurman

    Mapa da Segunda Dervish Ataque ea carga das 21 lanceiros

    Desenho esquemático sobre a Batalha de Omdurman, em setembro de 1898

    Ataque Dervish

    O Voo da Khalifa após sua derrota na batalha de Omdurman

    A carga das 21 lanceiros

    O último portador da "Black Flag" do Khalfa

    "Lament in the Desert": imagem de Lady Butler mostrando os gaiteiros de Próprios Cameron Highlanders da Rainha

    Kitchener entrando na cidade de Omdurman após a batalha

    Kitchener entrando na cidade de Omdurman depois de uma batalha. Ao fundo o túmulo do Mahdi, danificado pela artilharia.

    Medalhas concedidas para Meek privada

    Medalhas concedidas aos combatentes no Sudão 1896-1898 e 1896-1908

    Mais informações e imagens, incluindo as legendas das imagens inseridas acima:

    http://www.britishbattles.com/egypt-1882/battle-omdurman.htm

    1. Omdurman

       Palavras de Lord Kitchener , após a batalha : ” Nós tinhamos as “maxims”, eles não ” ( Portanto um dos vencedores de Omdurman foi Sir Hiram Maxim ).

       Destas imagens acima, as que representam a realidade, são a partir do mapa, as 7a e 12a, em parte a 8a., a 2a é a mais romanceada, pois, explicando:

       Omdurman, altera a doutrina de batalha inglesa, reformando os acontecimentos da Guerra da Criméia ( 1851 ) – o inicio do fim das “cargas de cavalaria ” – para a potencia de fogo continuo, algo não aprendido pelos europeus, que pouco ou nada se dignaram a estudar os confrontos da Guerra Civil dos Estados Unidos, portanto:

         Foto 7: Uma meia-bateria de canhões Vickers 3-pouders ( 47 mm ) de tiro rápido, e de acordo com o mapa de situação, deslocados em amplo arco, disparando “shrapnels” ( granadas de estilhaços ), sobre os “dervixes” – aprendizado britanico quando da perda da Brigada Ligeira na Criméia, para a artilharia russa.

          Foto 12: Soldados coloniais britanicos, portando a 1a versão do mais moderno fuzil de ferrolho da época, o SMLE Lee-Enfield ( Short-Magazine ), com “carregador” (pente a frente do gatilho), com seis projeteis de .303 ( 7,7mm), com alcance letal longo (  incapacitante a mais de 1.000 mts )

          Já a foto 8 – uma carga de cavalaria colonial – possivelmente retratando o 21o Rgt Lanceiros – que após o “massacre” das unidades “ansars” ou “dervixes” – mal armadas com rifles de tiro unico, lanças e espadas – praticamente aniquilados pelos 47mm durante o deslocamento em assalto, dizimados posteriormente pelas metralhadoras Maxims, e em “coup de grasse”, fuzilados pelo tiro continuo dos fuzis SMLE, a “carga” do 21, foi apenas um momento de reafirmar a vitória, das máquinas, do moderno, sobre o ser humano – um desfile.

           Romance da 2a imagem: O exército britanico, colonial, em 1898, não mais utilizava estes uniformes,vermelho é alvo, eram caquis, como nas fotos posteriores.

  8. http://www.amazon.com/Underst

    http://www.amazon.com/Understanding-Fundamentalism-Christian-Islamic-Movements/dp/0742562093

    Os FUNDAMENTALISMOS não são só islamicos, há no mesmo periodo fundamentalismos judaicos e cristãos, no libro “Entendendo os Fundamentalismos” do prof.Richard Antoun, da Universidade de Nova York, são abordados fundamentalismos de outros religiões. alem da islamica. Os fundamentalismos judaicos são tão ruins como os islamicos e produzem consequencias péssimas, como em qualquer fanatismo.

    1. Fundamentalistas

      Tenho uma certa distância e dificuldade de entender “fundamentalismo” religioso. Fundamentalistas por respeitarem os fundamentos da própria fé, o que seria legítimo,ou fundamentalistas porque desrespeitam os fundamentos da fé alheia ? Está cultura de exigir pluralidade e tolerância nos países dos outros e cultivar a violência e intolerância nos seus países de origem chega a doer de tanta hipocrisia cinismo.

  9. Até este artigo as descrições estavam boas.

    Caro Motta.

    Estavas escrevendo bons artigos sob o ponto de vista histórico, entretanto neste além dos fatos narrados no texto escorregas em pequenos comentários com um pouco de leitura preconceituosa.

    Primeiro o comentário “…misto de líder religioso e bandoleiro”. Não sei de que fontes te serve para qualificar Kurdofan como o tal, pois as referências citadas são provavelmente inglesas e quando estes se referiam aos seus inimigos as referências não eram anda elogiosas. Em nenhum momento é qualificado os ingleses como os “colonialialistas ou invasores ingleses”, lembrem-se que a África Central era um território praticamente isento de colonização europeia até as primeiras décadas do século XIX.

    Também, chamo a atenção que o processo de islaminização da África nesta época já estava formando grandes civilizações tanto da África do Norte como mais ao sul e nas costas do oceano Índico. Logo estas forças que contrapunham os exércitos ingleses não eram malucos religiosos como alguns grupos fundementalista dos dias atuais.

    Quanto a citação de filmes do Charton Heston como uma referência histórica é um verdadeiro despropósito pois este ator se notabilizou em protagonizar heróis colonialistas fazendo verdadeiras “odes ao colonismo” onde a distorção histórica é algo notável. O exemplo melhor para vermos um exemplo deste tipo de distorção é o filme 55 dias de Pequim, em que fica claro que não havia nenhum espírito civilizador dos europeus, mas sim de pura e simples pilhagem.

    Outro grande problema na interpretação histórica da Áfica no fim do século XIX é a total não referência a peste bovina (cattle plague ou rinderpest) que entrando pela Eritréia em 1888 matou aproximadamente 95% do rebanho bovino e bufalino africano, desestruturando por completo as sociedades pastoris africanas e permitindo que meia dúzia de ingleses e demais europeus conquistassem a África central.

    As pessoas conhecem com detalhes figuras como Gordon mas não conhecem nada sobre a pior zoonose de toda a história que se abateu sobre o gado africano e as consequências históricas deste evento.

     

     

    1. Meu caro, agradeço seus

      Meu caro, agradeço seus comentarios, a expressão bandoleiro é minha, evidentemente a literatura sobre o episodio só pode ser inglesa, o Mahdi era tão bandoleiro como são os ISIS de hoje, não era apenas um profeta e sim um saqueador,

      o resultados dos quinze anos do mahdismo foi uma terra completamente arrasada, ele não construiu nada a não ser sofrimento e rapinagem, se legado para melhorar a vida dos sudaneses foi nulo, o Sudão depois dele ficou muito pior do que era antes, que já era ruim. Ao contrario do verdadeiro profeta Maomé, os falsos profetas apenas usaram o nome dele para seus proprios fins politicos.

      Não sou daqueles que idealizam a Africa pre-colonial. O continente era um territorio de barbarie, dois mil reinos, um massacrando o outro quando podia, epidemias continuas, escravidão em grande escala, não havia nada nobre na Africa.

      A colonização foi feita em beneficio dos colonizadores MAS mesmo assim eles legaram um minimo de civilização, de instrução, de infra estrutura, como seria hoje uma Africa só de tribos?

      Quanto a Charlton Heston, ele é apenas um ator profissional, ele não é o general Gordon, ele apenas representa, não é

      ele quem faz o roteiro, o filme é de 1966, e tem a construção que tinham os filmes daquela época.

      Os ingleses colonizaram 1/4 do planeta, deixaram a lingua, costumes, civilização, tanto que de onde sairam ficaram laços culturais até hoje, Londres é a segunda capital da India, do Paquistão, do Kuwait, hábitos ingleses continuam em Singapura, em Hong Kong, no Kenya, na Jamaica, o sistema legal e judicial da India é britanico na sua estrutura,

      desde nossa roupa masculina até o futebol a influencia britanica é imensa na civilização sobre a terra.

       

  10. O “Encoberto” ou Muhammad-Al-Mahdi ou

     O 12o Imã, o Mahdi.

     Todos estes nomes, mais alguns menos cotados, representam certa interpretação (haddiths) que clérigos islamicos, por séculos, retiraram de seus estudos coranicos, e todos concluem que o Mahdi ( Guia – depende da tradução, pode ser: 1oGuia, 12o Iman ou Muhammad – Al – Mahdi ), virá a terra reunirá a Umma ( comunidade mulçumana, ou em tradução livre, os descendentes de Abraão – incluem-se os devotos de Isa ( Jesus, um dos 11 Imans ) ), e o Mahdi liderará a luta contra, o “digamos ” em conceitos judaico-cristãos, ” o anti-cristo ” ( em muçulmanês: Masih – ad – Dajjal).

       Podem ver a semelhança, igualdade de conceitos, com partes, tanto da Biblia como da Torah – a Batalha do Juizo Final, o Armaggedon.

       Muitos imans, até mesmo clérigos de não tão elevado conhecimento, se proclamaram “mahdi”, até mesmo no Sudão de hj., um auto-intitulado ” bisneto” de Ahmad, arvora-se com o titulo, chamando-se Sadiq-al-Mahdi, e chefe de um partido politico sudanês.

        Tais “fatos”, proclamações, ocorrem mais nos ramos sunitas do Islã – sendo fortemente condenadas, é penalizado com a morte, emitida por uma “fatwa” perene, que transforma aos olhos da comunidade islamica, a pessoa em um “sha’id”, sendo dever de qualquer crente muçulmano mata-lo.

         Outra vertente do sunismo – considerada por muitos como uma seita sha’id – a dos “sufistas”/”dervixes”, como foi o caso sudanês do final do século XIX, tem na busca do Mahdi, não apenas a procura por um lider revolucionãrio/politico, mas principalmente, por um lider espiritual.

         Já para os xiitas, a situação do “mahidismo”, é mais complexa, alguns aiatolás e hajosteslans, afirmam que o “mahdi” sempre aqui esteve, mas está “encoberto”, e quando se apresentar será na forma de Ali, o desaparecido de Kerbalah – neto do Profeta.

          E caro Motta, o lider do ISIS, é um jovem clérigo, que interpreta as sunnas e os posteriores haddiths do Corão, pelo que conhece-se como “os versos da espada”, portanto nunca se arvoraria a Mahdi, mas o titulo de Khalifa é pertinente pela tradição muçulmana, pois lidera partes importantes da Umma, e não necessariamente, pela mesma ótica da tradição, a manutenção de territórios sob seu dominio, é importante, um califado em termos politicos religiosos, independe disto – novamente, sendo chato: ótica religiosa, bem século XIII/XIV.

    1. Meu caro Junio, agradeço seus

      Meu caro Junio, agradeço seus eclarecimentos sobre esses detalhes do sunismo e da relação desses canones com o ISIS de hoje. É um tema complexo, fiz um curso na Casa do Saber com a prof.Arlene Clemesha mas não chegou a esse nivel de detalhamento porque cobriu apenas até o seculo XV, a segunda parte do curso ficou para este ano e chegaria ao ISIS.

      1. Alem de bonita e educada

         Uma ótima professora, e sem querer ser um chato ou pernóstico,perante um scholar de seu nivel, o aconselho antes de seu próximo curso com Dra. Clemesha, caso vc. tenha interesse em temas arabes, até a própria lingua – são varias, desde o coranico culto, até as variações regionais e tribais, de uma lingua rica – acessar o site da Universidade de Londres, em: http://www.soas.ac.uk/library

          Dominaram aquela região, dos confins da India muçulmana ( o Raj ), passando pelo Paquistão, Afeganistão, fortemente influenciando o Irã, criaram todos os estados atuais do Golfo Pérsico, inventaram a Jordania, metade do Libano e a Siria, do Egito e norte da Africa, mais possessões mediterraneas e demais estados muçulmanos do continente africano ( subsaarianos ), nem preciso comentar, e importante – os anticolonialistas irão surtar: Deu as estes povos uma lingua comum, o inglês.

           Portanto, opinião minha, em estudos, teses, a SOAS/LU, alem da competencia, estofo, o cabedal histórico, é incomparavel na “tradução” da cultura arabe, em todos seus aspectos, tanto religiosos, quanto históricos e politicos, para a visão ocidental.

        1. http://en.wikipedia.org/wiki/

          http://en.wikipedia.org/wiki/Nasif_al-Yaziji

          Meu caro Junior, estou surpreso com seu conhecimento e interesse sobre a cultura arabe, sou de ascendencia materna libanesa e o intelectual acima Nasif al Yasiji, reformador do alfabeto arabe para sua atual forma moderna, é meu trisavô.

          Ele e o filho Ibrahim al yaziji foram fundadores da Sociedade Siria de ciencia e Literatura, embriaõ do Partido Baath, nacionalista laico que governou a Siria, o Egito e o Iraque. A gramatica  de Nasif al Yaziji é até hoje a mais usada nas universidades onde se ensina o arabe gramatical ou arabe culto, que funciona como lingua franca, enquanto nas ruas prevalece o arabe coloquial que tem muitas vertentes, um libanes tem enorme dificuldade de ser enrtendido em Bagdah,

          vi isso com meus proprios olhos. Há quatro grandes ramos do arabe coloquial, que vai do Iraque à Algeria.

          Outra hora vou aqui fazer um post sobre a Universidade Americana de Beirute, escola centenaria onde estudou a elite do Oriente Médio e tem muita ligação com os Yaziji pai e filho, na propagação da modernização gramatical da lingua arabe.

           

          1. Passei por isto

             Meu caro, vovó paterna era marroquina e muçulmana, cidadania espanhola – Ifni no Marrocos Espanhol, com ela aprendi rudimentos do arabe norte-africano, das ruas, coloquial, depois de anos, por motivos profissionais os quais vc, deve intuir, tentei aprender o arabe culto, coranico, afinal a base teoricamente é a mesma.

              Descobri, que não é, e as diferenças não são tão sutis, pois no Iraque o arabe não é o do Golfo ( Abu Dhabi, Dubai, Emirados), na Arabia Saudita, com pessoas escolarizadas, o coranico funciona, já na rua, vc. até é entendido, mas vc. tem dificuldade de entender seu interlocutor, já no Libano, existem em arabe, corruptelas de expressões francesas, que quando faladas em arabe, para quem não é da região, é “grego”, assim como com palestinos – de arabe jordanian- que como os egipcios, na “lingua comum”, corruptelam – translacionam – expressões da lingua inglesa para o arabe coloquial, e novamente da “grego”, para quem tem como base, de ouvir, o arabe norte africano, combinado ao coranico, ou culto.

               E me desculpe, Yaziji pai e filho, não apenas tem correlação com a “modernização gramatical do arabe”, em minha opinião eles procuraram, como outros linguistas seus herdeiros, em alcançarem algo que creio muito dificil, tornar a gramatica do arabe, comum a todos seus dialetos, com uma base coranica-culta, amis acessivel.

               Dr. Araujo, somos chatos para cacete.

               P.S.: Sabe o que é dificil, para mim, as pessoas, até intelectuais, que confundem o farsi iraniano, com o arabe.

  11. “Pequena” porém

    “Pequena” porém importantíssima retificação Mota Araujo, o general Gordon NÃO FOI ASSASSINADO morreu em combate, duas coisas muito distintas. 

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