Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
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Os setenta anos da República Italiana, por André Araújo

Por André Araújo

SETENTA ANOS DA REPÚBLICA ITALIANA – Em 2 de Junho de 1946, um referendo dá fim à Monarquia da Casa de Savoia e funda a República Italiana. A votação foi apertadíssima e até hoje se diz que a Monarquia ganhou, mas houve fraude na contagem. A Itália era, até o processo do Risorgimento nos anos 60 e 70 do Século XIX, um território fracionado entre várias soberanias, ao sul o Reino Bourbon das Duas Sicílias, que ia de Nápoles até a Sicilia, ao centro os Estados Papais sob domínio do Vaticano, ao norte os Ducados austríacos com exceção do território do Piemonte que era o Reino original da Casa de Savoia. Coube a essa familia de 800 anos a Coroa da Itália reunificada por Garibaldi, por ser a única Monarquia italiana, os Reis de Nápoles e Duas Sicílias eram franceses e espanhóis.

A Monarquia teve um grande Rei, Umberto I, outro discutível, Vittorio Emmanuele III, sob o qual surgiu Mussolini e o fascismo, e o terceiro com poucos meses de reinado foi Umberto II, o último Rei, deposto pelo referendo de 2 de Junho de 1946.

A Monarquia era popular na Itália, mas caiu por sua aliança com Mussolini que durou 20 anos, ao fim em Julho de 1943 o próprio Rei demitiu Mussolini e o prendeu em um hotel  de montanha, no Gran Sasso, de onde foi libertado pelos alemães em uma extraordinária proeza do Coronel SS Otto Skorzerny, usando planadores.

Seguiu-se grande luta da Península Italiana com os Aliados avançando a partir da invasão da Sicília e os alemães recuando em boa ordem e oferecendo enorme resistência até a rendição final de 30 de abril de 1945, esforço do qual participou o Brasil como um dos Aliados.

Perdendo o referendo Umberto II exilou-se em Portugal sendo sua descendência masculina proibida de entrar na Itália até ato revocatório recente. Umberto II era casado com a Rainha Maria José, filha do Rei Alberto da Bélgica, que teve vida própria, era anti-fascista e não seguiu Umberto II no exílio, separou-se dele e foi morar na Suíça, Umberto II tinha sólida fama de homossexual.

Muitos monarquistas dizem que a Itália teria se dado melhor se conservasse o regime monárquico, a vida da República foi bem tumultuada, fica a dúvida para os debates dos historiadores.

Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

11 Comentários

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  1. ”Muitos monarquistas dizem

    ”Muitos monarquistas dizem que a Itália teria se dado melhor se conservasse o regime monárquico, a vida da República foi bem tumultuada, fica a dúvida para os debates dos historiadores.”

     

    E quanto a você, André Araújo, tem alguma opinião formada sobre este tema? 

    No Brasil tb se debate bastante sobre até que ponto foi benéfica ou não o fim da monarquia no final do século XIX.

    1. O Brasil era o UNICO Imperio

      O Brasil era o UNICO Imperio das Americas, posição impar que por si só tinha um prestigio inigualavel. Jogou fora a “grife” de ser Monarquia para ser uma entre mais  de 20 republicas. É evidente que a Italia perdeu virando Republica, Monarquia é chic, é grife, está ai a Inglaterra, a Suecia, a Holanda, a Dinamarca, a Noruega.

      1. Pela qualidade atual dos

        Pela qualidade atual dos representantes da Casa de Orleans e Bragança, a coisa nao estaria boa com monarquia não…

        Trocam desaforos públicos, fazem escandalos na imprensa com o sumiço de prataria do acervo da familia e tentam leiloar a caneta com que a Princesa Isabel assinou a lei aurea.

        Quem é de Petropolis ou Vassouras sabe de muito mais coisa “desabonadora”.

        A maledicencia em Petropolis, talvez, seja um pouco alimentada por terem que pagar a enfiteuse para bancar a familia real.

        1. As controversias dinasticas

          As controversias dinasticas ja foram muito amortecidas após a morte de Dom Pedro Gastão, hoje prevalece a linhagem de Vssouras , bem mais discreta e modesta. Os escandalos foram mais em relação a certa Princesa do ramo de Petropolis,

          a proposito como ficou a herança de Dom Pedro Gastão, especialmente com relação a valiosa propriedade de Villa Manrique em Sevilha?  Quanto a enfiteuse é de lei, afinal foi a Familia Real quem fundou Petropolis e lá todo o solo era deles.

          Escandalos tambem existiram na Familia Real Britanica e muito maiores do que a da nossa modesta Casa Real.

          Basta ver o filme The Queen´s Sister sobre a Princesa Margareth, irmã da Rainha da Inglaterra, o filme é quase pornografico

          e não foi censurado pela Monarquia.

          1. Poxa, André.Sorte da família

            Poxa, André.

            Sorte da família real que vc é um simpatizante. Nem as propriedades no exterior te escapam!

            Não tinha ideia dessa Vila na Espanha.

            Aliás, será que há algum esquema especial para sucessão na família real?

            De repente tem uma PJ, que recebes os foros pagos em Petropolis e demais rendas…

            Os membros teriam quotas dessa PJ, que passariam em sucessao pros descendentes, e cada um receberia dividendos para se manter/ajudar…

            Mas com relação à enfiteuse, para particulares é um resquício feudal. Tanto que o novo Codigo Civil extinguiu. Eu, como legislador, colocaria nas disposiçoes transitórias que as existentes seguiriam até o titular morrer ou 50 anos – o que fosse menor.

            Sei bem disso. Minha mae se mudou e agora paga foro. No Rio tem em alguns lugares para particulares em areas nobres, como Lagoa, Jardim Botanico, Botafogo… fora a área de orla da Uniao, logico.

            Algo que nao faz sentido mais.

  2. Pô André, falou dos grandes

    Pô André, falou dos grandes reis da Itália unificada e se esqueceu de Vittorio Emanuelle II…

    Sem ele (e sem Garibaldi, claro), não haveria Itália hoje, pois enquanto Garibaldi unificava os reinos do Sul, Vittorio o fazia com os reinos do norte, até o encontro de ambos em Nápoli, 1861, quando Garibaldi “entregou” ao rei o sul unificado e Vittorio enfim proclamou o Reino da Itália.

    Aliás eu já escrevi aqui que a monarquia parlamentarista não é ruim não, vejamos que durante todo o século XIX no Brasil tivemos grande estabilidade política, a Constituição de 1824 até hoje é a mais duradoura, enquanto a República trouxe mais de 100 anos de instabilidade, golpes de estado, deposiçoes, renúncias, eleiçoes fraudadas, meia dúzia de Constituiçoes etc… 

  3. Vitor Emanuel III e o Brasil

    Um episódio importante nos estudos das questões lindeiras do país foi a decisão arbitral de 1904 que o rei Victor Emanuel III tomou acerca do litígio fronteiriço entre o Brasil e a Guiana inglesa: a questão do Pirara. Trata-se da única derrota que o Brasil teve nas arbitragens internacionais sobre questões lindeiras, a despeito do bom trabalho de Joaquim Nabuco (o Barão do Rio Branco não atuou diretamente nesse ensejo). Há um livro muito interessantes sobre esse assunto: “A Questão do Pirara (1829-1904)”, de José Theodoro Munck. 

  4. A quem interessar possa

    A quem interessar possa, cito Robert Putnam, que realizou trabalho de fôlego sobre o caso italiano, um “laboratório”, por assim dizer, real à partir da década de 70.

    Entre tantas coisas ele demonstra que é o capital social, a coesão social, os laços sociais e boas fundações institucionais que consecutam o desenvolvimento econômico, e não o contrario.

    É o caso das provincias do norte que até hoje é pessimamente compreendido.

  5. Porque ?

      Caro André, por que sempre que comentam, até tú, sobre a Unificação italiana, só fazem referencia ao marqueteiro, politicamente obtuso, fanfarrão, do Garibaldi, é inegavel que ele, apesar de tudo, contribuiu para a formação da Italia, mas nunca chegou perto da importancia de Cavour, o ente politico mais importante deste processo.

  6. Argentina

    Prezado André,

    Faço o comentário neste post, pois não saberia como contactá-lo de outro modo.

    Gostaria que quando dispusesse de algum tempo e paciência, fizesse um apanhado, o mais abrangente possível, da situação socioeconômica na Argentina com uma comparação entre as administrações (estragos se assim o imaginar) dos Kirchner e a potencial/virtual administração incumbente.

    Tenho dificuldade em entender bem até que ponto a Argentina empobreceu ou melhorou durante os Kirchner devido às informações contraditórias e confusas de fontes dúbias com que me deparo; e, se agora, a tendência é de melhora siginificativa do ambiente para negócios com concomitante involução dos avanços voltados às camadas memos favorecidas, se é que de fato os houve, sem terem sido corroídos pela camuflagem da inflação subjacente escamoteada.

    Se puder inclusive citar as fontes para que, posteriormente ,possa aprofundar-me nos estudos, seria de muita valia.

    Desde já agradeço,

    Cordialmente,

    Arthur 

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