Paralelo feito por Sarney entre Lula e Vargas

Por Walter Decker

Comentário do post “Os paralelos entre Vargas e Lula – 1

Tem um paralelo interessante feito, quem diria, pelo Sarney, em uma entrevista para o IG em 2009

iG: O senhor acredita que Lula foi um líder popular maior que Getúlio Vargas?

Sarney: Getúlio nunca foi líder popular. Ele teve uma grande popularidade. Lula é um líder popular. Getúlio era da elite do Rio Grande do Sul, do Borges de Medeiros, do Julio de Castilho. Foi ministro da Fazenda do Washington Luís. Então ele era da elite nacional. O Lula não. Lula veio das raízes. Foi torneiro mecânico, operário. De maneira que podemos dizer que todas as classes sociais ocuparam o poder.

iG: Getúlio era um líder populista?

Sarney: A meu ver sim.

iG: O Lula não?

Sarney: O Lula não. Ele é um líder de resultados para a classe dele. Isso foi o balanço do governo.

iG: Se o senhor tivesse que fazer um ranking dos presidentes da República como faria?

Sarney: Colocaria Rodrigues Alves (1902-1906), porque ele ordenou as finanças públicas depois de encontrar um país extremamente endividado. Tinha uma visão de Estado profunda. Estou fazendo um exame cronológico. Eu consideraria o Getúlio Vargas (1930-1945 e 1951-1954). De qualquer maneira, ele foi um ditador durante 15 anos. Ele enfrentou problemas trabalhistas que eram só para aqueles que tinham carteira de trabalho. Para os excluídos, esses que não tinham carteira de trabalho, Getúlio nunca fez nada. O Juscelino Kubitschek (1955-1960) foi um grande presidente. Teve uma grande responsabilidade, assumiu para ser deposto porque ele tinha uma reação militar e política muito grande. E ele (JK) contornou tudo isso e transformou a luta política num debate nacional pelo desenvolvimento econômico. E eu colocaria o governo do Lula, que é uma mudança profunda. O Lula deu uma paz social ao país, fez uma distribuição de renda muito grande. Acho que a partir do Lula o Brasil também conclui um ciclo republicano, com a chegada de um homem do povo ao poder.

iG: Duas perguntas que sobram: primeiro o senhor não se incluiu…

Sarney: Não me incluí porque caso contrário seria cabotinismo da minha parte. Eu fiz coisas certas e coisas erradas. Eu às vezes fui o melhor presidente do Brasil e fui o pior presidente do Brasil.

iG: Em quê?

Sarney: Quando eu fiz o Plano Cruzado e tive a coragem que nunca ninguém tinha tido neste País de partir para uma fórmula heterodoxa de modificação da economia. Todos os outros (presidentes) tinham se submetido às regras internacionais. Isso foi uma coragem extraordinária. Naquele tempo eu havia ouvido do próprio Leonel Brizola (ex-presidente nacional do PDT) que eu tinha sido o presidente com maior coragem no Brasil, quando decretei o congelamento (de preços) e fiz o Plano Cruzado, quando abri a porta para que o País pudesse ter condições para modificar a economia.

iG: Isso foi o melhor e o que foi o pior?

Sarney: O pior foi quando fiz o Plano Cruzado número 2. Fiz uma correção errada. Evidentemente que eu não sou economista, mas a responsabilidade é minha. Os que fizeram errado não têm responsabilidade nenhuma. Mas eu tenho a responsabilidade de ter aceito aquela fórmula de corrigir o aumento daqueles cinco produtos.

iG: A outra pergunta que sobra daquele ranking foi não ter incluído o presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).

Sarney: Acho que Fernando Henrique Cardoso foi um presidente que prestou muitos serviços ao País. Ele realmente foi um bom presidente. Um presidente normal, comum. Não há uma marca profunda como os outros presidentes que ocuparam o comando do País.

Luis Nassif

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