Revolução Pernambucana, um capítulo da nossa história que precisa ser aprendido
por Liana Cirne Lins
Hoje é aniversário da Revolução Pernambucana, um capítulo que foi excluído dos livros de história. A gente estuda a Inconfidência Mineira, a Revolução Farroupilha e não estuda nossa revolução.
O feriado de 6 de março é o resgate do direito à nossa memória, muitas vezes contada pela metade. Pernambuco foi a capitania que primeiro encampou, no Brasil, os princípios iluministas de igualdade, liberdade e fraternidade e os anseios por uma Constituição, inspirada nos movimentos constitucionalistas do séc. XVIII.
A luta não era apenas contra impostos. A luta era contra as injustiças do império.
Pernambuco foi forçado a pagar a taxa de iluminação pública do Rio de Janeiro, enquanto nossas cidades permaneciam sem luz.
Em 6 de março, o governo imperial ordenou a prisão de Domingos José Martins, do Padre João Ribeiro e de Cruz Cabugá, líderes da Revolução, a fim de impedir que um motim viesse a acontecer.
Entretanto, já no Forte das Cinco Pontas, ocorreu um levante dos próprios militares. Os oficiais revolucionários não se subordinaram às ordens do governador, e o capitão José de Barros Lima, o Leão Coroado, reagiu à voz de prisão do seu comandante, matando-o com golpes de espada.
Assim eclodiu a Revolução Pernambucana. Durante 75 dias, Pernambuco foi uma república. Chegou a ter uma Lei Orgânica da República de Pernambuco, provisória, até que a Constituição fosse criada, em que previa a separação de poderes e mecanismos de limites e controles, com decretação da liberdade de culto e de imprensa, novidades radicais para o contexto, motivo pelo qual a Revolução Pernambucana pode ser considerada o mais importante dos movimentos anticoloniais.
Pernambuco chegou a ter um embaixador, Cruz Cabugá, que viajou ao exterior em busca de reconhecimento da nova República e de acordos comerciais. Porém, os revolucionários se dividiram quanto à abolição da escravidão e a prevalência da mentalidade escravagista marcou as maiores dissidências internas do movimento revolucionário.
O império respondeu à Revolução Pernambucana de forma cruel e sanguinolenta: decapitando e decepando seus líderes e seguidores, condenados à morte pelo crime de lesa-majestade, deixando um rastro de horror pelas ruas de Recife e Olinda.
Hoje, quando Pernambuco está à frente do Consórcio Nordeste, principal frente de oposição aos desmandos e perseguições do governo Bolsonaro, vale resgatar nossa História, para que possamos honrá-la e cumprir nosso destino.’
Liana Cirne Lins é professora da Faculdade de Direito do Recife | UFPE.
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Para saber mais sobre o tema, consulte o curso ‘Retalhos da Nossa História’, de Pedro Lima de Vasconcellos, disponível no YouTube.
E também: Cinco séculos de colonização, de Manoel Correia de Andrade. Editora Grafset.
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Incrível que se escreva sobre um evento para dar-lhe a devida repercussão histórica e a autora sequer coloque as datas dos acontecimentos…6 de março de quando, professora?
Vá estudar. Kkkk
Ela não escreveu o ano, mas o vitral cuja foto encima a matéria esclarece: 1817.