Suposta prova de atentado contra JK pode ter sido descartada pela polícia de MG

Sugerido por Gão
 
Do jornal O Tempo
 
Polícia pode ter descartado a prova de atentado contra JK
 
Secretaria de Defesa Social diz que só é obrigada a arquivar materiais de investigação por cinco anos
 
PUBLICADO EM 17/10/13 – 03h00
 
TÂMARA TEIXEIRA
 
A principal prova material que pode confirmar que o acidente que matou o ex-presidente Juscelino Kubitschek, em 22 de agosto de 1976, foi um atentado pode ter sido eliminada pela Polícia Civil de Minas. Políticos e estudiosos sustentam que o material encontrado no crânio do motorista de JK, em 1996, é uma bala de arma de fogo. O material está sendo procurado pelo Instituto Médico Legal (IML), sem sucesso, há quase dois meses.
 
Um assessor da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), no entanto, afirmou ontem que a peça-chave para desvendar o mistério pode ter ido para o lixo, já que o órgão só tem obrigação de arquivar este material por cinco anos, e já se passaram 17.

 
A importância de uma nova perícia no fragmento metálico encontrado no crânio do motorista Geraldo Ribeiro foi destacada ontem durante uma audiência da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia de Minas.
 
Édson Pereira, assessor do secretário Rômulo Ferraz, da Seds, disse ontem que o fragmento pode não existir. “Já pensou se arquivássemos tudo para o resto da vida? Já se passaram muitos anos, não sabemos se ele ainda existe, mas estamos procurando e verificado se ele foi para Resende (local do acidente)”, disse.
 
O presidente da Comissão da Verdade de São Paulo, vereador Gilberto Natalini (PV), fez o pedido à Rômulo Ferraz, em 3 de setembro, para que o Estado localizasse o material retirado do corpo do motorista em 1996, quando a investigação foi reaberta. O vereador ainda pediu uma nova exumação do corpo de Geraldo.
 
Em 1996, um laudo apontou que o fragmento encontrado não tinha vestígios de chumbo e descartou ser o resto de uma bala. Na época, falou-se que o buraco na cabeça do motorista teria sido provocado por um prego do caixão. Segundo a Seds, este laudo já foi localizado, mas ainda não foi enviado à Comissão da Verdade de São Paulo.
 
“Vários peritos afirmaram que, se a bala fosse de uma arma de uso exclusivo das Forças Armadas, não teria chumbo, mas sim aço. Por isso, acreditamos que esse material é fundamental. Se ele foi perdido, é uma lástima. Está claro que não seria um prego de caixão”, afirmou Natalini.
 
O membro da Comissão da Verdade da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) Wadih Damous lembrou o momento histórico de 1976. “Dentro de sua lógica macabra, o regime militar tinha motivos para matar JK. Ele seria candidato em 1978 e representava uma ameaça”, disse.
 
O presidente da Comissão da Verdade da OAB-MG, Márcio Augusto Santiago, disse que já há indícios suficientes de um atentado e que “falta agilidade” do governo de Minas em localizar o material e da Comissão Nacional da Verdade em avançar na apuração.
 
Desencontro. Questionada sobre as buscas do material, a assessoria da Polícia Civil chegou a dizer que o IML não recebeu pedido para encontrar o material. A informação foi desmentida pela assessoria da Seds, que confirmou que ainda faz a pesquisa no IML.
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