Advogado diz que debate sobre políticas raciais está “cheio de ódio” e “ressentimento”

Jornal GGN – Às vésperas do Dia da Consciência Negra, comemorado na próxima quarta-feira (20), o programa “Brasilianas.org” discutiu, na última segunda-feira (18), as propostas e ações afirmativas para os negros. Um dos presentes nos estúdios da TV Brasil, o advogado Silvio Luiz de Almeida, afirmou que o debate sobre o assunto está “cheio de ódio” e “ressentimento”. “Existem setores da sociedade que não querem nenhuma política pública [em prol da população negra]”, disse. Para ele, “as ações afirmativas têm o papel de proporcionar o reconhecimento do negro enquanto cidadão”.

Doutor pela USP (Universidade de São Paulo), Almeida também preside o Instituto Luiz Gama, uma associação sem fins lucrativos “que atua na defesa das causas populares, com ênfase nas questões sobre os negros, as minorias e os direitos humanos”, segundo o site oficial da entidade.

Duas em cada três pessoas assassinadas em nosso país são negras, aponta o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que conduziu uma pesquisa sobre o racismo no Brasil e divulgou os dados no último mês de outubro. Ainda de acordo com o instituto, nas cidades com mais de 100 mil habitantes, a chance de um adolescente negro ser vítima de um homicídio é 3,7 vezes maior do que a de um branco. O instituto também já havia divulgado, com base em dados coletados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que 6,5% dos negros foram agredidos por policiais ou seguranças privados em 2009, enquanto 3,7% dos brancos haviam passado pela mesma situação.

Racismo inconsciente

Um dos autores do trabalho do Ipea, o pesquisador Almir Oliveira Júnior, também esteve presente no debate mediado pelo jornalista Luis Nassif. “O tratamento dado pela polícia aos cidadãos brancos e não brancos não é o mesmo”, afirmou.

Almeida diz que vê no Brasil a existência de um “racismo estrutural”. “Ele se dá fora do campo do consciente. É muito comum que um policial negro agrida um outro negro porque, na verdade, não está em jogo o indivíduo. O que está em jogo é o funcionamento da estrutura policial que tem o negro como vítima preferencial”, disse.

Esse “racismo estrutural”, nas palavras do advogado, é a base da sociedade de classes no Brasil. “Toda a construção da economia brasileira foi estruturada em cima dessa clivagem de raça em que se dá, também, uma clivagem de classe”, opinou.

O pesquisador do IPEA disse, no entanto, que “a desigualdade estrutural do sistema capitalista se reproduz para os pobres, independentemente da cor”, mas ressaltou que “a maior parte da população negra do país está entre os 50% mais pobres”.

Cotas nas universidades

Para Almeida, “as cotas raciais não têm apenas um papel de redistribuição econômica. Elas têm o papel de reconhecimento. Colocar negros dentro de certos espaços de poder para que se tire essa naturalização da violência, naturalização do negro em posições subalternas”, afirmou. Na opinião dele, uma política como essa é eficaz quando leva às universidades “um mínimo de diversidade”.

Também presente nos estúdios da TV Brasil, a coordenadora do Neinb (Núcleo de Apoio à Pesquisa em Estudos Interdisciplinares sobre o Negro Brasileiro) da USP (Universidade de São Paulo), Eunice Prudente, fez questão de afirmar que “as ações afirmativas não são apenas as cotas. O entendimento é muito mais amplo: inclusão. E não há como incluir o afrodescendente menosprezando e perseguindo as religiões de matriz africana. Isso é uma falta de respeito”

Redação

8 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. O maior cego é aquele que não quer enchergar

    Dia da Consciência Cidadã

    Não vejo outra coisa nos grupos que se dizem defençores de direitos dos negros a não ser de ódio, rancor, ressentimentos e protecionismo. Pois se querem realmente se apresentarem como cidadões dignos, se organizem no sentido de defenderem seus direitos e não de sobreporem aos diretos dos demais. O maior problema no Brasil é de ordem social e não de raça,  como pregram estes grupos que para mim são extremamentes racistas, até para com eles mesmos. Somos todos da mesma raça (raça humana), agora se existem pessoas que não se libertaram de seus passado, talvez esteja ai o que deviria ser o objetivo principal destes grupos racistas trabalharem, na libertação de seus interiores, através da motivação e educação, lutando e mostrando ao mundo que todos são iguais e não precisam de políticas protecionistas para este ou aquele grupo e sim desenvolvimento humano de uma forma ampla e inrrestrita. Querem uma Brasil e uma vida melhor, lutem por todos, não por este ou aquele grupo, pois caso contrário voces estarão fortalecendo o racismo neste pais. Os regimes de cotas que o PT e seus aliados estão impondo ao povo brasileiro é meramente de fins eleitoreiro, pois as causas dos problemas sociais continuam, onde o governo não atende as consições basicas de saude, educação, segurança e justiça, que são garantidas pela constituição brasileira, é nisto que devemos focar e não em sermos hipocritas de criamos políticas protecinista deste ou daque grupo.

    Querem discutir políticas sociais e de desenvolvimento humano, ótimo isto é digno de bom senso, porém querer discutir polícas raciais, isto é rasga a contituição deste pais e renegar a todos os outros restantes, que também são cidadãos deste pais e dão sua parcela de contrbuição no bolo desta nação.

    O mais interessante é que os grupos que se dizem discriminados, são os grupos que conclamos por políticas discriminatórias. Se querem melhores condições e qualidade de vida, levante a bandeira do desenvolvimento humano para todos e não para este ou aquele grupo.

           

      1. Bem como também não devemos

        Bem como também não devemos perguntar qual a cor de sua pele. Abra os olhos e veja que esse racismo que negros dizem haver de forma explícita ou velada é sustentado cada vez mais por vocês mesmo, como bem colocou o Gilmar.

  2. As cotas é a forma mais

    As cotas é a forma mais rápida de recuperação Histórica e Econômica da população negra, esse discurso de deixa pra lá, vamos esquecer os 400 anos de escravidão, somos todos da mesma raça é a demonstração clara do racismo velado de nossa sociedade. Sim, nós somos da mesma raça, raça humana, somos todos iguaís, então porque não somos tratados como iguais?  É ai que o racismo nasce!

  3. Cotas

    A lei/religião e etc nunca nos trataram como oriundos da mesma raça (humana), vide a CF de 1824, artigo 92, III. O “raciocínio” do esqueçam o passado é vantajoso para quem já definiu o que é meritocracia e conseguiu seu lugar na escala social. Se algum ladrão/ cidadão me causar dano, é correto pedir indenização ou devo pensar que somos TODOS iguais e, levantar  “sacudir a poeira e dar a volta por cima”? segundo o “raciocínio” exposto, o judiciário não serve pois devo provar ao ladrão que tenho capacidade de conseguir outro bem e, por maior que seja o dano que experimentei não existirá a responsabilidade civil de quem causou o dano e, sim minha incapacidade de “lutar pelos meus direitos”, de “provar ao mundo que sou capaz”  sem a interferência do Estado. O autor do “raciocínio” não age da maneira propõe. 

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador