Consciência negra e políticas afirmativas, por Albertino Ribeiro

Foto: Agência Brasil

Consciência negra e políticas afirmativas, por Albertino Ribeiro

O dia 20 de novembro deve servir para que a sociedade brasileira reflita sobre suas atitudes perante o povo negro.

O Brasil, mais do que qualquer outra nação, deveria ter um olhar acolhedor e integrador e não uma visão míope e mesquinha olhando para detalhes insignificantes e reducionistas que atrelam o valor de um ser humano a pequenas diferenças, seja de raça, cor, nacionalidade ou sexo.

Há 62 anos, um evento emblemático levou os negros americanos à lutarem pelos seus direitos. Refiro-me a atitude de Rosa Parkes, uma costureira americana que se recusou a ceder lugar no ônibus a um homem branco. Sem saber, Parkes deu início a luta contra a segregação racial nos Estados Unidos.

A luta do povo negro americano deu resultado, pois em 1961, o presidente John F. Kennedy deu início às políticas de ações afirmativas que foram ganhando força com o passar do tempo. Graças  a essas políticas, Barak Obama, anos mais tarde,  entrou para a prestigiada universidade de Havard onde cursou direito, tornando-se advogado constitucionalista. Depois uma carreira na área do direito, Obama trilhou com êxito a carreira política e tornou-se o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos.

Podemos perceber que as políticas afirmativas não são delírios de governos latinos americanos com tendências comunistas, pois estas nasceram há mais de 50 anos no auge da guerra fria em um país que via o comunismo como uma  ameaça à sua hegemonia econômica e bélica. Sendo assim, não foi algo gestado por um Bolchevique infiltrado no governo JFK e nem mesmo por um imigrante Bolivariano que naquela época ja pretendia o “green card”.

Contudo, no Brasil, onde políticas dessa magnitude deveriam encontrar um ambiente ideal para serem implementadas, assistimos vozes raivosas em todas as camadas da sociedade, lutando pelo fim das cotas para negros. Esses Ignoram as desvantagens sociais e econômicas históricas que esses cidadãos enfrentam para lutarem em condições de igualdade com os demais. Segundo Aristóteles, devemos tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais. Seu objetivo nessa frase não foi acentuar a discriminação tal como ocorre no Brasil, mas foi para promover a integração da sociedade.

O discurso daqueles que militam contra as politicas afirmativas  consegue adeptos até mesmo entre os negros de baixa renda que se sentem inferiorizados só em pensar na possibilidade de ouvirem julgamentos que depreciem o seu êxito no ingresso de uma universidade ou concurso público. Muitos preferem até mesmo ficar de fora de certames que garantam as vagas na forma da lei.

 Barak Obama não tem vergonha de ter sido cotista de Havard. Ele não se sentiu diminuído, mas simplesmente abraçou a oportunidade e trilhou uma carreira brilhante.

Nesse momento, várias ações encontram-se  no STF, capitaneadas por partidos políticos, pedindo o fim do sistema de cotas, alegando sua inconstitucionalidade. Por que temos esse ranço tão egoísta? O que há no DNA da alma da nossa sociedade que faz do Brasil um palco de tanta insensibilidade em relação aqueles que continuam sendo injustiçados mesmo 130 anos depois da Lei áurea ?

É preciso darmos  mais um passo em direção à civilidade, permitindo que todos tenham oportunidades de lutar pela concretização dos seus sonhos. “Sim nós podemos e devemos”!

 

Redação

1 Comentário

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  1. Manifesto

    “Povo de memória curta, esse é o daBala” — Parodiando Millôr

    Nassif: esse é o último ano da comemoração. A partir de 2019, como o desaparecimento dos negros, conforme a promessa de campanha do daBala (só fica negro que pesar menos de 7 arrobas), acaba com feriado, comemoração e (assim esperam 56 milhões de eleitores) com as pessoas dessa ração sub-ariana-tupiniquim. Os verdeolivas se encarregação da logística étnica. Até PauloMoreninho corre risco. Os capitães do mato serão aqueles da Estrela deDavid, que ajudaram na campanha, com gente e grana, a pedido do Príncipe deParis. Têm knowhow de Varsóvia e de Dachau. Vai ser um passeio…

    E 13 de Maio será cancelado, porque o novo ministro da (in)Justiça vai mandar revogar a Lei Aurea. O Morcegão escapará porque fez o servicinho que lhe pediram. E se José Carlos do Patrocinio, segundo Paula Ney, foi o último negro vendido ao Império, o Morcegão foi o primeiro, desta feita aos milicos.

    Negros do Brasil (com mais de 7 arrobas), se puderem e os que puderem, se mandem até 31 de dezembro. A partir de 2 de janeiro, só andarão por calcada que branco não estiver. Ônibus, necureba. Terão caminhão baú para transporte.

    Tomem seu último ano de comemoração à “Consciência Negra”.

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