Uma experiência modelar de educação inclusiva

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Fotos: Cuia Guimarães

Jornal GGN – Hoje é o dia em que o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, faz a relatoria da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5357, que contesta dispositivo do Estatuto da Pessoa com Deficiência, para retirar a expressão “privadas” do artigo 28 e do artigo 30. Esta ADI quer que a lei deixe de obrigar as escolas particulares a matricular alunos com necessidades especiais, segundo eles “sem qualquer critério de avaliação, o que traz risco à liberdade do gestor educacional”.

Todos os reponsáveis por escolas particulares concordam com esta avaliação? É evidente que não e é evidente que esta maneira comezinha de encarar a educação torna os autores desta ADI meros donos de escola, pois que há muito deixaram de ser educadores. Segundo eles, esta despesa com alunos com necessidades especiais inviabilizaria escolas, que teriam que fechar suas portas. 

Mas inclusão é coisa para educador e não para aqueles que veem somente a conta rasa.

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Maria Tereza Mesquita de Paula é educadora e há 26 anos abriu sua escola Criativa Idade, em Poços de Caldas, Minas Gerais. O sul de Minas ficou mais rico quando Tereza abriu as portas de sua escola para a formação de novos cidadãos. “Eu nunca precisei de lei para fazer inclusão, para trazer a cultura afro-brasileira… “, diz Tereza.

“A questão da inclusão foi um avanço educacional”, diz ela, “e quando as entidades mantenedoras de escolas dizem o contrário, eu acho que estão num discurso oposto ao de educação”, completa. A inclusão, segundo prega e age Tereza, é uma oportunidade de enriquecimento humano, “porque quando eu incluo diversas eu estou dando oportunidade para todas [as crianças] serem melhores, mais humanas, mais generosas. Esse é o propósito da inclusão”.

Quando a criança é recebida na escola, é feita uma roda no grupo a que pertence, e tudo é explicado para as crianças e o problema é nomeado, por exemplo uma criança com dislexia, e os recursos necessários para facilitar a vida para essa criança. E as crianças entendem muito bem isso. Mas é importante que o grupo receba a mensagem verdadeira, que tudo seja transparente, para que se crie no grupo uma corresponsabilidade em relação àquela criança, parte da necessidade do tornar a criança pertencente ao grupo. “Ela é do grupo, ela tem essa identidade, ela é da turma… ela pertence ao grupo!”, explica Tereza.

Vídeo 1 :: Qual é a proposta de educação inclusiva da direção? [gravação: Cuia Guimarães]

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Cecília e Francielle são professoras da Criativa Idade. Fran, como é chamada, diz que inclusão, neste momento, envolve a parte pedagógica da sua própria vivência pessoal.  sobre a inclusão, nesse momento. “Eu entrei nessa turma no começo do ano, em março, e aí já tinham dois casos de autismo”, conta ela “aí eu falei ,outro dia, conversando sobre isso: eu acho que eles me incluíram”. “A inclusão pra mim mudou um pouco de figura, esse ano, a partir das vivências. Então, eles me aceitaram no mundo deles, e eu ganhei muito com isso”, explica ela.

“Atingir aquelas que precisam menos do nosso olhar é fácil né. Conseguir não só ter o meu olhar, mas o olhar de todos. Mas um cuidando do outro, se vendo nesse conjunto coletivo, acho que isso é educação”, diz ela.

Vídeo 2 :: A inclusão é de todos! [gravação: Cuia Guimarães

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Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

1 Comentário

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  1. Incluir

    Certa vez visitei uma APAE e apesar de tudo o que dizia o diretor sobre o programa da entidade, fiquei com pena das crianças ali. Elas não me pareciam felizes. Ao contrario. Não faço apologia contra as Apaes, não saberia dizer se são eficazes ou não. Mas acredito muito mais na educação inclusiva e acho que as Apaes deveriam funcionar mais como apoio, como um lugar de atividade extra-escolar, com atividades artisticas e esportivas e ainda de apoio escolar, ajudando nas tarefas etc.

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