Obras da Copa empregam quase 700 operários do sistema prisional

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – As obras para a construção dos estádios da Copa da Mundo e da Copa das Confederações 2013 contaram com operários do sistema prisional. Foram 682 detentos e ex-detentos selecionados que tiveram o emprego garantido para que os eventos mundiais ocorressem.

Entre as cidades que sediarão a Copa no Brasil, a que mais empregou a população prisional foi Brasília, com 209 detentos, seguida por Natal, com 205, e Belo Horizonte, com 130 trabalhadores. Fortaleza, Cuiabá, Salvador, Manaus e Curitiba também aderiram às contratações.

A iniciativa faz parte do Programa Começar de Novo e foi um acordo, assinado em 2010, entre o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Ministério do Esporte e o Comitê Organizador Local (COL), para promover a reinserção social dos detentos e, com ela, a prevenção da reincidência criminal.

Detentos dos regimes semiaberto e aberto, além de ex-presos, uniram-se aos demais operários para construir e reformar 12 estádios. Além do salário, as respectivas penas foram reduzidas em 1 dia, a cada 3 trabalhados.

A iniciativa foi ainda mais decisiva para cinco detentos de Salvador. Com o resultado positivo, a empreiteira responsável pela construção da Arena Fonte Nova resolveu contratá-los definitivamente.

Antonio Viana da Silva, ex-detento e morador de rua de Natal, também viu sua vida mudar. Trabalhou como servente na desconstrução e reconstrução da Arena das Dunas, por três anos. Com o dinheiro, conseguiu comprar uma cama, uma televisão e uma geladeira.

Com 50 anos, ele participa de outras ações do Programa Começar de Novo, por onde aprendeu a escrever e a ler, e adquiriu noções de informática. “Considero um privilégio ter participado das obras”, disse Antonio. Ele quer terminar os estudos e se profissionalizar no trabalho: tornar-se encarregado e comprar uma casa.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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