Jéssica Moreira
Do Centro de Referências em Educação Integral
Há 53 anos, as irmãs Patria Mercedes Mirabal, Minerva Argentina Mirabal e Antonia María Teresa Mirabal eram torturadas e assassinadas na República Dominicana por fazerem parte do movimento “Las Mariposas”, que lutava contra a ditadura de Trujillo. Em homenagem às irmãs combatentes, em 1981, o 25 de novembro foi instituído como o Dia Mundial de Combate à Violência Contra a Mulher. Mas foi em 1999 que a Assembleia Geral da ONU anunciou esta data como o “Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra a Mulher”, fomentando o debate entre governos e sociedade civil para eliminar o problema, que ainda ronda a vida de meninas e mulheres em todo o mundo.
Com o objetivo de trazer a questão à tona já na adolescência, as secretarias estaduais da Mulher e da Educação de Pernambuco organizam, desde 2012, os Núcleos de Estudos de Gênero e Enfrentamento da Violência contra a mulher. Presente em 28 escolas de ensino médio do município de Recife (PE), o objetivo é promover ações de formação e pesquisa em gênero e educação, envolvendo profissionais e estudantes da rede estadual.
Nas escolas, uma das principais propostas com o projeto, é trabalhar diferentes temas que dialoguem com o cotidiano dos adolescentes, conscientizando e orientando como agir caso passem por eventuais situações que envolvam a questão.
Como é desenvolvido
Durante o ano de 2013, os coordenadores de cada núcleo escolar receberam formação da Secretaria da Mulher, que também fica à disposição para assessorar as atividades dentro das escolas, seja com materiais didáticos sobre o tema ou realizando atividades formativas no ambiente escolar.
Juntando forças
Em 2012, na escola Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) Trajano de Mendonça foi criado o Núcleo de Estudos de Gênero Margarida Maria Alves, no qual estudantes e professores discutem, pelo menos uma vez por mês, assuntos como a promoção da igualdade de gêneros e violência doméstica e contra a mulher.
A escola já realizava, desde 2010, atividade para sensibilizar os estudantes sobre a desigualdade de gênero, chamada de “Uma semana em rosa e lilás“, ocorrida todos os anos na primeira semana de março, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher.
Nesse dia, é pedido a todos os estudantes que se vistam de rosa e/ou lilás, mostrando principalmente aos meninos que as cores não influenciam no gênero de cada um. Além da atividade, a escola promove também pesquisas e oficinas desenvolvidas pelos próprios estudantes, que apresentam o resultado dos estudos aos colegas.
Principais Resultados
Para uma das professoras e coordenadora do núcleo da EREM Trajano de Mendonça, Rosário Leite, o projeto é uma oportunidade de continuar o processo de formação dos professores, já que a maioria das universidades de pedagogia não prepara os profissionais para trabalhar e orientar os estudantes sobre o tema.
Além disso, a possibilidade de trazer novos profissionais de áreas que discutem a questão de gênero, colabora com o debate em sala de aula e enriquece a discussão entre os estudantes, já que muitos dos alunos presenciam isso em suas regiões ou até mesmo em casa.
De acordo com a professora, após a formação no tema, alguns estudantes e mães passaram a procurar a escola para pedir orientações, já que estavam passando por situações de violência contra a mulher.
“O papel da escola é o de informar, conscientizar e quebrar o paradigma de que a mulher é propriedade do homem. É na escola que estão os novos rapazes, os quais precisam entender desde já a questão de gênero”, aponta Rosário.
Uma semana em rosa e lilás/ Créditos: Divulgação Secretaria Estadual da Educação
Dados
Pernambuco ocupa a 10ª posição no ranking nacional de violência contra a mulher, com a taxa de 5,5 homicídios femininos por 100 mil mulheres. Entre as capitais, Recife ocupa a 6ª posição com taxa de 7,6. Os dados fazem parte do relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigou a violência contra a mulher no Brasil.
Veja aqui o relatório.
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