Ubuntu: “eu sou porque nós somos”

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Enviado por Anna Dutra

Do blog A Busca da Felicidade

A dor do outro é a minha dor.  Enquanto houver um infeliz no mundo, não haverá felicidade real.

“Um antropólogo fez uma brincadeira com crianças de uma tribo africana. Ele colocou um cesto cheio de frutas junto a uma árvore e disse para as crianças que o primeiro que chegasse junto a árvore ganharia todas as frutas. Dado o sinal, todas as crianças saíram ao mesmo tempo e de mãos dadas! Então sentaram-se juntas para aproveitar da recompensa. Quando o antropólogo perguntou por que elas haviam agido dessa forma, sabendo que um entre eles poderia ter todos os frutos para si, eles responderam: Ubuntu, como um de nós pode ser feliz se todos os outros estiverem tristes?”

O “Ubuntu” é uma visão unificante do mundo, expressa por meio do provérbio zulu “Umuntu Ngumuntu Ngabantu” (Uma pessoa é pessoa por intermédio das outras pessoas). Este conceito é uma concepção da vida que encontra-se na base das sociedades africanas, e que contem em si o respeito, a partilha, a confiança, o altruísmo e a colaboração. Conceitua o homem enquanto “comunhão”, define a pessoa em analogia às suas relações com os outros. Uma pessoa com Ubuntu é aberta, disponível aos outros, solidária, sabe que é parte de um todo maior. Quando fala-se de Ubuntu entende-se um sentido mais forte de unidade nas relações sociais, para ser disponíveis a encontrar as diferenças presentes na humanidade do outro e enriquecer a nossa: “eu sou porque nós somos. ”.

Mais em: Movimento dos Focolares

Um projeto dos Jovens por um Mundo Unido – “Compartilhando com a África” – para descobrir a dádiva que este continente representa para o mundo inteiro.

Os Jovens por um Mundo Unido lançaram o projeto“Compartilhando com a África”, que deseja contribuir para que seja conhecido o valor que esse continente, com as suas especificidades e tradições, é para o mundo inteiro.

Ainda em dezembro de 2011, cerca de 200 jovens provenientes de vários países africanos reuniram-se com o objetivo de aprofundar o conhecimento de um projeto de fraternidade realizada, que continua desde os anos 1960, emFontem, nos Camarões, e ver como dar a própria contribuição à fraternidade universal. Desde aquele momento surgiu “Compartilhando com a África”, que quer ajudar na formação de uma cultura nova, aberta à construção de um mundo unido, promovendo os valores que edificaram e formaram a sociedade do continente africano.

O projeto deseja ser um espaço de comunhão entre os jovens, não apenas desse continente, mas do mundo inteiro, e favorecer o intercâmbio de culturas, talentos, experiências de vida e desafios, acompanhado por ações concretas.

O primeiro passo prevê a participação na Escola de Inculturação, no próximo mês de maio, em Nairobi, Quênia, que terá como tema “A pessoa – Ubuntu – Eu sou porque nós somos”.

O projeto “Compartilhando com a África” prevê que os participantes da Escola de Inculturação, além de aprofundar o Ubuntu, tenham a possibilidade de desenvolver diversas atividades sociaisjuntamente aos JMU do Quênia: conhecer e interagir com a tribo Samburu, mas também trabalhar pelas crianças de uma favela de Nairobi e pelos frequentadores de um “centro de alimentação”, sempre na periferia dessa imensa cidade.

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

1 Comentário

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  1. É… não é fácil prá nós, que

    É… não é fácil prá nós, que crescemos imersos em cultura que estimula as diferenças, abrirmos mão do individual para privilegiarmos o coletivo. E o medo de abrir e o outro não? Ou pior, de que o outro finja que abre?

    Mas se a ideia do socialismo não fosse tão atraente não precisaria, por exemplo, os EUA terem mantido embargo a Cuba por tanto tempo. Não precisariam os EUA gastar tanta energia – tempo e dinheiro – para manter, através de artifícios como propaganda comercial e institucional (filmes de Hollywood), a cultura do individual acima do coletivo. E talvez ficássemos menos doentes, sem precisar de anti-depressivos, calmantes, estimulantes e até os viagras da vida.

    Fico pensando… será que a gente precisa mesmo gastar tanta vida na tentativa de botar poder uns sobre os outros?

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