Brasil cai da 46ª para 51ª posição em ranking de competitividade mundial

Jornal GGN – Do ano passado para cá, o Brasil caiu da 46ª para a 51ª posição entre 60 países analisados pela escola de negócios suíça IMD – na comparação entre o ano passado e 2011, o país já havia recuado duas posições no ranking. Chamado de World Competitiveness Yearbook, o relatório esmiúça o gerenciamento das competências de cada país na busca por mais prosperidade.
 
Segundo o documento, “a competitividade de uma economia não pode ser reduzida apenas a PIB e produtividade; cada país ou empresa também tem que lidar com dimensões políticas, sociais e culturais”. “Cada nação tem que criar um ambiente que tenha a estrutura, as instituições e as políticas mais eficientes para encorajar a competitividade dos negócios”.
 
Baseado em dados disponíveis e em pesquisas próprias, o ranking do IMD avaliou o desempenho de cada país em quatro quesitos: desempenho econômico, eficiência governamental, eficiência empresarial e infraestrutura. Na liderança estão os Estados Unidos, que desbancaram Hong Kong e voltaram ao topo, enquanto que a Venezuela foi considerado o menos competitivo dos países pesquisados.
Mais produção, menos consumo

O Brasil também foi um dos que mais perderam posições desde que o ranking global de competitividade, incluindo países desenvolvidos e emergentes, começou a ser compilado pelo instituto em 1997. Naquele ano, o país ocupava a 34ª colocação entre 46 países. Entre as nações que mais ganharam posições no ranking estão China, Alemanha, Coreia do Sul, México, Polônia, Suécia, Suíça, Israel e Taiwan. Além do Brasil, Argentina, Grécia, Hungria, Portugal, África do Sul, entre outros, registraram as maiores quedas.
 

Em entrevista à BBC, o diretor do centro de competitividade mundial do IMD, Stéphane Garelli, disse que “o Brasil deixou de fazer reformas importantes que, se postas em prática, poderiam aumentar a competitividade do país frente a outras nações do globo”. “Além disso”, continua, “o país possui uma economia mais baseada no consumo do que na produção. Como resultado, deixou de priorizar investimentos em setores em que poderia se tornar competitivo”, acrescentou.
 
Carlos Arruda, professor de Inovação e Competitividade da Fundação Dom Cabral (FDC) e coordenador no Brasil dos estudos do World Competitiveness Yearbook do IMD, concorda. À BBC, Arruda disse que faltam ao país ações de “longo prazo”. “O Brasil teve ganhos importantes nos últimos anos, mas corremos o risco de perdê-los se continuarmos pensando no curto prazo”, completou. Entre essas ações “estão o investimento em infraestrutura e em educação. Essas são algumas áreas que claramente não estão acompanhando o grau de sofisticação da nossa economia, puxando o nosso crescimento para baixo”, finalizou.
Garelli, do IMD, acrescenta que outras nações latino-americanas, como Chile, Argentina ou Venezuela também vêm perdendo terreno e sendo “desafiadas” por economias emergentes da Ásia, mais competitivas. O mesmo aconteceu, explica ele, com alguns países da Europa, como Itália, Espanha, Portugal e Grécia, que foram fortemente atingidos pela crise financeira mundial. Para o especialista, esses países não diversificaram suas indústrias ou controlaram os gastos públicos, por isso, agora, têm de enfrentar fortes pacotes de austeridade fiscal.
 
Austeridade e competitividade
O diretor do IMD, ressalva, no entanto, que generalizações são enganosas. “A competitividade da Europa vem caindo, mas Suíça, Suécia, Alemanha e Noruega seguem um caminho diferente, colhendo os louros de suas políticas de estímulo à competitividade. A América Latina também vem desapontando, mas há grandes companhias globais por toda a região”. “Os Brics são totalmente diferentes em suas estratégias de competitividade e performance, mas permanecem como uma terra de oportunidades”, disse. “No final”, resuume Garelli, “as regras de ouro da competitividade são simples: produzir, diversificar, exportar, investir em infraestrutura, dar apoio a pequenas e médias empresas, incrementar disciplina fiscal e manter coesão social”.
 
Garelli também lembrou que as medidas de austeridade fiscal, em geral, reduziram a competitividade dos países que implantaram medidas para conter gastos. Para ele, embora a reorganização das finanças tenha sido considerada por grande parte dos governos como uma condição para o crescimento sustentável no futuro, o remédio para a crise foi ministrado “rápido demais”. “Os pacotes de austeridade encontram oposição da população. Os países precisam de coesão social para alcançar a prosperidade”, afirma. E vaticina: “é como se uma pessoa precisasse emagrecer: ela não pode deixar de comer, do contrário, morrerá; precisa diminuir seu peso aos poucos, de forma a atingir plenamente seus objetivos”.

Veja o ranking na tabela abaixo:

 
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Redação

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