Desempenho do PIB brasileiro fica abaixo das expectativas

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – O avanço de 0,6% apresentado pelo PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro ao longo do primeiro trimestre de 2013 ficou abaixo das expectativas do mercado, por conta da piora dos dados dos segmentos de serviços e indústria. Por conta disso, diversos analistas já começaram a revisar o avanço brasileiro em 2013 para patamares inferiores a 3%.

“A diferença entre a nossa projeção e o resultado efetivo foi justificada, em grande medida, por um desempenho muito fraco dos serviços e da indústria. A agropecuária, em contrapartida, confirmou o seu impacto positivo sobre a atividade, refletindo, como já observado, a safra recorde de grãos”, comenta o economista Flávio Combat, da corretora Concórdia, em relatório, que reduziu suas estimativas para o avanço deste ano de 3% para 2,70%.

Para o economista, o desempenho da economia durante o primeiro trimestre refletiu o “crescimento modesto” do consumo das famílias e do governo, pelo lado da demanda, e o desempenho da indústria e dos serviços, pela ótica da oferta. Por outro lado, a agropecuária e os investimentos mensurados pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) foram os motores de crescimento e responderam pela expansão da atividade.

Já a economista Fernanda Consorte, do Banco Santander, afirma que o crescimento de 0,6% confirma que a recuperação econômica se mostra bastante contida, ressaltando que o desempenho tem surpreendido o mercado para baixo desde o terceiro trimestre de 2011 – na ocasião, o crescimento econômico foi de 2,1% “Tem mais de um ano que o mercado vem sendo surpreendido negativamente, dentro de um cenário bem complicado de atividade”. O quadro de avanço contido levou o banco a revisar seu PIB de 2013 para 2,8%, “com viés de baixa”.

Ao avaliar a abertura dos dados, ela explica que os dados teriam sido ainda piores se não fosse o avanço de 9,7% apurado pelo setor agropecuário. “Pela ótica da oferta, a única contribuição positiva foi da agropecuária, que avançou quase 10% na margem. Se ela tivesse crescido zero, o PIB teria avançado 0,1%”.

Pelo lado da demanda, a melhora da Formação Bruta de Capital Fixo foi diretamente afetada pelo câmbio, que acabou por favorecer os segmentos da indústria que dependem da importação de bens de capital. Apesar desse destaque, houve uma leve redução entre o apurado no primeiro trimestre de 2012 (18,7% do PIB) e o apurado no mesmo período deste ano (18,4% do PIB). Segundo Combat, o resultado foi “reflexo das incertezas que ainda rondam a economia brasileira (rumos da política monetária e cambial, trajetória da política fiscal, políticas de incentivo e resiliência do mercado de trabalho)”.

Além de ressaltar o aumento das importações, Fernanda Consorte afirma que os dados de demanda foram mais fortes que a oferta, o que pode ser interpretado como um aumento dos estoques da economia durante o primeiro trimestre, embora não exista um dado oficial a respeito. “E sabemos que, quando tem aumento de estoques, a produção tende a cair nos trimestres a frente. A leitura é muito ruim”.

Quanto ao consumo das famílias, Combat afirma que o aumento de 0,1% – bem abaixo do avanço de 1% registrado no trimestre anterior, mas com 2,1% de alta em termos interanuais – refletiu o aumento de 3,2% na massa salarial e o aumento de 9,5% nas operações de crédito. De acordo com Fernanda, o impacto do avanço inflacionário ajudou a comprometer a renda familiar. “Não dá para atribuir um peso à inflação no consumo das famílias, mas ela possui um papel através da renda. Houve uma parte da inflação mais alta que o esperado, aliado a um reajuste menor do salário mínimo e outros reajustes que foram menores”.

Outro ponto que não pode ser deixado de lado é a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, que vai divulgar a taxa básica de juros na noite desta quarta-feira (29). Diante de um quadro em que o crescimento ficou abaixo das expectativas, tudo indica que as autoridades monetárias devem manter o ajuste de 0,25 ponto percentual da taxa Selic. Segundo Fernanda, “nosso cenário já era mais deteriorado do que o mercado esperava, considerando um ciclo gradual de 75 pontos-base de ajuste, com um aumento na reunião de hoje e mais um na reunião de julho. Os dados do PIB reforçam nosso cenário”.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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