Jornal GGN – O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou o mês de junho em alta de 0,35%, menos da metade da variação vista em maio (0,78%) e o menor patamar para o mês desde 2013, quando o total foi de 0,26%. Os dados foram divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em junho de 2015, o IPCA registrou 0,79%.
Com isto, a inflação oficial encerrou o primeiro semestre do ano com um ganho acumulado de 4,42%, bem abaixo dos 6,17% registrados em igual período de 2015. Na últimos doze meses, o índice desceu para 8,84%, enquanto se situava em 9,32% nos doze meses imediatamente anteriores.
Sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados mostraram desaceleração na taxa de crescimento, na passagem de maio para junho. Apenas Transportes (de -0,58% para -0,53%), cuja queda foi menos intensa, e Comunicação (de 0,01% para 0,04%) apresentaram resultados superiores aos de maio.
Embora tenha perdido força na avaliação mensal, o grupo Alimentação e Bebidas (de 0,78% em maio para 0,71% em junho) foi responsável por 0,18 ponto percentual (p.p.) do IPCA, a maior contribuição entre os grupos. A categoria respondeu por 60% do IPCA do mês, devido aos avanços dos itens feijão-carioca, com o preço do quilo 41,78% mais caro; e o leite longa vida, com o custo do litro subindo 10,16%.
A despesa com habitação desacelerou de 1,79% em maio para 0,63% em junho. Um dos destaques foi o item taxa de água e esgoto, que apresentou variação de 2,64% (abaixo dos 10,37% de maio), tendo em vista as pressões exercidas por Salvador (7,98%), com reajuste de 9,98% em vigor a partir do dia 06 de junho; Brasília (7,69%), onde ocorreu reajuste de 7,95% em primeiro de junho; Belo Horizonte (5,57%), com reajuste de 13,90% vigente desde 13 de maio, além da revisão na estrutura tarifária praticada pela empresa de abastecimento de água e de esgotamento sanitário da região; e São Paulo (3,25%), com reajuste de 8,40% desde 12 de maio.
Apesar de não ter apresentado queda, o item energia elétrica, com variação de 0,05%, refletiu os resultados de Curitiba (-2,58%), com redução na tarifa de 13,83% em 24 de junho, Porto Alegre (-0,75%) com redução de 7,50% em uma das concessionárias em 19 de junho e Belo Horizonte (3,26%), com aumento de 3,78% em 28 de maio. Além disso, em oito das 13 áreas pesquisadas houve redução nas alíquotas do PIS/COFINS, ao passo que nas demais foi registrado aumento.
Os outros grupos apresentaram os seguintes resultados: artigos de residência (de 0,63% para 0,26%), vestuário (de 0,91% para 0,32%), saúde e cuidados pessoais (de 1,62% para 0,83%), despesas pessoais (de 1,35% para 0,35%) e educação (de 0,16% para 0,11%).
Sobre os índices regionais, o maior foi registrado na região metropolitana de Belo Horizonte, com 0,66%, por conta da taxa de água e esgoto (5,57%), que refletiu o reajuste de 13,90% vigente desde 13 de maio, além da revisão na estrutura tarifária praticada pela empresa de abastecimento de água e de esgotamento sanitário da região. Além disso, as contas de energia elétrica aumentaram 3,26%, tendo em vista o reajuste de 3,78% no valor da tarifa em vigor desde 28 de maio. O menor índice foi o de Porto Alegre, com queda de 0,02%.
Em nota, o economista-chefe da consultoria Infinity Asset Management, Jason Vieira, diz que o resultado da inflação oficial frustra expectativa de corte dos juros. “Juntamente ao IGP-DI, o qual também se manteve praticamente dentro das projeções médias dos analistas, mesmo este IPCA dificulta em as tentativas do governo retomar o afrouxamento monetário, mesmo que a atividade econômica atual dê abertura ao processo”, diz Vieira. “Ainda se firma a tendência de manutenção da atual taxa Selic, até que sejam dissipadas também as pressões advindas do atacados, as quais ameaçam as projeções futuras de preços ao consumidor”.