IBGE: Com greve dos caminhoneiros, indústria recua 10,9% e volta ao patamar de 2003

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Agência Brasil
 
Do IBGE
 
Em maio de 2018, a produção industrial nacional recuou 10,9% frente a abril, na série com ajuste sazonal, queda mais acentuada desde dezembro de 2008 (-11,2%), refletindo os efeitos da paralisação dos caminhoneiros que afetou o processo de produção de várias unidades produtivas no país. Com o resultado, o patamar de produção retornou a nível próximo ao de dezembro de 2003, ficando, dessa forma, 23,8% abaixo do ponto recorde alcançado em maio de 2011. Na série sem ajuste sazonal, em relação a maio de 2017, a indústria recuou 6,6%, recuo mais intenso desde outubro de 2016 (-7,3%), e interrompeu doze meses consecutivos de taxas positivas.
 
Abril 2018 / Maio 2018      -10,9%
Maio 2018 / Maio 2017      -6,6%
Acumulado em 2018           2,0%
Acumulado em 12 meses   3,0%
Média Móvel Trimestral      -3,4%
 
O setor industrial acumulou expansão de 2,0% nos cinco primeiros meses de 2018, ritmo abaixo do resultado registrado até abril último (4,5%). O índice acumulado dos últimos doze meses, ao passar de 3,9% em abril para 3,0% em maio de 2018, assinalou redução na intensidade do crescimento e interrompeu a trajetória ascendente iniciada em junho de 2016 (-9,7%). A publicação completa da Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF) pode ser acessada ao lado desta página.
 
De abril para maio, 24 dos 26 ramos industriais recuaram

O recuo de 10,9% da indústria em abril teve predomínio de resultados negativos, alcançando as quatro grandes categorias econômicas e 24 dos 26 ramos pesquisados. Entre as atividades, as influências negativas mais relevantes foram assinaladas por veículos automotores, reboques e carrocerias (-29,8%) e produtos alimentícios (-17,1%). Outras contribuições negativas relevantes vieram de bebidas (-18,1%), de celulose, papel e produtos de papel (-13,0%), de produtos de minerais não-metálicos (-14,3%), de produtos de borracha e de material plástico (-10,5%), de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-15,4%), de outros produtos químicos (-5,6%), de produtos de metal (-10,5%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-12,9%), de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-11,7%), de metalurgia (-4,2%), de máquinas e equipamentos (-5,3%), de produtos de madeira (-15,1%), de outros equipamentos de transporte (-13,8%), de perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-10,8%) e de couro, artigos para viagem e calçados (-9,8%). Apenas os ramos de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (6,3%) e de indústrias extrativas (2,3%) assinalaram avanços na produção nesse mês.

Entre as grandes categorias econômicas, ainda na comparação com o mês imediatamente anterior, bens de consumo duráveis, ao recuar 27,4%, mostrou a queda mais acentuada em maio de 2018, influenciada, em grande parte, pela menor produção de automóveis. Vale destacar que essa redução foi a mais intensa desde o início da série histórica e interrompeu três meses consecutivos de taxas positivas e que acumularam expansão de 7,6%. Os setores produtores de bens de capital (-18,3%) e de bens de consumo semi e não-duráveis (-12,2%) também apontaram taxas negativas mais elevadas do que a média nacional (-10,9%), com ambos eliminando os ganhos acumulados nos meses de março e abril últimos: 5,7% e 1,2%, respectivamente. O segmento de bens intermediários (-5,2%) também assinalou recuo na produção, com a perda mais acentuada desde dezembro de 2008 (-11,9%), e reverteu o crescimento de 1,5% verificado em abril último.

Ainda na série com ajuste sazonal, a evolução do índice de média móvel trimestral para o total da indústria mostrou queda de 3,4% no trimestre encerrado em maio de 2018 frente ao nível do mês anterior, após avançar 0,3% em abril e recuar 0,7% em março último, quando interrompeu a trajetória ascendente iniciada em maio de 2017. Entre as grandes categorias econômicas, o segmento de bens de consumo duráveis (-8,3%) apontou o resultado negativo mais intenso nesse mês, interrompendo, dessa forma, a trajetória predominantemente ascendente iniciada em maio de 2017. Os setores produtores de bens de capital (-4,4%), de bens de consumo semi e não-duráveis (-3,7%) e de bens intermediários (-1,6%) também recuaram em maio de 2018, com o primeiro interrompendo o comportamento positivo presente desde fevereiro de 2017; o segundo eliminando o ganho de 2,1% acumulados entre dezembro de 2017 e abril de 2018; e o terceiro permanecendo com a trajetória descendente iniciada em janeiro último.

Na comparação com maio de 2017, a indústria recuou 6,6% em maio de 2018, com resultados negativos nas quatro grandes categorias econômicas, 24 dos 26 ramos, 63 dos 79 grupos e 69,7% dos 805 produtos pesquisados. Vale citar que, no resultado desse mês, verifica-se a influência tanto dos efeitos da paralisação dos caminhoneiros, como do efeito-calendário, já que maio de 2018 (21 dias) teve um dia útil a menos do que igual mês do ano anterior (22). Entre as atividades, produtos alimentícios (-14,3%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-12,8%) exerceram as maiores influências negativas na formação da média da indústria. Outras contribuições negativas relevantes sobre o total nacional vieram de outros produtos químicos (-9,3%), de bebidas (-14,9%), de produtos de minerais não-metálicos (-12,8%), de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-15,5%), de celulose, papel e produtos de papel (-9,7%), de couro, artigos para viagem e calçados (-17,9%), de produtos de metal (-9,2%), de máquinas e equipamentos (-6,3%), de produtos de borracha e de material plástico (-7,7%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-10,3%), de perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-12,3%), de produtos do fumo (-21,2%) e de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-6,8%). Por outro lado, ainda na comparação com maio de 2017, as atividades de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (9,4%) e de indústrias extrativas (2,0%) apontaram as influências positivas no total da indústria.

Ainda em relação a maio de 2017, bens de consumo duráveis (-11,9%) e bens de consumo semi e não-duráveis (-9,1%) assinalaram, em maio de 2018, os recuos mais acentuados entre as grandes categorias econômicas. Os segmentos de bens de capital (-6,6%) e de bens intermediários (-5,2%) também mostraram taxas negativas nesse mês, com o primeiro repetindo a magnitude de perda observada na média nacional (-6,6%); e o segundo com a queda mais moderada entre as categorias econômicas.

O segmento de bens de consumo duráveis recuou 11,9% em maio de 2018 frente a igual período do ano anterior, queda mais intensa desde julho de 2016 (-16,1%), e interrompeu dezoito meses de resultados positivos consecutivos nesse tipo de comparação. Nesse mês, o setor foi particularmente pressionado pela redução na fabricação de automóveis (-17,4%). Vale citar também os recuos assinalados por eletrodomésticos da “linha branca” (-15,3%) e da “linha marrom” (-4,5%), móveis (-14,8%) e outros eletrodomésticos (-9,0%). Por outro lado, o impacto positivo mais importante foi registrado pela maior produção de motocicletas (25,1%).

Ainda em relação a maio de 2017, o segmento de bens de consumo semi e não-duráveis mostrou queda de 9,1% no índice mensal de maio de 2018, após registrar expansão de 9,8% em abril último. Vale destacar que o recuo observado em maio de 2018 foi o mais elevado desde abril de 2017 (-9,4%).

Ainda no confronto com igual mês do ano anterior, o segmento de bens de capital, ao recuar 6,6% em maio de 2018, interrompeu doze meses de resultados negativos consecutivos e marcou a queda mais intensa desde outubro de 2016 (-8,2%). Na formação do índice desse mês, o segmento foi influenciado, em grande parte, pela queda observada no grupamento de bens de capital para equipamentos de transporte (-11,0%). As demais taxas negativas foram registradas por bens de capital para fins industriais (-8,9%) e agrícolas (-9,6%). Por outro lado, os impactos positivos foram assinalados pelos grupamentos de bens de capital para construção (14,5%), de uso misto (1,9%) e para energia elétrica (1,0%).

A produção de bens intermediários apontou redução de 5,2% no índice mensal de maio de 2018, revertendo, dessa forma, a taxa positiva observada em abril último (4,7%). Vale citar que a queda verificada em maio de 2018 foi a mais elevada desde outubro de 2016 (-7,2%).

No índice acumulado no ano, frente a igual período do ano anterior, o setor industrial mostrou expansão de 2,0%, com resultados positivos nas quatro grandes categorias econômicas, 14 dos 26 ramos, 44 dos 79 grupos e 50,3% dos 805 produtos pesquisados. Entre as atividades, a de veículos automotores, reboques e carrocerias (16,4%) exerceu a maior influência positiva na formação da média da indústria, impulsionada, em grande parte, pelos itens automóveis, caminhão-trator para reboques e semirreboques, caminhões e autopeças. Outras contribuições positivas relevantes sobre o total nacional vieram de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (21,4%), de metalurgia (6,3%), de máquinas e equipamentos (4,6%), de celulose, papel e produtos de papel (3,6%), de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (4,7%) e de produtos de borracha e de material plástico (2,9%). Por outro lado, entre as onze atividades que apontaram redução na produção, as principais influências no total da indústria foram registradas por outros produtos químicos (-2,9%), indústrias extrativas (-1,2%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,3%).

Entre as grandes categorias econômicas, o perfil dos resultados para os cinco primeiros meses do ano de 2018 mostrou maior dinamismo para bens de consumo duráveis (13,9%) e bens de capital (9,5%), impulsionadas, em grande parte, pela ampliação na fabricação de automóveis (12,2%) e eletrodomésticos da “linha marrom” (35,6%), na primeira; e de bens de capital para equipamentos de transporte (17,4%), para construção (43,5%) e de uso misto (17,3%), na segunda. Os setores produtores de bens intermediários (0,7%) e de bens de consumo semi e não-duráveis (0,2%) também assinalaram taxas positivas no índice acumulado no ano, mas com avanços abaixo da magnitude observada na média nacional (2,0%).

 
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

1 Comentário

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  1. Greve é o escambau, a culpa é do Parente e sua política imbecil

    Como a greve teve até um certo apoio popular, a míRdia resolveu não bater muito de frente à época e findo o movimento (quem quer trabalhar para não poder pagar nem as contas?!) esta míRdia nojenta iniciou a campanha para colcar a culpa de tudo de ruim que acontece por causa das políticas deste desgoverno bandido, golpista e entreguista aos caminhoneiros, insinuando que trabalhadores lutarem por condições mínimas é ruim para o país. O que vale é usar o governo para armar negócios com condições máximas para os que tem dinheiro sobrando.

    PQP!

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