Indústria e empresários criticam consequências de acordo com caminhoneiros

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Divulgação
 
Jornal GGN – Michel Temer enfrenta novos obstáculos na negociação com os caminhoneiros. Agora, são os empresários que reclamam o pacto feito pelo governo com os manifestantes e afirmam que quem pagará a conta serão eles e a população, no preço final dos produtos pelo tabelamento do frete.
 
No setor empresarial, as reclamações são diversas. Começando pelas estimativas divulgadas sobre as perdas geradas com a paralisação de mais de uma semana dos caminhoneiros.
 
De acordo com o presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, os cálculos de perda no setor siderúrgico chegam a R$ 1,1 bilhão, após 10 aciarias serem paralisadas e 17 fornos abafados.
 
A indústria química calcula um prejuízo de R$ 950 milhões, uma vez que os polos petroquímicos não sofreram paralisações. Para Fernando Figueiredo, presidente da Abiquim, a greve foi justa e a culpa “é exclusivamente da Petrobras, que não construiu refinarias e nos tornou dependentes da importação de combustíveis e, portanto, do câmbio”, disse à Folha.
 
As montadoras tiveram uma queda de mais de 15% na produção de maio, em comparação ao mesmo período de 2017, interrompendo 18 meses de altas. De acordo com a associação de montadoras Anfavea, foram peridods entre 70 mil a 80 mil unidades e os impactos devem seguir no mês de junho.
 
Os empresários também reclamam da redução do Reintegra para diminuir o preço dos combustíveis. O programa devolvia 2% do valor exportado em produtos manufaturados por meio do PIS/Cofins, e agora será de 0,1%.
 
De acordo com Lopes, em declarações à Folha de S.Paulo, a redução da alíquota pode impactar em R$ 635 milhões que deixariam de ser exportados pela siderurgia.
 
Outra polêmica é a tabela de frete mínimo, divulgado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que apesar de ter reduzido o preço para alguns casos após pressão do setor, já obteve reações negativas.
 
A primeira reclamação veio da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) que disse que irá recorrer à Justiça, por meio de mandado de segurança para impedir o tabelamento. 
 
“Centenas de empresas estão vindo até nós para falar que com o tabelamento haverá aumento de 30% a até 150% no preço final dos produtos e quem vai acabar arcando com isso será o consumidor. O governo quer resolver um problema e está criando outros”, disse o novo presidente da entidade José Ricardo Roriz Coelho.
 
Os cálculos da Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia) são de que ocorrerá um aumento de até 80% no preço da logística para o setor. Para o presidente da consolho diretor da entidade, Wilson Mello, ou haverá inflação ou “pode ser que se tenha perda de lucratividade e competitividade”.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

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  1. Abiquim “bem informada”

    Sobre esse depoimento:

    Para Fernando Figueiredo, presidente da Abiquim, a greve foi justa e a culpa “é exclusivamente da Petrobras, que não construiu refinarias e nos tornou dependentes da importação de combustíveis e, portanto, do câmbio”

    Só podemos rir. Esse é o nível de assessoramento e informação que subsidia a ação da Indústria Química no Brasil? Já vi que esse pessoal ainda vai bater muita panela e aplaudir o pato amarelo.

    Por favor, alguém avise a ele que o golpe foi pra isso, pra reduzir a produção nacional e tornar o país dependente do exterior.

  2. É a política do cobertor

    É a política do cobertor curto. Puxa pra cima para cobrir o pescoço e acaba descobrindo os pés. Puxa pra baixo para cobrir os pés, acaba descobrindo o pescoço.

    Sem fazer o cobertor (a economia) crescer, vão ficar assim eternamente.

  3. Tolinhos, será?

    A solução para essa turma é a mesma dos traíras do Brasil.

    Vendam, entreguem a Petrobras em mãos competentes. As mãos do mercado.

    Miami é logo ali, quem sabe Mônaco.

    Agora, aos pequenos empresários, o mi$$hell vai lançar o bolsa sifu.

    Podem também juntar-se ao $erra, ao meireles  e ao vampiro, lá na assembleia de deus.

    Vai faltar papelão e latinha.

     

  4. “é assim que a gente dança…”

    DA RÁDIO UFMG EDUCATIVA, ENTREVISTA COM A ECONOMISTA LAURA CARVALHO, AUTORA DO LIVRO “VALSA BRASILEIRA” (EDITORA TODAVIA, 2018). A reportagem original contém o áudio com a versão integral da entrevista. 

    ” UFMG Educativa conversa com a economista Laura Carvalho sobre o livro ‘Valsa Brasileira’

     

    Professora de economia da USP faz uma análise da economia brasileira nos últimos 10 anos

     

    quinta-feira, 7 de junho 2018, às 16p0atualizado em quinta-feira, 7 de junho 2018, às 17p1

     

    Laura Carvalho é doutora em economia pela New School for Social Research e, professora da Faculdade de Economia e Administração da USP.

     

    O que alguns passos de dança podem ter a ver com o que aconteceu com a economia brasileira entre 2006 e 2017? É essa a relação criada pela professora da USP Laura Carvalho no seu primeiro livro: “Valsa brasileira: do boom ao caos econômico”. Além de se propor à análise da economia do país desde o primeiro mandato de Lula até o ano passado, já no governo Temer, o livro procura desenhar novas propostas para os rumos do país, o que pode orientar a agenda econômica de presidenciáveis ao pleito deste ano. 

    A professora Laura Carvalho, que também é colunista do jornal Folha de São Paulo, está aqui na UFMG, nessa quinta-feira, 7, para falar sobre a obra, e conversou com o programa Expresso 104,5, da rádio UFMG Educativa.

    “Eu passei um bom tempo pensando numa metáfora que service para esse movimento de ‘volta pro mesmo lugar’. Então,  encontrei essa metáfora da valsa e organizei o livro pelo ‘Passo a Frente’, que seria quele período entre 2006 e 2010, quando a economia cresceu mais; o ‘Passo ao Lado”, que seria o período entre 2011 e 2014; e o ‘Passo Atrás’, que começou em 2015 e dura até hoje”, explica a professora. 

    “Os economistas tem essa tendencia a falar uma linguagem que afasta, muitas vezes, eu acho que isso é do próprio interesse, inclusive, da profissão, de bloquear os debates da sociedade e limitar a influencia da democracia nas decisões econômicas. Então todo o esforço que eu faço, inclusive no livro, é de tornar mais acessível essa linguagem”, completa. 

     Ouça a conversa com Filipe Sartoreto.

     

    [na reportagem original, arquivo de áudio com a íntegra da entrevista transmitida ao vivo no programa de 07/06/2018]

     

    O lançamento do livro “Valsa brasileira: do boom ao caos econômico”, da professora de economia da USP, Laura Carvalho, é a 17h FACE, a Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG., no Campus Pampulha. O livro está sendo lançado pela editora Todavia e pode ser encontrado no site da editora e também em livrarias e plataformas digitais.

    Com produção de João Rezende, Daniel Silveira e Gabriela Sorice “

     

    (fonte e link para a reportagem original –  https://ufmg.br/comunicacao/noticias/professora-de-economia-da-usp-analisa-10-anos-da-economia-brasileira

     

    Dança – A filial 

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=r6Et61D9K64%5D

    https://www.youtube.com/watch?v=r6Et61D9K64

     

     

    Sampa/SP, 07/06/2018 – 22:09

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