Indústria paulista demite 31,5 mil pessoas no ano

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – A indústria paulista registrou a demissão de 15 mil trabalhadores apenas no mês de agosto, sendo 12.275 vagas fechadas pelo setor manufatureiro e 2.725 pelo segmento de açúcar e álcool. Com isso, o setor demitiu 31,5 mil pessoas ao longo do ano, segundo pesquisa da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp).

O emprego industrial em São Paulo caiu o equivalente a 0,58% em agosto, sem ajuste sazonal, desempenho considerado o pior para o mês desde o primeiro levantamento feito pelo departamento em 2005. Na leitura com ajuste sazonal, as 15 mil demissões equivalem a uma queda de 0,37%. No acumulado de 12 meses, agosto deste ano versus agosto de 2013, a indústria demitiu 108 mil trabalhadores.

“Faltam três meses para completarmos o ano e nós não vemos sinais de que tenhamos alguma recuperação”, afirma Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) das entidade, que classifica o ano de 2014 como “melancólico” para a indústria paulista. “Nossa previsão é de que ao completar o ano de 2014 vamos ter uma variação que vai superar o ano da crise, ou seja vai ultrapassar os 100 mil empregos [a menos]”, completa.

Em nota, o diretor compara o fraco desempenho de 2014 com a baixa performance da indústria em 2009, com a diferença que o setor apresentou uma ligeira recuperação no segundo semestre daquele ano, “coisa que não se verifica em 2014”. Somente em agosto, 17 dos 22 setores avaliados pela pesquisa do Depecon anotaram baixa em seu quadro de funcionários, e cinco aumentaram seu pessoal. Já no mesmo mês em 2009, apenas nove setores registraram demissões, enquanto 11 contrataram.

A indústria de máquinas e equipamentos continua figurando no campo das perdas do emprego. Em agosto, fábricas do segmento demitiram ao todo 3.393 funcionários, seguido pelos setores de veículos automotores, reboques e carrocerias, com o fechamento de 2.497 vagas, e de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos, com 2.244 demissões. Na contramão, os fabricantes de produtos de minerais não metálicos, louças e cerâmica, contrataram 923 novos trabalhadores.

Considerando apenas as indústrias do interior de São Paulo, o emprego caiu 0,72%. E 28 de 36 regiões pesquisadas informaram demissões, enquanto seis disseram ter contratado e duas mantiveram-se estáveis.

Segundo Francini, diversas influências afetaram o desempenho do setor produtivo de São Paulo. “Nessa constelação certamente existe a queda expressiva da formação bruta de capital fixo, existe também uma queda do setor automotivo motivado por questões internas e externas, leia-se a Argentina”, afirma.

O diretor reitera ainda que o atual patamar da taxa de câmbio continua “agressivo” para a indústria e que prever o futuro cenário econômico, indispensável para predisposição de novos investimentos, “está sendo uma tarefa impossível”. “Temos eleições, o que amplia esse não saber a respeito do futuro, já que não sabemos quem será o nosso próximo presidente”, diz. “Isso tudo enfileirado leva à situação melancólica da indústria de transformação”.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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  1. Faltam três meses para

    Faltam três meses para completar o ano e não se ver sinais de alguma recuperação com relação as demissões ocorridas no setor industrial de São Paulo. O fraco desempenho deste ano esta sendo comparado por especialistas a com a baixa performance da indústria em 2009. A diferença, segundo eles, está em uma ligeira recuperação que o setor demonstrou no segundo semestre daquele, o que não acorreu nesse. Entre os fatores que reduzem o emprego industrial em São Paulo estão: a queda expressiva da formação bruta de capital fixo (FBCF, medida do que se investe em máquinas, equipamentos e na construção civil) e o recuo da produção de automóveis, influenciado pelo enfraquecimento do mercado interno e pela queda das exportações para a Argentina. A queda da confiança do setor produtivo e a indefinição causada pelo período eleitoral também prejudicam o setor.  a situação ainda deve se agravar, superando a marca de 100 mil postos de trabalho fechados neste ano. 

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