O futuro da indústria de máquinas, por Carlos Pastoriza

O que vem pela frente?

Por Carlos Buch Pastoriza

Da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos

No decorrer do ano de 2014, face o andar da carruagem, não era nenhuma novidade que teríamos um ano de 2015 bastante complicado, com forte ajuste fiscal e retração econômica.

Pois bem! O ano nem bem começou e algumas medidas nessa direção já foram anunciadas! A sociedade brasileira foi brindada com um pacote de aumento de impostos: Elevação de IOF nos financiamentos e dos juros para financiamento da casa própria, volta da CIDE nos combustíveis, a não correção plena da tabela do imposto de renda, dentre outros. 

Para a indústria, mais especificamente a de máquinas e equipamentos, sobrou, por enquanto, a redução de aporte de recursos, a elevação de juros e diminuição da parcela financiada no PSI-FINAME e nas demais linhas do BNDES, esta que vinha sendo a principal e, talvez, a única ferramenta capaz de minimizar a perda de competitividade sistêmica da indústria nacional de máquinas e equipamentos.

Sem fazer juízo de valor em relação às medidas anunciadas até o momento, é fato que, em função dos sucessivos equívocos cometidos pelo governo nos últimos anos, fortes ajustes seriam necessários. Entretanto, somente o aumento de impostos não será o remédio suficiente para recolocar a economia brasileira nos trilhos. 

Acrescente-se a isso as constantes elevações da taxa SELIC (com o argumento de combate à inflação) que produz efeitos nefastos à economia, uma vez que inibe os investimentos, pois se torna mais atrativo investir no mercado financeiro e ainda atrai capital especulativo, provocando a valorização artificial do real frente ao dólar, o que torna a indústria nacional ainda menos competitiva. Isso sem falar no aumento de gastos com juros para o governo, o que vai totalmente na contramão do tão perseguido ajuste fiscal (cada ponto percentual de aumento da SELIC representa um gasto anual da ordem de R$ 10 bilhões para os cofres públicos. No ano, o governo gasta cerca de R$ 250 bilhões só com o pagamento de juros).

O governo precisa sinalizar, com a mesma velocidade com que anunciou o aumento de impostos, a implementação de medidas capazes de promoverem a retomada da competitividade brasileira. Do contrário, somente a elevação de impostos, somada à crise vivenciada pela Petrobras e pelos setores de etanol, siderurgia e mineração (maiores adquirentes de máquinas e equipamentos) vão levar toda a cadeia da indústria de transformação para uma crise sem precedentes, muito mais séria do que a que já estamos vivenciando atualmente.

Esperamos que, com brevidade, venham a ser anunciadas medidas para a diminuição do Custo Brasil, simplificação do sistema tributário, redução dos spreads e juros escorchantes que são cobrados das empresas e a melhoria da infraestrutura brasileira, com o destravamento das concessões públicas, além, é claro, de um câmbio minimamente favorável ao setor produtivo. 

Seria futurologia prever o quão fortemente o ano de 2015 está comprometido, mas é fato que passaremos por um período de significativa retração econômica. Nós, da ABIMAQ, vamos continuar motivados e envidando todos os esforços, dando a nossa contribuição, apresentando propostas e cobrando do governo as ações que possam recolocar o país rumo à retomada do crescimento.

Sabemos que as questões estruturais não se resolvem de imediato, contudo, o governo precisa dar sinalizações claras, com urgência, de que irá começar a implementá-las, ainda em 2015, para que 2016, com a “casa arrumada”, venha a ser um ano de retomada do crescimento da economia brasileira.

Ainda que as previsões não sejam as melhores, que venha 2015!

Carlos Buch Pastoriza

Presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ / SINDIMAQ

Redação

6 Comentários

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    1. Equivoco?

      O maior equivoco, pra usar uma palavra educada, foi justamente aumentar impostos e a taxa de juros. Pra uma economia que vinha andando devagar isso foi um desastre. Como diria aquele senador de MG, radicado e que faz carreira no RJ, “Dilma foi Levyana”. Nesse caso, Levy foi o desastre mesmo. Eu entendo que o aumento da SELIC e nos juros aos cidadãos trazem perdas muito maiores, e aumenta muito mais o gasto do governo que qualquer reforma é capaz de compensar. E aí, vão aumentar mais os impostos pra cobrir os juros que o Governo vai ter que pagar?  Melhor estava com Mântega.

      Outro equivoco comum é falar em “reformas”. Ora, nada no mundo é estático, tudo evolui, então não existe esse negócio de “reformas”, tudo tem de estar em constante evolução e adaptação, só isso. O resto é desculpa, pretexto pra dar dinheiro e agradar a BANCA.

      1. Pelo que eu entendi ele

        Pelo que eu entendi ele estava citando os “eqívocos” dos “últimos anos” , e não as medidas que foram tomadas este ano ! Com essas ele parece concordar…. :

         

         

  1. o cambio é talvez o principal

    o cambio é talvez o principal mecanismo para “ajudar a industria de maquinas brasileira. Não seria um aspecto positivo o país ter promovido uma desvalorização de sua moeda (cotação hoje -+2,80) e tendo a inflação não se descolado muito?

    O que acham?

  2. Os equívocos começaram este ano…

    A política neoliberal, implementada pelos cabeças de planilha que assumiram o governo no ínício deste.

    Aumento dos combustíveis, aumento da energia elétrica, aumento de impostos, quando isto vai dar resultados positivos para as índustrias? Nunca!

    No Brasil temos apenas duas indústrias de 1 mundo: Petrobrás e Embraer, o resto fabricam produtos para terceiro mundo.

    O planejamento do parque industrial brasileiro deve começar com as agroindústrias, depois o resto. 

    Ou então o governo começa a criar uma estatal para cada item fabricado. A começar com o automobilistico.

  3. A INDÚSTRIA NÃO PODE RECLAMAR DE NADA!

    Porque se o governo tivesse uma arrecadação maior, sem aumentar impostos sobre a produção e o consumo; que é perfeitamente possível tributando-se a especulação:

    http://democraciadiretabrasileira.blogspot.com.br/2015/02/impostos-sim-mas-com-justica.html 

    Poderíamos ampliar nosso mercado interno, elevando aposentadorias, funcionalismo, e salário mínimo, sem gerar inflação. 

    Se acabasse a roubalheira, o assalto aos cofres públicos, isso poderia ser feito da mesma forma. Entretanto, nossos industriais não são capazes nem de exigir dos políticos financiados por eles mesmos, que aprovem uma reforma tributária nos moldes do link acima, e muito menos que comecem a acabar com a corrupção, instituindo o REFERENDO REVOCATÓRIO DE MANDATO:

    https://www.facebook.com/democracia.direta.brasileira/photos/a.300951956707140.1073741826.300330306769305/303097703159232/?type=3&theater 

    Esperar o que, de que acha a maior vantagem ver a roubalheira se espalhar no país, e depois o governo ficar sem verba para financiar a pesquisa científica de sua própria empresa?

    https://www.facebook.com/democracia.direta.brasileira/photos/a.300951956707140.1073741826.300330306769305/379112835557718/?type=3&theater

     

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