Restrição argentina a importações pode afetar indústria automotiva brasileira

Sugerido por Walker

Da Folha

Restrição argentina afeta carro brasileiro

País, que compra 87% da exportação do Brasil de veículo, limita em até 27,5% importação de automóvel estrangeiro

Iniciativa do país vizinho é vista pelo governo Dilma como uma medida de política industrial equivocada

PATRÍCIA CAMPOS MELLO

A decisão do governo da Argentina de limitar em até 27,5% as importações de automóveis e veículos comerciais leves, anunciada anteontem, pode ter um grande impacto sobre a indústria automobilística brasileira e a balança comercial do país.

Entre janeiro e novembro deste ano, o Brasil exportou US$ 5 bilhões em automóveis de passageiros. Desse total, 87% (US$ 4,4 bilhões) foram para a Argentina.

Na quinta-feira, a ministra argentina da Indústria, Debora Giorgi, comunicou ao setor automotivo do país que eles terão de reduzir entre 20% e 27,5% as importações no primeiro trimestre de 2014, em relação ao mesmo período deste ano.

Montadoras que exportam o mesmo valor que importam não teriam que reduzir compras externas, enquanto as deficitárias e as importadoras estariam incluídas na nova restrição.

A medida seria uma maneira de estancar a sangria de reservas internacionais da Argentina, que caíram 21% apenas neste ano.

O Ministério do Desenvolvimento afirma que não foi informado oficialmente da medida e não vai comentar. Dentro do governo brasileiro, que foi surpreendido pela medida, espera-se que seja possível negociar com os argentinos.

A iniciativa da ministra é vista pelo governo brasileiro como uma medida de política industrial equivocada, uma tentativa de fazer indústrias de autopeças se instalar na Argentina –com poucas chances de funcionar.

E também um sintoma da enorme preocupação com a queda no nível de reservas.

Analistas acreditam que a restrição deve atingir mais os veículos de maior valor, importados principalmente da União Europeia e do Japão, e menos os carros pequenos e médios que vêm do Brasil.

Mas, como 67% dos veículos importados pela Argentina vêm do Brasil (em valor), uma redução será inevitável, afirmam especialistas.

“Toda intervenção estatal desse tipo é muito prejudicial, e o setor automotivo é uma das poucas cadeias de produção estabelecidas na região”, diz Welber Barral, sócio da consultoria Barral M Jorge.

O governo brasileiro considera que a medida é uma tentativa da Argentina de forçar o Brasil a voltar a negociar o acordo automotivo em posição de desvantagem.

Pelo acordo automotivo, para cada US$ 100 vendidos pela Argentina ao Brasil, em veículos e autopeças, o Brasil podia vender US$ 195 à Argentina sem pagar tarifa de importação.

O acordo, que era visto pela Argentina como um modo de manter o comércio equilibrado, expirou no fim de junho. Para voltar a negociá-lo, o Brasil exige eliminação de barreiras a importações.

Já a Argentina queria estender a produtores argentinos os benefícios do programa Inovar Auto, que prevê descontos de IPI para veículos produzidos no Brasil com alto índice de nacionalização. O governo brasileiro resiste.

Para a balança comercial brasileira, uma queda nas exportações de veículos pode ser muito negativa, já que as vendas de commodities para a China e carros para a Argentina vinham sustentando resultados já sofríveis. De janeiro a novembro, a balança teve deficit de US$ 89 milhões.

Contatados pela reportagem, o Sindipeças e a Anfavea não quiseram se manifestar.

Colaborou GABRIEL BALDOCCHI, de São Paulo

Redação

5 Comentários

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    1. O governo argentino têm

      O governo argentino têm razões mais do que justificadas para essa medida. O acordo atual é muito desvantajoso para Argentina, pois permite que o Brasil exporte (em valor) praticamente o dobro do que importa (195 x 100). Isso acarreta uma balança comercial totalmente desfavoráfel a Argentina e atualmente não tem reservas para  manter esse fluxo de comércio deficitário. O neoliberalismo internacional impõe que os países menos industrializados se endividem até o limite da irresponsabilidade (by Ricardo Sérgio) para depois estourar a bolha e converter o país e seus cidadãos em escravos vitalícios do império (vide os países do sul de Europa com respeito a Alemanha). CFK não vai permitir isso e foi por esta razão que re-estatizou a YPF, pois a Repsol, por incompetência o simples roubo, converteu a Argentina autosuficiente em petróleo e gás num país tremendamente deficitário em recursos energéticos e que prejudicou dramaticamente a balança comercial argentina. Para um país como Argentina, que exporta praticamente comodities, os tratados comerciais são nocivos a economia do país, pois lhe impõem a importação de produtos industrializados e não obtêm nada em contrapartida, já que o grosso das comodities são vendidas p/ a China.

  1. Será que com isso vão

    Será que com isso vão oferecer carros com a qualidade que fazem para exportar e baixar um pouquinho os preços indecentes que nos cobram aqui?

  2. a viuva sabe que nada e feito

    a viuva sabe que nada e feito com seriedade no Brasil, por isso que ela destrata o pais dessa forma, já fez com produtos da linha branca, calçados e agora veiculos! 

    a Dilma não tem estofo para ser lider do pais, muito menos lider regional, ontem ficou confirmado que a encenação de não ir aos EUA em Outubro foi apenas jogada para a torcida, pois os franceses achando que era serio, vieram para negociar os caças, escutaram que não iremos comprar deles porque são caros, os russos antes tinha oferecido alguns aviões para tapar o buraco da defesa, também foram descartados, ou seja o escolhido e mesmo o caça americano que será comprado assim que as eleições tiverem acabado!

    os americanos e os argentinos fabem que a Dilma não tem pulso nem mantem a palavra dada!

  3. ….  q grata surpresa  !!

    ….  q grata surpresa  !!  paarece q a ministra argentina, da industria tem cerebro. e mais cerebro dos q os ministros brasileiros.

    ora, pra q importar algo q desequilibre a industra portenha, q tire empregos de los hermanos.  seria para agradar o exportador – o grande Brasil, o paizao q tudo aceita dos paises vizinhos.

    a paridade entre exportaçao e importaçao so eh crivel quando o saldo eh zero.  coisa q nem pensar o brasil faria com a china.  

    tudo eh uma questao de POSTURA!!

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