Prêmio nobel de economia alerta para possibilidade de bolha imobiliária no Brasil

Jornal GGN – vencedor do Prêmio Nobel de Economia em parceria com outros dois pesquisadores, o americano Robert Shiller, acredita que as fortes altas nos preços do mercado de ações dos EUA e do setor imobiliário em algumas cidades do Brasil podem provocar uma perigosa bolha financeira.

Em entrevista concedida à revista alemã Der Spiegel, ele afirmou que, embora ainda não seja o momento de “soar o alarme”, está preocupado com as bolsas de valores em nível alto e preços subindo como força em alguns mercados imobiliários, como o brasileiro. Segundo o especialista, “isto pode acabar mal”. 

Para Schiller, a economia mundial ainda está “fraca e vulnerável”, contrariando alguns analistas que veem uma melhora considerável nos números de crescimento em algumas regiões do planeta e chegou a acrescentar que os setores financeiro e de tecnologia podem estar superestimados.

Ao citar o Brasil, o economista afirmou que se sentiu um pouco como nos Estados Unidos em 2004, quando esteve no Rio de Janeiro e em São Paulo, nos últimos cinco anos. Ouviu argumentos semelhantes aos oferecidos pelos americanos no início dos anos 2000, sobre oportunidades de investimento e o crescimento da classe média – como um filme repetido, exatamente igual ao que aconteceu com seu país, antes de estourar a bolha de 2008.

O colapso imobiliário americano foi um dos fatores que impulsionou a crise financeira global naquele ano. Para ele, “o mundo ainda está muito vulnerável a uma”. 

Alguns colegas de Schiller discordam de sua visão e, ao serem entrevistados pelo jornal O Globo, por exemplo, disseram que algumas cidades vivem, sim, uma forte alta nos preços de seus imóveis. No entanto, faltam dados para afirmar de tão longe que o país esteja mesmo vivendo uma bolha e que seriam preciso análises de muitas outras variáveis para se concluir algo assim – inclusive o fato de que ainda é uma camada pequena da população brasileira que tem acesso e recursos para adquirir imóveis, e que nem todos se endividam para terem o seu.
 

No Brasil, disseram os analistas que discordam do Nobel de Economia, a especulação e a alta de preços está ligada à facilidade de crédito, às obras de infraestrutura nas principais capitais, sobretudo nas que vão sediar a Copa do Mundo, em 2014. No Rio de Janeiro, agrega-se o fator UPP de retomada de áreas que eram dominadas por traficantes.
 
As chamadas “bolhas”, tão prejudiciais à economia de um país e de todo um mercado atrelado a ele, são criadas quando investidores não reconhecem que os crescentes preços de ativos se distanciaram de fundamentos econômicos.
Redação

3 Comentários

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  1. Realmente o setor imobiliário

    Realmente o setor imobiliário no Brasil está preocupante. Aqui em Santa Catarina, principalmente na Grande Florianópolis os valores dos imóveis estão em escalas de crescimento anormais. Acredito sim que há uma bolha e que não irá demorar para estourar.

  2. Semelhante não é idêntico

    A bolha imobiliária nos EUA teve o efeito catastrófico por conta dos derivativos das hipotecas e do impacto sobre o crédito em um mercado eminentemente privado.

    Um sistema em círculo vicioso que criou uma bolha porque lucrava com a venda dos derivativos que, de fato, não tinham lastro real nem pessoal, isto é, estavam vinculados a hipotecas sobre imóveis sobrevalorizados e com compradores financiados sem análise séria de sua capacidade de pagamento.

    O caso brasileiro é diferentes em muitos aspectos:

    a) não contamos com os derivativos – ao que eu sei não há um mercado secundário para negociar esses créditos;

    b) os financiamentos (fiz um recentemente) são muito mais criteriosos na capacidade de pagamento dos tomadores;

    c) a fonte dos financiamentos é o tesouro federal (seja no uso do FAT, seja em recursos do BNEDS ou CEF); por isso, no caso de uma forte inadimplência, essa não teria o efeito de desmoronamento de castelo de cartas que teve a inadimplência americana, lastreada exclusivamente no arisco crédito privado.

  3. Essa bolha já está enorme…

    Está ai pra quem quiser ver: o governo está tentando segurar a crise já há alguns anos, seja injetando recursos no financiamento imobiliário, automotivo, segurando o preço dos combustíveis, eletricidade e bancando créditos de todo tipo, de ferro de passar roupas à geladeiras, criando uma artificialidade no mercado, sendo o governo o pivô de todo esse processo “consumista”. Mexe na conjuntura, mas não na estrutura. Só paleativos…

    É evidente que uma hora a corda vai arrebentar. O governo queria segurar pra antes das eleições, mas vejam que  os combustíveis já aumentaram e aumentarão mais ainda em janeiro. Isso é só o começo…

    A inflação vem ai, minha gente, e será igual água abaixo e fogo acima: não tem quem segure!

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