Jornal GGN – O vencedor do Prêmio Nobel de Economia em parceria com outros dois pesquisadores, o americano Robert Shiller, acredita que as fortes altas nos preços do mercado de ações dos EUA e do setor imobiliário em algumas cidades do Brasil podem provocar uma perigosa bolha financeira.
Em entrevista concedida à revista alemã Der Spiegel, ele afirmou que, embora ainda não seja o momento de “soar o alarme”, está preocupado com as bolsas de valores em nível alto e preços subindo como força em alguns mercados imobiliários, como o brasileiro. Segundo o especialista, “isto pode acabar mal”.
Para Schiller, a economia mundial ainda está “fraca e vulnerável”, contrariando alguns analistas que veem uma melhora considerável nos números de crescimento em algumas regiões do planeta e chegou a acrescentar que os setores financeiro e de tecnologia podem estar superestimados.
O colapso imobiliário americano foi um dos fatores que impulsionou a crise financeira global naquele ano. Para ele, “o mundo ainda está muito vulnerável a uma”.
Alguns colegas de Schiller discordam de sua visão e, ao serem entrevistados pelo jornal O Globo, por exemplo, disseram que algumas cidades vivem, sim, uma forte alta nos preços de seus imóveis. No entanto, faltam dados para afirmar de tão longe que o país esteja mesmo vivendo uma bolha e que seriam preciso análises de muitas outras variáveis para se concluir algo assim – inclusive o fato de que ainda é uma camada pequena da população brasileira que tem acesso e recursos para adquirir imóveis, e que nem todos se endividam para terem o seu.
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Realmente o setor imobiliário
Realmente o setor imobiliário no Brasil está preocupante. Aqui em Santa Catarina, principalmente na Grande Florianópolis os valores dos imóveis estão em escalas de crescimento anormais. Acredito sim que há uma bolha e que não irá demorar para estourar.
Semelhante não é idêntico
A bolha imobiliária nos EUA teve o efeito catastrófico por conta dos derivativos das hipotecas e do impacto sobre o crédito em um mercado eminentemente privado.
Um sistema em círculo vicioso que criou uma bolha porque lucrava com a venda dos derivativos que, de fato, não tinham lastro real nem pessoal, isto é, estavam vinculados a hipotecas sobre imóveis sobrevalorizados e com compradores financiados sem análise séria de sua capacidade de pagamento.
O caso brasileiro é diferentes em muitos aspectos:
a) não contamos com os derivativos – ao que eu sei não há um mercado secundário para negociar esses créditos;
b) os financiamentos (fiz um recentemente) são muito mais criteriosos na capacidade de pagamento dos tomadores;
c) a fonte dos financiamentos é o tesouro federal (seja no uso do FAT, seja em recursos do BNEDS ou CEF); por isso, no caso de uma forte inadimplência, essa não teria o efeito de desmoronamento de castelo de cartas que teve a inadimplência americana, lastreada exclusivamente no arisco crédito privado.
Essa bolha já está enorme…
Está ai pra quem quiser ver: o governo está tentando segurar a crise já há alguns anos, seja injetando recursos no financiamento imobiliário, automotivo, segurando o preço dos combustíveis, eletricidade e bancando créditos de todo tipo, de ferro de passar roupas à geladeiras, criando uma artificialidade no mercado, sendo o governo o pivô de todo esse processo “consumista”. Mexe na conjuntura, mas não na estrutura. Só paleativos…
É evidente que uma hora a corda vai arrebentar. O governo queria segurar pra antes das eleições, mas vejam que os combustíveis já aumentaram e aumentarão mais ainda em janeiro. Isso é só o começo…
A inflação vem ai, minha gente, e será igual água abaixo e fogo acima: não tem quem segure!