Dilma convoca ministros e dá início ao segundo mandato

 
Jornal GGN – A presidente Dilma Rousseff se reuniu no sábado (25) com ministros para discutir a retomada da agenda de investimentos em infraestrutura. O objetivo é avançar em contratos de concessão de obras para aeroportos, rodovias, ferrovias, portos e hidrovias. Além de ser uma medida para elevar os ânimos da econômia, as obras no setor são importantes para solucionar um dos grandes problemas do chamado Custo Brasil que é, justamente, a deficiência da infraestrutura. Segundo estudo divulgado em 2014 pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o chamado Custo Brasil encarece as mercadorias produzidas pelo setor manufatureiro do país em 33,7%. Em outras palavras, se transferíssemos uma empresa da Alemanha, França, Argentina ou Chile, por exemplo, com todos os seus funcionários, equipamentos e grau de produtividade para o Brasil, o custo final de produção dela seria cerca de 33,7% maior.
 
Custo Brasil é um termo criado para descrever o conjunto de entraves estruturais, econômicos e legais que encarecem a produção da indústria local, a exemplo da elevada carga tributária, estradas precárias e câmbio valorizado. 
 
O Globo
 
Reunião de Dilma com ministros sobre infraestrutura termina sem anúncio de medidas
 
Ao fim do encontro, que durou nove horas, não houve pronunciamento. Governo tenta destravar investimentos e atrair iniciativa privada
 
POR GERALDA DOCA / DANILO FARIELLO
 
BRASÍLIA – A presidente Dilma Rousseff passou neste sábado cerca de nove horas reunida com ministros e dirigentes de bancos públicos, no Palácio da Alvorada, para definir um plano de investimentos em infraestrutura. Treze ministros e dirigentes do BNDES, da Caixa e do Banco do Brasil discutiram medidas para estimular a economia brasileira e tirar o governo da defensiva. Até o fim do ano, o governo federal quer realizar leilões de três aeroportos, quatro trechos de rodovias e uma extensão da ferrovia Norte-Sul.
 
Ao fim do encontro, não houve pronunciamento à imprensa. E o encontro terminou sem conclusão. Ainda serão necessárias novas rodadas de conversas para o governo fechar todas as medidas. Por enquanto, não há previsão de quando será feito o anúncio oficial.
 
O encontro, que debateu também o modelo de financiamento dos empreendimentos, a viabilidade de outras concessões e a Parceria Público-Privada (PPP), estava sendo chamado de “reunião de imersão”. A presidente deve promover reuniões deste tipo com outras áreas para definir uma agenda de governo para os próximos meses.
 
— O governo tem uma agenda positiva em fase de execução. Todos os dias recursos estão sendo liberados para estados e municípios. Há obras em pleno andamento, tem o Minha Casa Minha Vida. Temos desafios e compromissos para o segundo mandato. Tem uma agenda que vem sendo construída. É claro que uma conjuntura política instável afeta, mas essa estabilidade está sendo construída — disse o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Edinho Silva.
 
Participaram da reunião os ministros Nelson Barbosa (Planejamento), Aloizio Mercadante (Casa Civil), Joaquim Levy (Fazenda), Izabella Teixeira (Meio Ambiente), Katia Abreu (Agricultura), Eduardo Braga (Minas e Energia), Antonio Carlos Rodrigues (Transportes), Gilberto Occhi (Integração Nacional), Eliseu Padilha (Aviação Civil), Edinho Araújo (Portos), Gilberto Kassab (Cidades), Ricardo Berzoini (Comunicações) e Edinho Silva. Além deles, também participaram Miriam Belchior (presidente da Caixa), Alexandre Abreu (presidente do Banco do Brasil) e Wagner Bittencourt (vice-presidente do BNDES).
 
Com o ajuste fiscal, a ideia do governo agora é que a iniciativa privada participe de forma mais ativa dos financiamentos, num cenário em que se prevê participação menor do BNDES.
 
AGENDA POSITIVA PARA ESTIMULAR INVESTIMENTOS
 
A meta do governo é lançar uma agenda positiva, na tentativa de estimular investimentos, aumentar a arrecadação neste ano e promover o desenvolvimento sustentável do país, tirando, assim, o segundo mandato da presidente da letargia econômica. Ou seja, mostrar que a política econômica vai além do ajuste fiscal, que será preservado.
 
No caso das concessões das rodovias, que teve o modelo já testado no mercado e aprovado, na visão do governo, a expectativa é que quatro leilões sejam realizados ainda este ano, porque os estudos conduzidos pelo Ministério dos Transportes já estão adiantados. Uma dessas estradas, no Paraná (BRs-476/153/282/480), já tem projeto entregue pela iniciativa privada que está em fase de ajustes. As outras três rodovias – a BR-364/060 que vai de Mato Grosso a Goiás, a BR-163/230 que liga Mato Grosso ao Pará, e a BR-364 que vai de Goiás a Minas Gerais – terão os estudos concluídos até junho e deverão ser leiloadas também em 2015. Essas concessões já foram anunciadas por Dilma em janeiro. Um novo lote de trechos a ser leiloado já está sendo analisado.
 
Os aeroportos de Porto Alegre, Florianópolis e Salvador deverão ter estudos finalizados este ano, e a previsão é que os leilões ocorram no início de 2016, considerando todas as etapas do processo: elaboração dos editais, audiências e consultas públicas e aprovação do Tribunal de Contas da União (TCU). Já está definido que a Infraero terá uma participação inferior aos 49%, percentual estabelecido nas primeiras rodadas de concessão do setor aeroportuário, por conta do ajuste fiscal. Também está em discussão se o ganhador do aeroporto de Porto Alegre terá permissão para construir um novo sítio portuário. Em Florianópolis, será preciso construir um novo terminal de passageiros e em Salvador, uma nova pista de pouso.
 
TRÊS PORTOS PODEM TER OBRAS
 
No caso da ferrovia Norte-Sul, já foi construído pela Valec o trecho entre Palmas (TO) e Anápolis (GO) e deverá ser concluída até junho do próximo ano a extensão até Estrela D’Oeste (SP). A ideia é fazer esse leilão com cobrança de outorga, para ajudar nos resultados do Tesouro ainda este ano. Novas ferrovias não devem entrar no programa por ora, mas a ideia é debater novos modelos que destravem as construções no setor, por exemplo, via PPPs. Outra discussão é a renovação antecipada de concessões de ferrovias da década de 90 em troca de pagamento de outorga imediata ou condicionando-se investimentos em novas linhas.
 
A concessão de canal de acesso e dragagem em três portos também é uma possibilidade: Santos, Paranaguá e Rio Grande. O setor privado tem mostrado grande entusiasmo com esses leilões de dragagem e vem propondo também outras opções de concessão nessa linha ao governo.
 
Já a concessão de hidrovias exige a realização de estudos mais profundos. Mas um cronograma com meta para isso já poderá ser apresentado pelo governo no mês que vem. Há ainda a intenção de apresentar um novo lote de rodovias para análise pelo setor privado, mas o assunto ainda está sendo tratado com reservas.
 
Estadão
 
Dilma recebe 13 ministros no Alvorada para tratar de investimentos em infraestrutura
 
TALITA FERNANDES – O ESTADO DE S. PAULO
 
Encontro reúne ainda 4 representantes de bancos públicos
 
BRASÍLIA­ – A Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto confirmou que 13 ministros e quatro representantes de bancos públicos participam da reunião ministerial com a presidente da República, Dilma Rousseff, neste sábado, 25, para discutir investimentos em infraestrutura.
 
A reunião, que teve início às 9h deste sábado e se estenderá ao longo de todo o dia, é uma tentativa do governo de lançar uma agenda positiva diante do desânimo com a economia do País. Para isso, será retomada a agenda de investimentos em infraestrutura por meio de uma nova rodada de concessões em ferrovias, rodovias e aeroportos, podendo ser estendida também para portos e hidrovias.
 
Além de ministros, participam do encontro representantes dos bancos públicos e de fomento, como Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Sustentável (BNDES). O Planalto confirmou também a participação de técnicos dos ministérios envolvidos, sem especificar o número total de participantes. Entre os técnicos confirmados estão quatro secretários da Fazenda: Tarcísio Massote de Godoy (Secretário­executivo), Fabricio do Rozario Valle Dantas Leite (secretário­executivo adjunto), Marcelo Barbosa Saintive (Tesouro Nacional) e Paulo Guilherme Farah Corrêa (Acompanhamento Econômico).
 
O encontro se dará em diversas etapas e os ministros não participarão juntos, necessariamente, de uma mesma conversa. O ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga, chegou por volta de 9h30 e deixou o Alvorada perto do meio dia.
 
Entre os presentes estão os ministros: Nelson Barbosa, (Planejamento), Aloizio Mercadante (Casa Civil), Joaquim Levy (Fazenda), Izabella Teixeira (Meio Ambiente), Kátia Abreu (Agricultura), Edinho Silva (Comunicação Social), Eduardo Braga (Minas e Energia), Antônio Carlos Rodrigues (Transportes), Gilberto Occhi (Integração Nacional), Eliseu Padilha (Aviação Civil), Edinho Araújo (Portos), Gilberto Kassab (Cidades) e Ricardo Berzoini (Comunicações). Como representantes de instituições financeiras, participam Miriam Belchior, presidente da Caixa, Alexandre Abreu, presidente do BB, e Wagner Bittencourt, vice­presidente do BNDES. O vice­presidente de Infraestrutura do Banco do Brasil, César Borges, também participa da reunião.
 
Redação

15 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Traições

    Quer dizer que Dilma que vender o patrimônio do Brasil ( estradas, ferrovias e aeroporto). Não foi pra isso que nós votamos nela. Cadê a proteção do trabalhador e do servidor público. Esta presidente é um neoliberal enrustida. 

  2. No começo da matéria
    No começo da matéria afirma-se que se a Alemanha transferice para o Brasil sua produção com máquinas e funcionários seus custos aumentariam 33,7%. Como isso aconteceria se a energia elétrica na Alemanha é mais cara e o Salario mínimo alemão é 1473 euros. Não vejo com pode-se afirmar isso com tanta facilidade assim.

  3.  
    FOLHA: ‘PEDALADAS FISCAIS’

     

    FOLHA: ‘PEDALADAS FISCAIS’ VÊM DESDE A ERA FHC

    Jornal de Otávio Frias Filho, que há uma semana havia aderido à tese do impeachment, traz reportagem principal deste domingo, 25, mostrando que o uso de recursos da Caixa Econômica Federal para o pagamento de benefícios sociais, que ganhou o apelido de “pedalada”, ocorre desde o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB); na prática, a matéria confirma o argumento defendido pela Advocacia Geral da União (AGU) ao Tribunal de Contas da União (TCU), de que a medida é corriqueira durante as gestões do governo federal; o PSDB, partido de FHC, se sustenta no artifício das pedaladas para pedir um eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff, por crime de responsabilidade; tese que nem o presidente nacional da legenda, Aécio Neves, parece acreditar mais

    26 DE ABRIL DE 2015 ÀS 09:12

    (…)

    FONTE: http://www.brasil247.com/pt/247/poder/177760/Folha-oficializa-ades%C3%A3o-ao-impeachment-de-Dilma.htm

  4.  
     
    JURISTA NEGA A AÉCIO

     

     

    JURISTA NEGA A AÉCIO PARECER PRÓ-IMPEACHMENT

    A análise pedida pelo PSDB ao jurista Miguel Reale Júnior sobre a admissibilidade de um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff não atendeu às expectativas dos que sonhavam com o golpe; segundo Reale, fatos ocorridos no mandato anterior não podem servir como pretexto para a derrubada de um governo; posição é semelhante à que já foi explicitada pelo procurador-geral Rodrigo Janot e pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ); bancada tucana na Câmara estuda, agora, pedir pareceres a outros juristas, mas o próprio Aécio tende a desembarcar do golpismo

    26 DE ABRIL DE 2015 ÀS 03:26

    FONTE: http://www.brasil247.com/pt/24

    ####################

    … Quem sabe o Ives Gandra! Ou o Ayres Britto! Ou o Molina (sic)..

     

    ########################

     

    Messias Franca de Macedo – e o ‘Observatório do PIG’! [Risos] Direto do sertão/agreste da Bahia

    Feira de Santana,

    República Desses Bananas

     

    1.  
      … Ah o joaquim barbosa

       

      … Ah o joaquim barbosa mandou avisar que “também aceita proposta de elaboração de ‘pareceres técnicos contra petistas'”!

      ‘Caixa dois’?

      Ou na declaração do IR “vai de doação oficial mesmo”?!

      Ô!

      Ademais, aposentado está em constante férias, e daqui a alguns dias é hora de (re)visitar o ‘apê’ em Miami dos estadunidenses escravagistas!

      Ou, quiçá, coletar recursos para o pagamento dos serviços prestados pela empresa transportadora!

      A tão sonhada mudança definitiva!’

      ‘É o provincianismo, estúpido!

      E a máquina registradora não pode parar!…

  5. Como diminuir o Custo Brasil ?

    Nenhum economista , seja ele ortodoxo ou heterodoxo, conseguria administrar(ou ensinar como)uma economia cujo Estado, é sacrificado com tantas despesas de custeio,e isso não somente da máquina estatal, como no Brasil, e como ainda não aprendemos a “fazer dinheiro” temos que pagar o preço da administração.

    Este preço, é aumentado a cada dia, para mantermos a “máquina” andando, e começa com a existência de um Executivo burocratizado demais, e sem poder de decisão, visto ser Presidencialista, e dependente de aprovação de um Legislativo lerdo, descompromissado e criminosamente interessado apenas em sua locupletação pessoal; Este  Congresso, corporativo e desmesuradamente caro, para tão pouca produtividade, não “pensa” o país, e sim suas bases e seus financiadores;

    Com um Judiciário “inchado” e tambem despreparado para fazer as leis serem cumpridas, e que viraram verdadeiros partidos políticos e replicadores da grande mídia, encarece demasiada e despudoradamente o custo de qualquer operação investigativa, e é comandado literalmente, pelos grandes barões da mídia, em desrespeito ao Estado de Direito.

    Restaria-nos então, a cobrança de resultados a um custo menor, por parte da imprensa, se esta estivesse a serviço da sociedade civil, porém o que ocorre, é exatamente o contrário, e este verdadeiro “4º Poder” é talvez, o pior inimigo da governança que se quer moderna e austera.

    Como poderíamos então diminuir o Custo Brasil ?

    Algumas sugestões(mera utopia !) : Diminuir o número de parlamentares(prá que 81 Senadores e 513 Deputados ?)

    Remunera-los com o mesmo valor, que eles recebiam ou tinham como pró labore, antes de chegar ao Congresso;

    Acabar com os partidos políticos, que não tivessem um número mínimo de votos(que tal, 20% do eleitorado cadastrado ?) Proibir que haja financiamento privado, aos partidos, verdadeiros empréstimos, que serão cobrados no futuro, multiplicados por 5,10 veses, e pagos com o dinheiro público;

    Enxugar o Poder Judiciário, proibindo que decisões de instâncias locais, sejam cassadas por instâncias superiores, que encarecem os processos, e só servem aos advogados e aos burocratas envolvidos.

    Acho que por aí, começaríamos a diminuir o custo de administrar um país, em eterno estado de crescimento, e em eterno estado de “deitado em bêrço explêndido”.

  6. Muito bonito,

    Muito bonito, hein?

    Concessões/privatizações, um ministro “Chigado Boy” na Economia, uma latifundiária na Agricultura, um industrial ex-banqueiro na Indústria, venda de ativos da Petrobras e CEF, o que é bom diga-se, apagão energético e peladas mil. Fazendo tudo aquilo que acusavam nos outros, quem te viu e quem te vê Dilma/PT?

    Eta governozinho petista mentiroso!

  7. Houve uma reunião no comando

    Houve uma reunião no comando central dos Trolls…

    A ordem é: Invadir o blog do Nassif com comentários bestas e comentários denorex – comentários com aparência de conhecimento e sem profundidade!

  8. futebolísticas

    A partida já começou há uns vinte minutos, e só agora a Dilma entra em campo?

    Tava fazendo o que no vestiário?

    Se aquecendo?

    Se recuperando de um peripaque ronaldítico?

    Ouvindo instrução de Lula?

    (Demorasse mais um pouco e perderia por WO.)

    …E nas arquibancadas, a torcida (des)organizada do PT puxa um coro, já meio perfunctório:

    “Dilma maravilha, nós gostamos de você

    Dilma maravilha, faz alguma coisa pra gente vê”

  9. Déficit em declínio

    Sindipeças > Por Dentro do Setor > Economia > —–23/4/2015

    O saldo negativo da balança comercial de autopeças no primeiro trimestre, de US$ 1,78 bilhão, foi 31,5% menor que o registrado em igual período de 2014, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) consolidados mensalmente pelo Sindipeças.

    As exportações, para 154 mercados, retraíram-se 9,2%, para US$ 1,86 bilhão.

    As importações, de 129 países, caíram bem mais, 21,6%, para US$ 3,64 bilhões. Essa redução deve-se principalmente à diminuição na produção de veículos. Veja detalhes no
    Relatório da Balança Comercial de Autopeças(pdf).

    anexo

    URL:
    http://www.sindipecas.org.br/noticias/detalhes.php?a=economia&cod=62#.VT1M6epEE1g
     

  10. Iveco tem US$ 80 milhões para nacionalização

    Empresa adota estratégia para reduzir exposição às importações
    PEDRO KUTNEY, AB-AUTOMOTIVE BUSINESS—NOTÍCIAS—Indústria16/04/2015 | 17p1

    “Importar ficou caro, está doendo.” Assim Osias Galantine, diretor de compras da CNH Industrial América Latina, justifica o investimento da Iveco para aumentar a nacionalização dos caminhões da marca produzidos em Sete Lagoas (MG). Com o objetivo de elevar em 10 a 12 pontos porcentuais o índice de componentes nacionais utilizados nos veículos, o departamento de Galantine está recebendo a maior parte do programa de R$ 650 milhões que a Iveco investe entre 2014 e 2016 (leia aqui). Cerca de US$ 80 milhões, o equivalente a R$ 250 milhões, serão aplicados em ferramentais e logística para reduzir a importações e a consequente exposição cambial desfavorável em momento de desvalorização do real.

    “Os caminhões Iveco já têm índice de nacionalização médio acima de 60%, mas podemos aumentar esse nível para 72% até 82%, dependendo do caminhão. A situação de alta do dólar abre a oportunidade de substituir vários itens importados por nacionais”, diz Galantine. Ele explica que o investimento será em bens de capital: a CNH Industrial, grupo do qual a Iveco é uma das subsidiárias, comprará máquinas-ferramenta e cederá em comodato ao fornecedor que fabricará a peça. O diretor cita o exemplo de painéis de porta, em que a empresa vai emprestar ao fornecedor nacional escolhido o molde para fazer o componente.

    Atualmente a Iveco consome R$ 1,7 bilhão das compras anuais do grupo CNH Industrial no Brasil, que totalizam R$ 5,5 bilhões. Galantine estima que o investimento em nacionalização deverá localizar a compra de 150 a 200 itens até agora importados para a montagem dos caminhões, que dependendo do modelo têm entre 3 mil e 5 mil peças.

    Galantine avalia que a nacionalização trará outros benefícios além da redução de gastos com importações. “Comprar aqui significa também aumentar a agilidade do transporte dos componentes, além de melhorar a qualidade, porque temos controle maior sobre fornecedores localizados no País”, diz.

    A Iveco já tinha um programa de nacionalização em curso previsto em R$ 100 milhões. A desvalorização do real, no entanto, provocou a aceleração do processo e mais que dobrou o valor a ser investido. Galantine estima que levará cerca de dois anos para finalizar todo o programa.

    Com relação à hipótese de passar a produzir as próprias transmissões no País, hoje compradas da Eaton e ZF, o diretor de compras diz que existe essa possibilidade, mas ainda é um estudo sem decisão final. “Já produzimos nossas próprias transmissões na Europa e eventualmente podemos fazer aqui também. Mas esse é um tema que escapa ao programa de nacionalização atual, pois internar a produção de um item é diferente de aumentar as compras no País”, explica.

    Sobre a viabilidade de se sustentar investimentos em tempos de retração econômica no País, com forte contração das vendas de caminhões, Galantine avalia que os gastos se justificam pela perspectiva futura: “Não se pode ver o Brasil no curto prazo, é preciso ver o quando já crescemos e ainda há oportunidade para crescimento. A crise também abre oportunidades”, confia.

    PARQUE DE FORNECEDORES
    Dentro do plano de nacionalização dos caminhões Iveco está a criação do parque de fornecedores ao lado da fábrica de Sete Lagoas, um projeto que vinha se arrastando desde o início desta década e que agora será de fato colocado em operação. O distrito industrial de 156 mil metros quadrados para abrigar as empresas, a 450 metros da linha de montagem, já tem muros, ruas, portaria, guaritas e infraestrutura ligada de energia, água e saneamento. Uma via interna liga as fábricas de componentes diretamente à produção dos caminhões.

    A Iveco doou parte do terreno de sua fábrica à Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig), que investiu R$ 16,2 milhões nas obras de infraestrutura. Esse valor será cobrado das empresas interessadas em se instalar em lotes de 2 mil a 25 mil metros quadrados. O investimento em edificações e áreas tem condições flexíveis: os fornecedores de peças poderão arrendar a área da Codemig por certo período de tempo, alugar diretamente de empresas especializadas em construir os edifícios industriais, ou mesmo comprar o lote, com quatro anos de prazo para pagar.

    Segundo a Iveco, o empreendimento pode abrigar até 20 empresas e oito já fizeram reservas – são fabricantes de bancos, montagem de chassi e módulos de arrefecimento, entre outros. A expectativa é que os primeiros fornecedores comecem a operar na área no início de 2016. Ao todo, foram convidados 40 e existem planos de expansão do parque caso exista necessidade. “Ter um supply park ao lado da fábrica é algo mandatório atualmente para se garantir mais produtividade e competitividade”, afirma Galantine. “A Iveco deve seguir os mesmos passos da Fiat em Minas, que atraiu seus fornecedores para o entorno da fábrica de Betim”, diz o executivo, que seis meses atrás era o diretor de compras da Fiat Chrysler América Latina, a FCA, antes Fiat Automóveis. CNH Industrial e FCA têm os mesmos acionistas majoritários e é bastante comum a troca de empregados entre as duas companhias.

    URL:

    http://www.automotivebusiness.com.br/noticia/21819/iveco-tem-us-80-milhoes-para-nacionalizacao

     

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador