Cientistas brasileiros criam nova versão de plástico biodegradável 100% natural

Pesquisadores do Departamento de Físico-Química da Universidade de São Paulo (USP) e da Escola de Engenharia de São Carlos desenvolveram uma nova composição de um tipo de plástico biodegradável conhecido como “Thermoplastic Starch” (TPS). A fórmula brasileira é a única constituída exclusivamente de matérias-primas naturais, entre elas amido e outros compostos vegetais.

Além de não ser agressivo ao meio ambiente por se degradar com facilidade – ao contrário do plástico comum –, o novo composto ainda é mais barato que os plásticos feitos a partir de polímeros sintéticos. A tecnologia está em processo de patente junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi).

O amido é um polissacarídeo sintetizado por todos os vegetais para utilização de reserva energética. Por ser de origem vegetal, a substância é considerada uma fonte inesgotável, e, a partir dos resultados da pesquisa, obtém-se um tipo de material que se degrada facilmente e não se acumula na natureza, evitando poluição e desequilíbrio ambiental. “O composto TPS é intrinsecamente biodegradável e, portanto, compatível com o meio ambiente”, explica o químico Antônio Aprígio da Silva Curvelo, professor da USP e coordenador da pesquisa.

No entanto, os materiais feitos a partir do amido sofrem com uma característica que se tornaria um obstáculo para o TPS: a chamada “hidrofilicidade” torna qualquer produto feito de compostos de amido pouco resistente à água e mecanicamente frágil. Para contornar o problema e dar consistência plástica ao material, os pesquisadores fazem a adição de fibras vegetais ou de materiais empregados para a fabricação de papel, melhorando as propriedades mecânicas do TPS. Esta é outra exclusividade da fórmula desenvolvida no Brasil, de acordo com o professor Antônio Aprígio. O TPS utilizado nos EUA e na Europa não possui tal “reforço” e não usa 100% de materiais naturais.

Mais barato

De acordo com os pesquisadores, o quilograma do TPS brasileiro é cerca de um terço mais barato que os materiais feitos de polímeros sintéticos, como polietileno e PVC, mas pode ser fabricado nos mesmos equipamentos industriais atuais. “O composto pode ser obtido nos mesmos equipamentos empregados pelas indústrias de transformação de plásticos. Pelas características do produto, as principais aplicações seriam aquelas de curta duração, tais como: embalagens, recipientes de alimentos e produtos descartáveis”, explica o professor Antônio Aprígio, da USP.

Financiada pela própria USP e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a pesquisa agora busca espaço no setor industrial brasileiro. De acordo com Antônio Aprígio, já houve interesse de fábricas e indústrias, mas as conversas ainda não foram adiante.

Enquanto buscam o escoamento da tecnologia no mercado nacional, os pesquisadores continuam as pesquisas para aperfeiçoar ainda mais o composto. “As pesquisas ainda continuam e visam ao desenvolvimento de novos materiais à base de amido que possam ser aplicados em um maior número de aplicações”, diz o químico Antônio Aprígio.

Redação

2 Comentários

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  1. TPS – THERMOPLSTC STACH

    Vi a matéria no GOOGLE e achei fantático o assunto.

    Gostaria de saber mais sobre este assunto, trabalho com injeção plastica desde a década de 80 e tenho um peso enorme na conciencia a repeito deste assunto. Hoje fabrico pinos para fixação de etiquetas cujo peso é de 0,05gms por péça e contribuo com 4,5 T ao mes poluindo a natureza, pois tenho certeza que todos ou quase vão pro sistema de esgoto ou rios.

    Podemos nos ajudar?

    Pois são nestes produtos que o mal acontece… Ninguém joga geladeira inteira no lixo ou carro.

    Fico no aguardo!!!!

    Att.

    Carlos

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