Estudantes criam dispositivo para facilitar comunicação de pessoas com paralisia

Jornal GGN – Estudantes de engenharia de Cuiabá (MT) estão em vias de concluir um dispositivo eletrônico que pode facilitar a comunicação de pessoas com doenças neurodegenerativas que causam paralisia corporal total ou que tiveram sequelas de acidentes graves. O equipamento inclui um tipo especial de de óculos com uma webcam acoplada que, com ajuda de um software, faz a leitura dos movimentos dos olhos dos pacientes para repassar mensagens a um computador, simulando uma conversa.

Tecnologias parecidas, conhecidas como “eye tracking” [rastreamento do movimento dos olhos], já foram desenvolvidas no exterior, mas a inovação no projeto brasileiro, coordenado pelo estudante de engenharia Guilherme Manfrim Siviero, de 23 anos, está no baixo custo dos materiais utilizados. Para se ter uma ideia, a empresa sueca Tobii Technology, líder no segmento, comercializa dispositivos na faixa de R$ 40 mil a R$ 70 mil no Brasil. A parte física do projeto brasileiro, por sua vez, não ultrapassa o valor de R$ 200.

“As peças são baratas, custam R$ 150, mas com a tecnologia que a gente utilizou fica difícil dar um preço agora porque a gente fez muita inovação”, explica Guilherme, que contou ainda com a colaboração dos colegas de curso Guilherme Buzatto de Souza e Jefferson Douglas de Mello. O projeto foi resultado do trabalho de conclusão de curso dos estudantes do curso de engenharia.

Segundo eles, o projeto foi pensado para vítimas de esclerose lateral amiotrófica, doença neurodegenerativa que ataca neurônios motores e células do sistema nervoso central. É a doença que acomete, por exemplo, o aclamado físico Stephen Hawking. Mas a tecnologia também é adequada para ser usada por pacientes com sequelas de acidentes e com paralisia cerebral. “A família nunca sabe se a pessoa está com fome, com sede, não sabe nada. Esse é um jeito da pessoa se comunicar”, explica.

Stephen Hawking tem esclerose lateral amiotrófica

Como funciona

O software desenvolvido pelos estudantes utiliza o sistema “eye tracking”, no qual o usuário controla o computador com os olhos. O óculos conta com uma webcam de alta definição, que capta o movimento ocular e transmite para a tela do computador. Além disso, o conjunto também possui um tipo de teclado virtual pelo qual o paciente pode formular palavras e frases com os olhos. As informações são repassadas para o computador, que ainda emite as palavras de forma sonora, permtindo uma conversa.

O clique nas teclas do teclado virtual acontece quando o paciente leva o cursor com os olhos até a letra desejada, e pisca sobre ela por dois segundos. Apesar do foco do dispositivo ser a comunicação, também é possível que os usuários naveguem na internet. “Muitas dessas pessoas acabam sofrendo depressão por não conseguirem se comunicar com ninguém”, afirma o estudante coordenador do projeto.


O teclado virtual do software desenvolvido pelos estudantes.

“No começo a gente apanhou muito, achou que não ia conseguir [terminar o projeto] porque não achava nada mesmo. Tivemos que buscar tudo lá fora. Não encontramos nada em português, só livros em inglês e conseguimos ajuda em alguns fóruns, mas agora está praticamente pronto, está muito avançado”, completa o estudante.

Os estudantes agora trabalham para corrigir pequenas falhas, mas garantem que o projeto ficará “100%”. De acordo com eles, já prefeituras interessadas em testar o dispositivo para repassá-los a servidores públicos que sofrem de paralisia.

Com informações do ClicHoje

Redação

2 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. como adquirir o dispositivo de comunicação

    Preciso adquirir esse dispositivo de comunicação para minha mãe, pois ela é portadora da Esclerose Lateral Amiotrofica e já não tem voz ativa mais.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador