A posse do 46º presidente dos EUA, em meio a turbulências e perdas

Biden assume ainda com o país contabilizando mais de 400 mil mortos, sem pompa e circunstância, em uma cidade que lembra zona de guerra após a invasão do Capitólio.

Foto El País

Jornal GGN – Joe Biden tomará posse hoje como 46º presidente dos Estados Unidos. O cenário não é bom. Donald Trump deixará a Casa Branca horas antes da posse de Biden, indo para seu resort na Flórida.

Biden fará o juramento de posse na escadaria do Capitólio, local que foi palco da invasão de apoiadores de Trump há duas semanas e que colocou mais fervura na turbulenta reação promovida por ele. Os ‘terroristas domésticos’ invadiram o prédio em um esforço para anular os resultados da eleição presidencial.

Assume ainda com o país contabilizando mais de 400 mil mortos, sem pompa e circunstância, em uma cidade que lembra zona de guerra após a invasão do Capitólio.

A pandemia já havia tirado da posse o tradicional encontro dos apoiadores do presidente eleito para prestigiar o momento do juramento. Os norte-americanos foram aconselhados a ficarem em casa em esforço nacional para minimizar o risco de propagação da doença.

Trump estará a 1.600 quilômetros de distância de Washington no momento do juramento de Biden, em seu resort no sul da Flórida, Mar-a-Lago. Estará lá, diminuído e furioso, sofrendo um segundo processo de impeachment por ‘incitamento à insurreição’ após o cerco mortal ao Capitólio. Trump amarga um futuro incerto, perde ascendência sobre o partido republicano e está suspenso indefinidamente do Twitter, seu megafone mais poderoso.

Para que Trump volte em 2024 precisará ter um resultado favorável no Senado, no julgamento de impeachment, que correrá nos primeiros dias de sua saída da presidência. O Senado poderá desqualificá-lo para qualquer outra eleição.

A ausência de Trump na cerimônia será uma demonstração final de desrespeito às normas e tradições democráticas, que ele mesmo destruiu ao longo de sua presidência de 1.460 dias. Mike Pence, o vice-presidente que está deixando o cargo, comparecerá à cerimônia para demonstrar apoio a uma transição pacífica de poder.

Biden fará o juramento ao lado de Kamala Harris, que fará história como a primeira mulher do país, a primeira negra e a primeira vice-presidente asiático-americana. Ela será empossada pela juíza Sonia Sotomayor, a primeira hispânica e latina membro da Suprema Corte.

Alguns elementos permanecerão inalterados. Espera-se que Biden faça um discurso inaugural, no qual fará um apelo pela unidade nacional, traçando um forte contraste com a visão sombria da “carnificina americana” conjurada por Trump quatro anos antes. Após seus comentários, Biden continuará a tradição de revisar as tropas.

Mas Biden vai renunciar ao tradicional desfile pela Avenida Pensilvânia. Em vez disso, o comitê inaugural planejou um “Parade Across America” ​​virtual que começará após sua posse.

Na véspera de sua posse, Biden conduziu uma cerimônia de memória no Lincoln Memorial Reflecting Pool em homenagem às 400.000 pessoas que morreram de pandemia de coronavírus. Enfrentar o vírus será a prioridade mais urgente de Biden depois que ele tomar posse.

Com informações do The Guardian.

Redação

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  1. Trump e Bolsonaro participarão da posse de Joe Biden. O Dueto cantará a canção “How can I go on?”:

    How can I go on?
    (Trump e Bolsonaro)

    [Verse 1: Donald Trump]

    When all the salt is taken from the sea
    I stand dethroned, I’m naked and I bleed
    But when your finger points so savagely
    Is anybody there to believe in me
    To hear my plea and take care of me?

    [Chorus 1: Donald Trump]
    How can I go on, from day to day?
    Who can make me strong in every way?
    Where can I be safe, where can I belong?
    In this great big world of sadness
    How can I forget those beautiful dreams that we shared?
    They’re lost and they’re nowhere to be found
    How can I go on?

    [Verse 2: Jair Bostonaro]

    Sometimes I seem to tremble in the dark, I cannot see
    When people frighten me
    I try to hide myself so far from the crowd
    Is anybody there to comfort me?
    Lord, take care of me

    [Chorus 2: Jair Bostonaro]

    How can I go on? (how can I go on?)
    From day to day (from day to day)
    Who can make me strong? (Who can make me strong)
    In every way? (In every way?)
    Where can I be safe? (Where can I be safe?)
    Where can I belong (where can I belong?)

    In this great big world of sadness
    (In this great big world of sadness)
    How can I forget (how can I forget)
    Those beautiful dreams that we shared?
    (Those beautiful dreams that we shared?)
    They’re lost and they’re nowhere to be found
    How can I go on?

  2. Trump tem razão: está apenas começando!

    Seria improvável a um morador da colônia do Império falar de outro assunto na data de hoje, senão a transferência da presidência na metrópole.

    Antes de tratar dos argumentos do texto e dos seus desdobramentos, vamos à algumas observações preliminares.

    Afastemos a percepção nublada e distorcida dos meios de comunicação de massa, preocupadíssimos com as etiquetas da transmissão do cargo, expondo naqueles ridículos infográficos as imagens das outras todas transmissões passadas, exaltando os modos cordiais que refletiam uma democracia vigorosa.

    Primeiro é bom que se diga, ao mesmo tempo que mantêm uma certa urbanidade, vinculada a diversos protocolos, os EEUU foram o país que, reivindicando serem democratas, mais mataram e tentaram matar presidentes na História.

    Ao mesmo tempo, a trajetória de sua “democracia” é sempre parecida com as demais no campo ocidental (e capitalista):

    Mantiveram-se censitárias (só votava quem tinha grana ou propriedades) por um grande tempo, afastaram negros e outros indesejados por outra parcela de tempo, e só recentemente parecem incorporar (muito a contragosto) estes contingentes menos favorecidos.

    Então não nos parece estranho que aquilo que é chamado pelos vira-latas de redação como a “maior democracia do planeta” tenha uma cerimônia de transmissão de cargo da presidência em uma cidade sitiada por 25 mil soldados e policiais, enquanto a população encontra-se trancada pelos efeitos da guerra sanitária que matou 400 mil estadunidenses, ou mais de 100 atentados de 11/09.

    Sim, é só o começo.

    Olhando o histórico recente das eleições nos EEUU, o país parece (e é) um pêndulo, que oscila do conservadorismo mais radical até um conservadorismo de centro (democrata), pois vejamos:

    Depois de Reagan/ Bush Pai, este aqui inaugurando a série war for oil (guerra pelo petróleo), com o primeiro ataque a Saddam Hussein em retaliação a anexação dele do Kwait, veio o moderado Bill Clinton, que apesar de moderado manteve a mesma agenda externa e interna de endurecimento, seja com as catastróficas intervenções na Guerra dos Balcãs, Haiti, etc, ao mesmo tempo que exarcebou toda a base jurídica para a escalada de aprisionamento de pretos e latinos pobres, na versão doméstica de war on drugs (guerra às drogas).

    Para se ter uma ideia da intensidade desta agenda, foi nesta época que nós, os macacos de imitação dos EEUU, aprovamos no governo de FHC (e do nosso então czar anti-drogas, Walter Fanganiello Maierovitch) a maior aberração jurídica que se tem notícia:

    A Lei do Abate (Lei 9614/98), que permite que aviões das FFAA nacionais, após um protocolo de comunicações com aviões invasores do espaço aéreo, atirem e derrubem estas aeronaves, não importando se houver outros passageiros que não tenham vínculos com a atividade ilícita suspeita (drogas), e pior, instituindo a pena de morte no país, sem que sequer haja um devido processo legal para tanto, bastando a pilotos e redes de controle decidirem o se matam ou não o suposto invasor.

    Bem, voltando a vaca fria, depois de Bill, o “pinton”, retorna a dinastia Bush, desta vez com o júnior, e aí a turma neocon (os falcões) tomam conta de cada aspecto institucional da vida dos EEUU, alimentados pela histeria pós 11/09, que casou perfeitamente com os interesses do vice Dick Cheney, conhecido “carinhosamente” como Darth Veider.

    Bush Jr deu lugar a Obama, que apesar de carregar em sua cor de pele as tintas de esperança de alteração do estamento dos EEUU, não foi além do feijão com arroz, possibilitando o surgimento, ou melhor, a eclosão do ovo da serpente, chocado no pós 2008 (crise subprime), o Trump.

    Na verdade, apesar de sentir o momento, e ter uma percepção quase que animal do processo histórico que o cerca, Trump talvez tenha errado na definição do “começo”, porque eu acho que o começo foi bem lá atrás, mas sua sensibilidade em capturar esta narrativa explica boa parte de seu resiliente e enorme capital político.

    E pouco importa se ele será o beneficiário deste capital político, pode ser outra figura, ainda mais bizarra.

    O fato é que estamos em um período de transição, onde as bases materiais do capitalismo que conhecemos, como produção, emprego, geração de renda, indústrias já não conseguem justificar a circulação de enormes quantias de ativos financeiros, senão para lhes dar as últimas gotas de acumulação que serão sorvidas nos centros anti-gravidades dos buracos negros financeiros, a dimensão dos derivativos.

    Um exemplo claro desta etapa, aqui na periferia, foi o fechamento das plantas da Ford, quando esquerda e direita se estapearam nas redes sociais, cada qual demonstrando maior desconhecimento do que de fato está acontecendo.

    O mundo está deixando de ser um mundo físico (das coisas), para se tornar um lugar onde as redes digitais controlam pessoas e sua sociabilidade, ao mesmo tempo que aquilo que era produção de bens (e propriedade) vai perdendo sentido para uma ampla gama de serviços controlada por ativos e fundos financeiros que se movimentam à velocidade dos feixes de luz nas fibras óticas.

    As plataformas de transporte, onde a Uber foi uma das pioneiras, junto com outras plataformas de habitação (Air Bnb, por exemplo), entregas (Ifood e outras), de compras, de busca, produção de entretenimento, etc, etc, etc, se alinham ao oceano de títulos derivados de outros títulos, que por sua vez derivam de outros títulos, e que negociam cada aspecto destas relações.

    Recentemente a água passou a esta categoria de ativo.

    Teremos o ar?

    O tempo?

    Tem um filmizinho muito chinfrim com Justin Timberlake, O Preço do Amanhã, onde o personagem título, e seu par romântico, vivem as voltas em sobreviverem e lutarem contra as elites que criaram um mundo onde todas as pessoas têm a mesma aparência jovem, e não envelhecem após os 25 anos, mas as suas vidas e o tempo de sobrevivência após esta idade, é controlada, vendida e dada aos trabalhadores como horas de sobrevida.

    As punições também consistem em retirar horas de vida.

    Enfim, desde 2008, há o que se costumou chamar de crise, que insiste em manter seus efeitos, mesmo que governos do mundo tenham disponibilizado trilhões de dólares (quantitative easing) aos bancos e aos sistemas financeiros, seja pela aquisição de títulos, seja pela entrega direta mesmo de papel moeda às instituições.

    Parece um poço sem fundo?

    E é.

    Os enormes valores alocados não conseguiram, nem de longe, reestruturar as produções nacionais, gerando dinâmicas econômicas capitalistas eficientes, ao contrário, foram absorvidos pelo mercado financeiro, que “resetou” o sistema e passou ao novo ciclo de alavancagem.

    Neste mundo líquido e de liquidez extrema, nem todos os subsídios do planeta, nem toda boa vontade dos trabalhadores brasileiros em cortar seus salários, enfim, nem todas as facilidades salvariam a Ford do seu destino fatal no país, somente adiariam este desfecho por uns 5 ou 10 anos.

    O resultado direto deste adiamento seria a dilapidação das cidades onde se instala, já que com a diminuição dos salários, com a ampliação dos incentivos, haveria a simultânea escalada da demanda por serviços públicos com a incapacidade dos orçamentos públicos em fazer frente a tal demanda.

    É mais ou menos este o cenário enxergado por Trump, que gostemos ou não, conseguiu dominar todos os cenários, pois vocaliza as reclamações dos deserdados pelo sistema produtivo, e na outra ponta, oferece ao “novo mundo” pós-capitalista a polifonia polarizada ou a histeria verbal necessárias às oscilações permanentes das instituições políticas antigas, e claro, aos fluxos de mercados que se movem especulativamente ao sabor destas idiossincrasias digitais.

    Hoje, os EEUU são a fiel representação (mais uma vez) do mundo:

    Uma suposta racionalidade (que de racional nada tem, apenas é passividade) presa e refém da “Diluição Incorporation”.

    São 400 mil mortos dentro da “maior economia* e democracia” do planeta) e total passividade.

    Guerras sanitárias se somam aos outros flagelos de destruição em massa.

    Quando um presidente, um líder consegue sair ileso e livre deste desastre que não só ele mesmo ajudou a aumentar, como ainda lançou declarações dignas de um psicopata, o fato é que ele apenas simboliza um estranho e mórbido consenso, onde o individualismo social chega a aceitação de que estas mortes sejam “inevitáveis”, como um salto evolutivo, ou como gostam os economistas, destruição criativa.

    Joe Biden é o primeiro presidente prisioneiro da História.

    Até que as presidências deixem de existir como conhecemos.

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