Alberto Fernández se antecipa a Bolsonaro e faz reunião com Putin

Victor Farinelli
Victor Farinelli é jornalista residente no Chile, corinthiano e pai de um adolescente, já escreveu para meios como Opera Mundi, Carta Capital, Brasil de Fato e Revista Fórum, além do Jornal GGN
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Presidente argentino visita o Kremlin onze dias antes que o colega brasileiro, e ainda fará sua próxima escala em Pequim

Alberto Fernández e Vladimir Putin (Foto: Presidência Federação Russa)

Os presidentes da Argentina, Alberto Fernández, e da Rússia, Vladimir Putin, tiveram uma reunião nesta quinta-feira (3/2), na cidade de Moscou, capital do país europeu, na qual conversaram sobre a cooperação estratégica em matéria política, econômica, humanitária e cultural.

Com este encontro, o mandatário argentino se antecipa ao colega brasileiro Jair Bolsonaro, que também tem uma viagem internacional marcada para meados deste mês, e que também terá sua primeira escala em Moscou, no dia 14 de fevereiro.

Além de chegar primeiro, Fernández terá uma viagem mais relevante, já que a segunda parada de sua turnê será em Pequim, onde se reunirá com o presidente chinês Xi Jinping.

No caso de Bolsonaro, a segunda escala da viagem parece ter um tom mais ideológico: visitará a Hungria, do presidente de extrema-direita Viktor Orbán, um dos seus principais (e poucos) aliados internacionais.

Além disso, o encontro de Bolsonaro com o líder russo tem sido tema de discussão do próprio presidente com sua base de apoio, que questiona sua aproximação com um político que eles consideram “comunista”.

Em uma conversa recente, no chamado Cercadinho do Alvorada, o mandatário brasileiro respondeu perguntas dos seguidores a esse respeito, e disse que considera Putin “um conservador”.

Fernández no Kremlin

Durante a reunião, os dois presidentes conversaram sobre o fato de a Argentina ter sido o primeiro país estrangeiro a comprar e a aplicar a vacina russa anticovid Sputnik V, fato que foi valorizado e agradecido por Putin.

Fernández aproveitou o tema para lembrar que a Argentina também está ajudou os russos a levar a Sputnik V a outros países da região, como Paraguai, Peru e Equador, e afirmou que “temos que ver a forma de a Argentina se transformar na porta de entrada da Rússia na América Latina”.

Outro ponto polêmico da visita do presidente argentino a Moscou é que ela acontece em um momento em que seu governo está em negociações com o FMI (Fundo Monetário Internacional) sobre os prazos para o pagamento de uma dívida de cerca de 42,8 bilhões de dólares adquirida durante o governo anterior, de Mauricio Macri.

A controvérsia neste caso tem a ver com a enorme influência que os Estados Unidos exercem sobre o organismo internacional – inclusive, um assessor de Donald Trump, Mauricio Claver, chegou a confessar que o empréstimo foi entregue à Argentina por pressão da Casa Branca, apesar de os técnicos do Fundo terem avaliado negativamente o pedido de crédito por parte da Casa Rosada.

A polêmica se fez ainda mais forte porque Fernández fez declarações sobre os Estados Unidos e o FMI durante sua passagem por Moscou, o que aumentou a sensação de que a viagem teria certo tom de confronto com Washington.

“Estou determinado que a fazer com que a Argentina deixe para trás essa dependência tão grande do FMI e dos Estados Unidos, abrindo caminho para outros acordos, com outros países, e creio que a Rússia pode ser um laço muito importante nesse sentido”, comentou Fernández, antes de embarcar para a China, onde talvez busque mais desses novos laços.

Victor Farinelli

Victor Farinelli é jornalista residente no Chile, corinthiano e pai de um adolescente, já escreveu para meios como Opera Mundi, Carta Capital, Brasil de Fato e Revista Fórum, além do Jornal GGN

1 Comentário

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  1. Argentina peronista tem acordo com China para construção de usina nuclear.
    Já era longa a tradição antiamericana dos hermanos.
    Não ficarão neutros na questão atual sobre hostilidades da OTAN, o que aumenta pressão sobre governo brasileiro.
    É o Atlântico…

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